Itália/Falta de investimento na educação custará US$ 10 trilhões por ano à
economia mundial, adverte Unesco
Bissau, 18 Jun 24 (ANG) - A Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) divulgou segunda-feira (17) um relatório apontando
para as consequências da baixa escolaridade e da falta de políticas educativas
no mundo.
Segundo o documento, os investimentos insuficientes
na educação poderão custar US$ 10 trilhões (R$ 54,1 trilhões) anualmente aos
países.
No relatório
intitulado "O preço da inação", especialistas da Unesco alertaram que
o prejuízo supera o Produto Interno Bruto (PIB) conjunto da França e do Japão,
dois dos países mais ricos do mundo. Segundo a diretora-geral da organização,
Audrey Azoulay, esse será o resultado de um "círculo vicioso" da
"falta de investimento na educação de qualidade".
"As pessoas
com menos formação têm menos competências. Os trabalhadores pouco qualificados
ganham menos. As pessoas com rendas baixas pagam menos impostos, o que
significa que os governos possuem menos recursos para investir em sistemas
educativos acessíveis a todos", explicou Azoulay à AFP.
O relatório
aponta que 250 milhões de menores (cerca de 128 milhões de meninos e 122
milhões de meninas) não frequentaram escolas em 2023. Nos países de baixa e
média renda, entre as crianças de 10 anos que tiveram acesso a aulas, 70% não
conseguem compreender textos simples.
Segundo o
relatório, o déficit de competências atinge 94% na região da África
Subsaariana, 88% no sul e oeste da Ásia, 74% nos países árabes e 64% na América
Latina e no Caribe.
Durante uma
reunião de ministros da Educação na Unesco, em Paris, o presidente chileno,
Gabriel Boric, que co-dirige o Comitê de Alto Nível para uma Educação de
Qualidade para Todos, afirmou que uma educação de qualidade é um recurso para
enfrentar "outros desafios da atualidade, desde a redução da pobreza até
ao combate às mudanças climáticas”.
Já Audrey
Azoulay fez um apelo aos 194 Estados-membros da Unesco para "respeitem o
seu compromisso de transformar a educação de um privilégio numa prerrogativa
para todos os seres humanos em todo o mundo".
Segundo ela, caso os países reduzam em 10 por cento o número de
jovens que abandonam os estudos de forma precoce, o PIB mundial cresceria entre
1por centoi e 2 por cento ano, conclui o documento.
"A educação é um investimento estratégico, um dos melhores investimentos possíveis para os indivíduos, as economias e a sociedade como um todo", salientou Azoulay.
No relatório, a Unesco também ressalta que, para além dos critérios financeiros, a educação também tem impacto na gravidez precoce. O problema é registrado entre 69% de jovens com menor escolaridade, segundo dados compilados pela organização.
Para alcançar o
objetivo de uma educação de qualidade para todos, a Unesco lista dez
recomendações aos países. A primeira delas é a garantia de uma escolaridade
gratuita durante no mínimo 12 anos.
A instituição
também sugere um investimento na primeira infância, de forma que meninos e
meninas tenham acesso à aprendizagem o mais cedo possível. A Unesco também
preconiza programas que ofereçam "uma segunda chance" para que jovens
que tiveram que interromper sua educação possam retomá-la ao longo da
vida.
O relatório destaca ainda a importância de um meio educacional seguro e inclusivo, com uma atenção particular à igualdade de gêneros. "A Unesco também incentiva os Estados a sensibilizarem as comunidades locais e as famílias para a importância de as meninas e os meninos concluírem um ciclo completo de educação e a envolverem os pais nas atividades e na gestão escolar", conclui o documento. ANG/RFI
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