WikiLeaks/ Julian Assange sai da prisão depois de acordo com Estados Unidos
Bissau, 25 Jun 24 (ANG) - O fundador do Wikileaks saiu da prisão, num acordo com a justiça dos Estados Unidos, depois de ter aceitado declarar-se culpado por ter divulgado ilegalmente milhares de documentos confidenciais.
Esta quarta-feira, Julian Assange comparece perante um
tribunal federal das Ilhas Marianas, um território norte-americano no Oceano
Pacífico, para validar o acordo.
"Julian Assange está livre" e deixou a prisão de alta
segurança próxima de Londres, onde estava detido desde 2019, anunciou a
WikiLeaks. O fundador da organização já partiu do Reino Unido, devendo
comparecer na quarta-feira perante um tribunal federal das Ilhas Marianas, um
território norte-americano no Oceano Pacífico.
Na rede social X, o WikiLeaks anunciou que a libertação resulta
de “uma campanha global” que “criou espaço para um longo período de negociações
com o Departamento de Justiça dos EUA, conduzindo a um acordo que ainda não foi
formalmente finalizado”.
A sua esposa, Stella Assange, declarou à BBC que ele será “um
homem livre” assim que o acordo for validado pela justiça americana, precisando
que “há um acordo de princípio entre Julian e o departamento de Justiça”
americana que “deve ser validado por um juiz das ilhas Marianas”.
O fundador do Wikileaks deverá, então, declarar-se culpado de
crime de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações
confidenciais da Defesa nacional dos Estados Unidos, confissão que terá de ser
aprovada por um juiz. Ainda que deva ser condenado a 62 meses de prisão, visto
que ele esteve anos em detenção provisória em Londres, poderá então regressar à
Austrália, o seu país natal.
Assange estava detido em Belmarsh, no leste da capital britânica
desde 2019. Nessa altura, foi detido após sete anos de reclusão na Embaixada do
Equador em Londres, onde estava refugiado para evitar ser extraditado para a
Suécia, onde era acusado de violação, uma acusação que acabou por ser arquivada
no mesmo ano.
Desde então, os Estados Unidos tentavam a sua extradição para o
julgarem pela divulgação de mais de 700 mil documentos secretos, o que
comportava uma possível pena de até 175 anos de prisão. Ele estava acusado de
18 crimes de espionagem e de intrusão informática pela divulgação no portal
WikiLeaks de documentos confidenciais, que em 2010 e 2011 expuseram violações
de direitos humanos cometidas pelo exército norte-americano no Iraque e no
Afeganistão.
O acordo coloca um ponto final numa saga de quase 14 anos e acontece duas semanas antes de a justiça britânica ter agendado, para 9 e 10 de Julho, a análise do recurso de Assange da ordem de extradição do Reino Unido para os Estados Unidos, aprovada em Junho de 2022. O recurso deveria avaliar se, enquanto cidadão estrangeiro, ele poderia beneficiar da protecção da liberdade de expressão no sistema jurídico americano.ANG/RFI
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