sexta-feira, 15 de março de 2024

Angola/ "Está-se a assistir a uma 'desocidentalização' do desenvolvimento económico mundial", diz economista angolano

 

Bissau, 15 Mar 24(ANG) - O Presidente angolano iniciou nesta sexta-feira 3 dias de visita oficial à China, com na sua agenda uma renegociação da dívida de Luanda para com Pequim. De acordo com João Lourenço, essa dívida que ascende atualmente a cerca de 17 mil milhões de dólares, viu desde já alguns dos seus termos serem revistos no âmbito desta deslocação.

Contraída depois do fim da guerra civil para financiar o vasto esforço de reconstrução de Angola, a dívida junto a China chegou a ser garantida com a produção de petróleo. Contudo, no ano passado, o executivo de João Lourenço que há muito preconizava novos termos para esta dívida, indicou que ela tinha deixado de ser condicionada pela produção de petróleo.

Com a crise gerada pelo covid, Angola beneficiou também de uma moratória de dois anos no pagamento da sua dívida com a China, esta moratória tendo entretanto chegado ao fim.

A deslocação oficial de João Lourenço decorre igualmente poucos meses depois de Angola assinar no final do ano passado uma série de acordos económicos com os Estados Unidos, nomeadamente no que tange ao corredor do Lobito sobre o qual Pequim se tinha posicionado. Isto não deixa de constituir um "irritante", sublinha o economista Alves da Rocha, director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola.

RFI: Em que fase estão as relações entre Angola e a China?

Alves da Rocha: Vão permanecer alguns "irritantes" entre Angola e a China, que toda a gente sabe quais foram. Houve projetos que a China tinha já em conta a execução ser sua. O que não aconteceu. Os Estados Unidos agora entraram em força e muita gente julga que esta entrada dos Estados Unidos tem a ver com investimento americano em Angola, nomeadamente na questão das novas energias e no solar. Mas não é bem assim. O que os Estados Unidos estão a fazer são empréstimos a Angola, não são investimentos diretos. O grosso tem a ver com linhas de crédito e com empréstimos que Angola vai ter que pagar, contando para isso que de facto estes projetos possam ser rentáveis e gerar algum valor agregado. Eu acho que de facto, a aposta de Angola em termos de cooperação internacional, até atendendo a que a atual Rosa-dos-ventos da geopolítica mundial não aponta para os Estados Unidos. Continuam a ser, evidentemente, da maior potência económica do mundo. A China, dentro de algum tempo, tirará esse lugar aos Estados Unidos, eu estou convencido, ainda que a dinâmica de crescimento da economia chinesa seja hoje menor do que foi no passado, o que é absolutamente natural. As economias não podem crescer durante 100 anos ou durante 50 anos a taxas de 10% ou 15%, ou 20%. Eu acho que, do ponto de vista político e do relacionamento internacional, aquilo que se está a passar no mundo e que muitos analistas políticos e cientistas políticos começam a recear uma guerra mundial, é que temos, de um lado potências nucleares -estou a falar da China e estou a falar da Rússia- e Angola foi se colocar ao lado dos Estados Unidos. Eu creio que foi uma má aposta, do meu ponto de vista. Eu não tenho todos os dados para fazer afirmações peremptórias, mas eu creio que o futuro económico do mundo não está nos Estados Unidos nem na Europa. O futuro económico do mundo está nos BRICS e os BRICS estão a arrastar algumas economias africanas a economias importantes. E, portanto, eu já tenho assinalado que, de há uns dez anos, 15 anos a esta parte, está-se a assistir a uma "desocidentalização" do desenvolvimento económico mundial. E esta ocidentalização vai crescer no futuro. A China tem, de facto, um modelo de desenvolvimento que tem permitido retirar da pobreza dezenas e dezenas de milhões de cidadãos chineses, criar uma classe média rica importante e disputar franjas do mercado internacional. Portanto, eu creio que este assunto também, julgo eu, deve fazer parte destas discussões entre João Lourenço e Xi Jinping. Mas confesso-lhe que, nas atuais condições de existirem alguns "irritantes" entre a China e Angola, não vai haver grandes hipóteses de aumentar o investimento direto chinês em Angola.

RFI: Voltando um pouco atrás relativamente àquilo que mencionou, a renegociação da dívida de Angola para com a China, até que ponto é que ela de facto pesa sobre a economia angolana? 

Alves da Rocha: O impacto da dívida pública à China é o mesmo que o impacto da dívida pública de Angola ao FMI, da dívida pública de Angola à França, da dívida pública de Angola a Portugal. Portanto, eu acho que vocês aí no Ocidente têm um "parti pris" qualquer contra a China, a dívida pública externa de Angola face à China. Eu creio que estará no momento em 18, 19 mil milhões de dólares e já esteve nos 30 ou nos 40 mil milhões de dólares. Angola tem vindo a amortizar a sua dívida pública externa face à China. Portanto, não vale a pena estar a pisar demasiado nos efeitos que a dívida pública externa de Angola à China pode ter. Os efeitos são idênticos aos efeitos que Angola tem e está a sofrer de ter dívidas públicas, sobretudo públicas, perante a União Europeia, perante Portugal, perante a França, perante o Reino Unido, perante os Estados Unidos. é exatamente a mesma coisa. É um peso sobre o orçamento, como são as outras dívidas públicas. Como deve saber, a China, devido justamente aos problemas que surgiram com o covid, deu uma moratória de dois anos a Angola, no sentido de aliviar o peso do serviço da dívida pública à China sobre o Orçamento Geral do Estado. Porque se é uma dívida pública, é o orçamento que tem que a pagar. Deu essa moratória. A moratória acabou, como acabou relativamente ao FMI, relativamente ao Banco Mundial. Estas moratórias acabaram e, agora, Angola tem que por si só arranjar forma de pagar as dívidas, limpar todos esses aspectos que influenciam negativamente o crescimento económico, reorganizar as componentes que fazem parte do clima de negócios e a atracção do investimento privado estrangeiro. E é por aí onde a gente tem que ir. Temos planos de desenvolvimento económico, onde realmente o peso da dívida está perfeitamente contemplado e perfeitamente calculado. Mas devo dizer que já no Orçamento Geral do Estado deste ano, estas matérias foram objeto de reconfiguração. E devo dizer que aquilo que mais nos aflige não é a dívida pública externa perante a China, porque nós temos capacidade de a pagar. O que mais nos aflige neste momento é a falta de competitividade da economia angolana e a questão da diversificação da nossa economia e é o facto de dependermos ainda muito do que acontece no mercado internacional de petróleo. Continuamos a ter uma dependência doentia do comportamento do mercado petrolífero internacional. Claro que era melhor não ter dívida. Claro que há problemas relacionados com a forma como Angola aplicou os empréstimos da China. Recorrentemente vem à baila 'a qualidade das obras públicas', que 'no fundo, foram executadas por empresas chinesas'. Há obras públicas executadas pelos chineses, que são excelentes. Há obras públicas que são más. Mas isso também se passa com os brasileiros e também se passa com os portugueses. Portanto, neste momento e dado até o passado de relações políticas entre Angola e a China, eu creio que hão de se encontrar formas, se for esse o caso e seguramente é, porque a dívida pública externa à China é aquela que tem maior peso no cômputo global da dívida pública externa de Angola. E todo o alívio que for por aí conseguido naturalmente que é bem-vindo. 

RFI: Nas circunstâncias que mencionou com o "irritante" que aconteceu recentemente entre Angola e a China devido aos acordos concluídos com os Estados Unidos, julga que a China estará com disposição para facilitar precisamente uma negociação relativamente à dívida? 

Alves da Rocha: Naturalmente que não somos só nós, pessoas, os humanos, que nos irritamos com determinados acontecimentos. Ao nível da política também há "irritantes". E quem inventou este termo até foi, penso que ainda o atual presidente da Assembleia Nacional Portuguesa. Estas coisas acontecem. E repare que a China já mostrou que está de facto irritada com estes "irritantes". E uma forma de o manifestar foi o atraso da nomeação do embaixador da China em Angola que a China esteve, creio, que dois meses sem um representante diplomático em Angola. E trata-se, tanto quanto julgo saber, de projetos que envolviam empresas chinesas e que envolviam financiamentos chineses que já tinham sido acordados e a China foi pontapeada para fora. Ora, em política também há "irritantes". Agora, o que é que se pode passar com estes "irritantes" ? Não sei. Isso depende da habilidade diplomática de Angola, se é que essa é uma das suas pretensões. Ver de que maneira que o peso excessivo da dívida e do serviço da dívida pública externa chinesa tem na nossa manobra económica e na nossa manobra financeira. De que maneira é que a diplomacia angolana pode efetivamente ultrapassar estes "irritantes"? Não sei. Isso já são os diplomatas. Eu não sou diplomata. O que lhe posso dizer em definitivo e para finalização de conversa, é que estudos que nós temos vindo a fazer no meu Centro de Estudos sobre a presença chinesa em África, não apenas em Angola, e apesar dos vários defeitos e das várias críticas que são feitas aos empreendimentos que a China tem em Angola, eu devo dizer que muitos angolanos, empresários e investigadores, passaram a preferir a cooperação económica com a China, em vez da cooperação económica, por exemplo, com a União Europeia que, ela, já existe há muitos anos e que nunca deu nada. Portanto, é altura de África e os países africanos repensarem a geografia da cooperação económica internacional. ANG/RFI

Portugal/Eleições na Rússia arrancam com Putin sem oposição para quinto mandato

Bissau, 15 Mar 24(ANG) – A Rússia realiza entre hoje e domingo eleições presidenciais, nas quais é esperada a recondução de Vladimir Putin para um quinto mandato presidencial até 2030, face à ausência de oposição independente, controlo de informação e o espetro da manipulação.


Segundo a Comissão Eleitoral Central, 112,3 milhões de eleitores são chamados a votar nos próximos três dias na Rússia e também nas regiões ocupadas na Ucrânia e na península ucraniana da Crimeia anexada, a que se somam 1,9 milhões no estrangeiro.

Esta é a primeira vez que as presidenciais russas se desenrolam em três dias, o que tem sido observado pelos analistas como um instrumento potencial de manipulação eleitoral, adicionando-se também a estreia da possibilidade de votação ‘online’ em 29 regiões e o aumento do risco de um controlo mais apertado através dos serviços de informações (FSB).

As eleições são vistas como uma mera formalidade com um vencedor antecipado, tendo sido autorizadas apenas candidaturas classificadas como amigáveis em relação ao Kremlin (presidência): Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, Leonid Slutsky, do nacionalista Partido Liberal Democrata, e Vladislav Davankov, do Novo Partido Popular.

Em 16 de fevereiro, o mais conhecido líder da oposição russa, Alexei Navalny, cuja tentativa de concorrer contra Putin em 2018 foi rejeitada, morreu repentinamente na prisão em circunstâncias pouco claras enquanto cumpria uma pena de 19 anos por acusações de extremismo.

Menos de uma semana depois, o Supremo Tribunal da Rússia rejeitou um recurso do opositor Boris Nadezhdin, que se manifesta abertamente contra a guerra na Ucrânia, após a deliberação da Comissão Eleitoral Central que recusou a sua candidatura por irregularidades processuais.

A própria candidatura de Putin está envolta numa teia de suspeição, após o Presidente russo ter sido acusado de violação da lei, ao avançar com a reforma constitucional para abrir caminho à sua reeleição por mais seis anos.

Em 2018, Putin venceu na primeira volta com 77,7%, deixando a larga distância os outros candidatos, num ato eleitoral que teve uma participação registada de 67,54%, embora observadores e eleitores individuais tenham relatado violações generalizadas, incluindo enchimento de urnas e votações forçadas.

Nos últimos anos, o parlamento introduziu legislação cada vez mais opressiva que restringiu a liberdade de expressão. A grande maioria dos meios de comunicação independentes russos foi proibida e qualquer pessoa acusada de espalhar o que o Governo considere ser “informação deliberadamente falsa” sobre a invasão da Ucrânia pode ser presa e condenada até 15 anos.

Estas presidenciais podem ser também vistas, segundo vários observadores, como um plebiscito interno de Putin para reforçar o apoio interno à invasão da Ucrânia, que custa ao Estado acima de 30% em gastos no setor da defesa, levando o Presidente russo a tentar tranquilizar a população no sentido de que a despesa social não está ameaçada.

A oposição vê, pelo seu lado, a votação como uma oportunidade para demonstrar a escala do descontentamento. Após a morte do marido na prisão em fevereiro, Yulia Navalnaya tem seguido os seus passos de contestação ao Kremlin e apelou aos russos para contestarem Putin, propondo que votem em qualquer candidato menos nele, deixem um voto nulo ou escrevam Navalny em letras grandes no boletim de voto.

Para domingo, está agendado o protesto internacional "Meio-dia contra Putin", um apelo da oposição que convida os cidadãos russos, na Rússia e no estrangeiro, a deslocarem-se às respetivas assembleias de voto ao meio-dia do último dia das eleições presidenciais “para expressarem uma posição coletiva contra a atual situação política”.

A Embaixada da Rússia em Lisboa disponibilizará uma mesa de voto nas suas instalações para permitir o voto nas eleições presidenciais entre as 08:00 e as 20:00 de domingo.

ANG/Inforpress/Lusa

 

     Senegal/Libertados opositores  a 10 dias das eleições presidenciais

Bissau, 15 Mar 24 (ANG) – O líder da oposição do Senegal, Ousmane Sonko, e o candidato presidencial Bassirou Diomaye Faye foram libertados esta quinta-feira da prisão, no âmbito de uma lei de amnistia para os detidos por atos políticos.

El Malick Ndiaye, porta-voz do Patriotas do Senegal, partido dissolvido pelas autoridades no ano passado, disse na rede social X que ambos os dirigentes tinham saído da prisão de Cap Manuel, na capital, Dacar.

Automóveis e pessoas a agitar bandeiras senegalesas encheram a estrada de acesso à prisão, cantando "Nós amamos Sonko", de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).

Uma multidão reuniu-se também perto da casa de Sonko, de 49 anos, noutro bairro da capital, a poucos quilómetros de distância.

Duas horas depois, Bassirou Diomaye Faye agradeceu "o apoio e a solidariedade" e anunciou a realização de uma conferência de imprensa esta sexta-feira.

Sonko estava detido desde Julho, acusado de "apelos à insurreição e conspiração" contra o Estado, algo que o obrigou a retirar-se da campanha presidencial, tendo Diomaye Faye sido apresentado como o "plano B" e aceite.

Isto apesar de Diomaye Faye estar detido desde Abril de 2023, acusado de desacato ao tribunal, difamação e atos susceptíveis de comprometer a paz pública, após ter criticado os juízes que condenaram Sonko.

O presidente do Senegal, Macky Sall, promulgou em 6 de Março a lei de amnistia aos detidos por atos políticos ocorridos desde 2021 e 2024, no meio de uma crise política.

Os senegaleses deveriam ter ido às urnas em 25 de Fevereiro, mas em 3 de Fevereiro, mesmo antes do início da campanha, Macky Sall adiou a votação por 10 meses.

A decisão originou manifestações que fizeram quatro mortos e um confronto entre o chefe de Estado, a Assembleia Nacional e o Conselho Constitucional.

Macky Sall acabou por recuar e marcar as eleições para 24 de Março.

A batalha das últimas semanas pôs à prova o apego do país à democracia, que tem sido fustigada por uma sucessão de golpes de Estado noutros pontos da região. ANG/Angop

Egipto/Presidente  esperançado num cessar-fogo "dentro de alguns dias"

Bissau, 15 Mar 24 (ANG) - O Presidente egípcio, Abdelfatah al-Sisi, manifes
tou-se hoje esperançado de que seja possível alcançar um acordo de cessar-fogo em Gaza em breve, após mais de cinco meses de combates entre Israel e o Hamas.

"Esperamos que dentro de alguns dias, no máximo, se chegue a um cessar-fogo e que não haja desenvolvimentos negativos que possam afetar ainda mais a situação", disse Al-Sisi, ao discursar numa cerimónia para os novos alunos da academia de polícia.

O Egipto, que tem uma fronteira com Gaza entre a Península do Sinai e a cidade palestiniana de Raffah, está a mediar as negociações com o Qatar e os Estados Unidos.

"Cinco meses é muito tempo para tanta violência", disse o líder egípcio, citado pela agência espanhola EFE.

A guerra em curso foi desencadeada pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita, em 07 de Outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Israel.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar contra a Faixa de Gaza que matou mais de 31.300 pessoas até quinta-feira, segundo as autoridades do enclave governador pelo Hamas desde 2007.

"Estamos a fazer todos os esforços sinceros e fiéis para chegar a um cessar-fogo na Faixa de Gaza para proteger e salvar a nossa família em Gaza, especialmente os civis inocentes", afirmou o líder egípcio.

Al-Sisi disse que o Egipto está a tentar permitir que as pessoas que se amontoam em Rafah "se desloquem para os seus lugares no centro e no norte" do enclave, um dos pontos do projeto de cessar-fogo.

O Hamas anunciou na quinta-feira à noite uma nova resposta às negociações alcançadas através de mediadores no Egipto e no Qatar.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, confirmou ter recebido uma "visão global de um acordo de tréguas" proposto pelo Hamas, mas considerou que as exigências do grupo continuavam a ser irrealistas, segundo um comunicado do Governo.
Al-Sisi disse também que os números avançados para a reconstrução da Faixa de Gaza "são assustadores", além dos anos que serão necessários para o processo.

O líder egípcio estimou, na semana passada, que a reconstrução de Gaza custaria mais de 90 mil milhões de dólares (82,5 mil milhões de euros, ao câmbio atual).

O reconhecimento internacional do Estado da Palestina, "apesar da crise e da grande miséria, seria a nossa consolação", acrescentou Al-Sisi.

Esperava-se um acordo sobre as tréguas antes do início do mês sagrado muçulmano do Ramadão, que começou no dia 11, mas as partes não chegaram a um consenso.

As exigências do Hamas, sobretudo o fim definitivo da guerra chocam com as de Netanyahu, que continua a proclamar a "vitória total" sobre o grupo islamita como o principal objetivo da guerra.

Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista. ANG/Angop

 

quinta-feira, 14 de março de 2024


Caso 6 bilhões
/PAIGC considera manutenção de antigos governantes na prisão de “Ilegal e abusiva”

Bissau, 14 Mar 21 (ANG) – O Partido Africano da Independência de Guiné e Cabo Verde (PAIGC), insurgiu-se esta quinta-feira contra a manutenção dos antigos governantes, Suleimane Seidi e António Monteiro nas celas.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do partido, Muniro Conté diz serem “Ilegal e abusiva” a manutenção dos dois na prisão, no âmbito do Caso seis bilhões cujo o julgamento foi adiado “sine die” ,na segunda-feira.

“O PAIGC, na sequencia de vários pronunciamentos através do seu presidente Domingos Simões Pereira, e alguns dirigentes do partido, considera a detenção dos dois governentes de ilegais e abusiva, violando prazos e atos processuais recomendáveis e convencionados num Estado de Direito Democrático, onde o primado da lei e da justiça deve prevalecer”, disse Conté.

Passados 100 dias, o ex-ministro da Economia e Finanças,Suleimane Seidi e António Monteiro, antigo Secretário de Estado do Tesouro ainda permanecem detidos e os advogados dos dois dizem que o processo tem mãos ocultas ou seja recebe o chamado “Ordem Superior”, e Muniro Conté diz que o processo tem “cariz político”.

“O processo  tem cariz e motivações mais políticas, com a aplicação de medidas de sanções diferentes para casos iguais”, sustenta o porta-voz da maior força política nacional.

Para Muniro Conté , não existe nenhuma jurisprudência sobre a tipologia de crime, derivado de uma operação de pagamento de dividas contraídas ao Estado, agravada com o facto de o Ministério das Finanças continuar a efetuar pagamentos similares, sem que o advogado de Estado  tenha efetuado alguma diligência. “Este facto vem configurar uma justiça selectiva”, sustenta Conté.

Os dois foram acusados da prática, em co-autoria, dos crimes de abuso de poder, violação de normas de execução orçamental, peculato e fraude fiscal, tendo António Monteiro sido ainda acusado, de forma isolada, do crime de participação económica em negócio.

Em causa está a contracção de um empréstimo bancário  de seis biliões de francos cfa  para pagamento de dívidas do Estado a 11 empresários.

A nova data de julgamento de  Suleimane Seidi e António Monteiro só pode ser conhecida depois de o Supremo Tribunal de Justiça, nas vestes de Tribunal Constitucional, pronunciar sobre o “Incidente de Inconstitucionalidade” requerido pelo coletivo de advogados dos dois. ANG/LLA//SG         

                     Cultura/ "Nome" estreia nos cinemas franceses

Bissau, 14 Mar 24 (ANG) – O filme de Sana Na N'Hada, “Nome, que havia tido estreia mundial na mostra ACID, à margem do festival de cinema de Cannes, em Maio, estreou nos cinemas em França, na quarta-feira(13).

O realizador misturou os seus arquivos da luta de libertação com uma ficção cuja intriga decorre desde os finais dos anos 60 até aos primeiros anos da independência da Guiné-Bissau.

O conceituado vespertino "Le Monde" diz da terceira longa metragem de Sana Na N'Hada que é um filme "revolucionário" e, mesmo, uma "obra prima".

O cultural "Les Inrockuptibles" fala em "obra prima" enfatizando que Sana Na N'Hada é um daqueles cineastas que contam a sério na sétima arte.

O filme estreou tanto em Paris, como nos subúrbios, e mesmo noutras cidades, caso de Pau, no sudoeste da França.

A longa metragem, de praticamente duas horas, esteve em cartaz no início do mês em Bissau no Centro cultural franco Bissau-Guineense.

"Nome", é assim que se chama, também, o protagonista do filme.

Ele acaba, em 1969, por se juntar ao PAIGC, Partido africano para a independência da Guiné e Cabo Verde.

Dos ideais da luta contra o exército colonial português sucede-se a ganância do protagonista, nos primórdios da independência.

Segundo a RFI, o filme tinha causado sensação no encerramento da mostra ACID, à margem do Festival de cinema de Cannes, e Sana tinha se regozijado com o acolhimento  da obra e com o interesse que esta suscitou junto dos espectadores

“O tema do filme é o que ganhámos, o que nos custou em suor e sangue a luta e o que é que fazemos da independência ?”, disse Sana Na N'Hada .

A estreia francesa do filme versando sobre a luta de libertação da Guiné-Bissau coincide com a inauguração ,na terça-feira, de uma exposição, em Bissau, consagrada ao maior vulto do movimento, Amílcar Cabral.

A exposição está patente ao público nas instalações do Instituto nacional de estudos e pesquisa, até Setembro.

No entanto até ao momento a obra e o legado do idealizador da independência continua ausente dos currículos escolares. Em declarações à agência Lusa o ministro da educação Herry Mané promete levar o assunto a Conselho de ministros para rever a situação.

Infelizmente não está no currículo escolar. Vamos é convencer o Conselho de Ministros trabalhando com o INEP, que tem todo o dossier, toda a história política e social de Amílcar Cabral, para que seja introduzida nas escolas a história da Amílcar Cabral e a história da própria Guiné-Bissau: a história da luta de libertação nacional”, disse Herry Mané. ANG/RFI

 

 

Economia/Compra de moedas de quinta-feira 14 Mar 2024

MOEDAS

COMPRA

VENDA

Euro

655,957

655,957

Dollar us

596,250

603,250

Yen japonais

4,025

4,085

Livre sterling

764,500

771,500

Franc suisse

679,000

685,000

Dollar canadien

441,750

448,750

Yuan chinois

82,500

84,250

Dirham Emirats Arabes Unis

161,750

164,750

Fonte:BCEAO

Guerra Gaza-Israel/EUA garantem que há proposta de acordo forte para cessar-fogo

Bissau, 14 Mar 24 (ANG) - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken
, revelou , quarta-feira, que está em cima da mesa uma proposta de acordo forte para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde continua a guerra entre Israel e o Hamas.

"A questão é: o Hamas irá aceitá-lo? O Hamas quer acabar com o sofrimento que causa?", questionou o chefe da diplomacia norte-americana, durante uma conferência de imprensa.

Blinken acrescentou que Washington está a trabalhar intensamente todos os dias com o Qatar e o Egipto para fechar um acordo que possa libertar os reféns, bem como para uma ajuda sustentável a longo prazo para o enclave.

O governante norte-americano também instou Israel a abrir "tantos pontos de acesso quanto possível" para fornecer ajuda à população.

"O corredor marítimo não substitui as rotas terrestres, que continuam a ser as mais críticas", lembrou.

O Comando Central dos Estados Unidos no Médio Oriente (Centcom) anunciou quarta-feira um novo lançamento aéreo de assistência humanitária no norte de Gaza, "para fornecer ajuda aos civis afetados pelo conflito em curso".

"A operação conjunta incluiu duas aeronaves C-130 e um C-17 Globemaster III da Força Aérea dos Estados Unidos e soldados do Exército especializados na entrega aérea de suprimentos de assistência humanitária", explicou, num comunicado na rede social X.

Especificamente, os aviões dos EUA lançaram mais de 35.700 pacotes de alimentos e cerca de 28.800 garrafas de água.

"Esta foi a primeira vez que um C-17 foi usado para entregar ajuda desde que o lançamento aéreo começou em 02 de Março", sublinhou ainda.

Blinken indicou ainda que conversou na terça-feira com familiares de Itay Chen, depois de o Exército israelita ter relatado a morte do jovem de 19 anos, contabilizado como um dos reféns levados para a Faixa de Gaza em 07 de Outubro, e que foi morto nesse dia e o seu corpo continua retido pelo Hamas.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de Outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 31 mil mortos e mais de 73.000 feridos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.

Desde então, outras 420 pessoas terão sido mortas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças de segurança e por ataques de colonos israelitas.

A ONU denunciou quarta-feira que o número de crianças mortas pelos bombardeamentos em Gaza é superior ao número de crianças mortas em todas as guerras dos últimos quatro anos. ANG/Angop

 

 

ONU/Mortalidade infantil no Mundo está a diminuir, mas UNICEF alerta para riscos persistentes

Bissau, 14 Mar 24 (ANG) - Um relatório da UNICEF publicado na terça-feira sobre mortalidade infantil indica que em média, em 2022, terão morrido no Mundo cerca de cinco milhões de crianças com menos de cinco anos, um número inferior a 2020.

No entanto, esta organização avisa que a maior parte das mortes que ainda ocorre na mais tenra infância acontece em África e na Ásia e tem como principal causa a falta de cuidados neonatais.

O facto de a mortalidade infantil até aos cinco anos estar a diminuir drasticamente no Mundo em geral é uma boa notícia, tendo em conta que no ano 2000, a taxa de óbitos era de 51%.

 

A UNICEF estima no relatório lançado na terça-feira que em 2022, terão morrido entre 4,6 milhões a 5,4 milhões de crianças com menos de cinco anos, o número mais baixo desde que estes estudos começaram a ser levados a cabo, mas deixa vários alertas e diz que os progressos feitos a nível mundial são "precários".

Desde logo, o impacto da mortalidade infantil é desigual. Há duas regiões no Mundo onde morrem muito mais crianças: a África Sub-sahariana e o Sudeste Asiático. Só nestas duas regiões foram recenseados 82% de todas as mortes de crianças com menos de cinco anos em 2022. A UNICEF aponta como principal razão a falta de cuidados neonatais.

Outros riscos que contribuem para estas estatísticas são a falta de vacinação e o diagnóstico precoce de doenças comuns na infância.

Assim, a UNICEF pede um maior investimento em profissionais de saúde não só nos países mais pobres, mas também nos países com rendimentos médios, onde há muita desigualdade social. Estes profissionais devem ter uma visão local e estar estabelecidos nas comunidades, atuando logo nos primeiros 28 dias após o nascimento. Esta intervenção precoce podia ter salvo mais 150 milhões de crianças desde 2000.

Ainda segundo este relatório, crises como a covid-19 e conflitos armados contribuem também para a desigualdade da mortalidade infantil no Mundo. Em caso de guerra, segundo a UNICEF, as crianças até aos cinco anos estão entre as vítimas em maior número. ANG/RFI

 


         
Países Baixos
/ Extrema-direita não consegue formar Governo

Bissau, 14 Mar 24(ANG) - O líder de extrema-direita Geert Wilders desiste da chefia do Governo nos Países Baixos, por falta de apoio dos partidos com os quais tentou formar uma coligação.

Quase quatro meses após a vitória eleitoral da extrema-direita nas legislativas, Geert Wilders desiste de chefiar o executivo neerlandês. O político islamofóbico não conseguiu o apoio dos partidos com os quais tentava uma coligação.

No início desta semana, esteve em negociações com os líderes do Partido Popular para a Liberdade e a Democracia, de centro-direita, do populista Movimento dos Cidadãos Agricultores e do centrista Novo Contrato Social.

Geert Wilders falou num “resultado injusto e antidemocrático”, reconhecendo que que para chefiar o executivo é necessário “o apoio de todos os partidos, o que não foi o caso”.

O anúncio surge depois de alguns órgãos de comunicação terem avançado que as negociações estavam no bom caminho e que poderiam levar à formação de um Governo de tecnocratas que Geert Wilders não seria capaz de liderar.

O último Governo de “tecnocratas” nos Países Baixos data de 1918, mas o conceito é familiar a outros países europeus, nomeadamente à Itália.

Em Novembro do anos passado, Geert Wilders surpreendeu os Países Baixos e o resto da Europa ao obter uma grande vitória nas eleições legislativas , com um discurso antieuropeu e islamofóbico.

Todavia, num sistema político altamente fragmentado, onde nenhum partido é suficientemente forte para governar sozinho, o anúncio dos resultados anunciava longos meses de negociações. A composição do próximo governo holandês continua por determinar, mas espera-se que Geert Wilders proponha um primeiro-ministro para substituir Mark Rutte. ANG/RFI

 

ONU/PNUD alerta para ascensão "extremamente preocupante" do populismo

Bissau,14 Mar 24(ANG) - O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alertou hoje para a ascensão "extremamente preocupante" do populismo no mundo, que está a dividir cada vez mais as sociedades e a radicalizar o discurso político.

"Estamos a ver em muitos países ao redor do mundo um nível crescente de polarização e a emergência do populismo como uma resposta que está a dividir cada vez mais as sociedades, a radicalizar o discurso político e, essencialmente, a colocar cada vez mais pessoas umas contra as outras dentro dos países", observou o administrador do PNUD, Achim Steiner, numa conferência de imprensa em Nova Iorque, onde apresentou as conclusões do "Relatório de Desenvolvimento Humano 2023/24".

"E isto em si não é algo novo para vocês (jornalistas), mas a forma como estamos a observar isto acontecer, num nível e com uma continuidade e um crescimento exponencial, é extremamente preocupante", avaliou.

Além de apontar que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) atingiu máximos históricos em 2023, apesar do progresso "profundamente desigual" entre países ricos e pobres, o relatório constatou ainda que o avanço da ação coletiva internacional está a ser dificultado por um emergente “paradoxo da democracia”.

Ou seja, enquanto nove em cada 10 pessoas em todo o mundo apoiam a democracia, mais de metade dos inquiridos no levantamento global manifesta apoio a líderes que podem prejudicá-la ao contornar regras fundamentais do processo democrático.

"O que também temos visto é que - e esta é uma tendência em constante crescimento, e pela primeira vez em inquéritos em todo o mundo - , ultrapassou-se a marca de 50% de pessoas dispostas a eleger líderes populistas, com agendas populistas, que na verdade representam o risco de minar os próprios fundamentos da democracia, frisou Steiner.

"O populismo está em ascensão em muitos países. Está a dividir e a polarizar os países e não só está a criar maiores tensões nas sociedades, como também começa a impulsionar a agenda internacional e geopolítica", salientou ainda. 

Depois de uma pandemia como a da covid-19, que abalou o mundo e que evidenciou as interdependências globais, agora seria o momento, segundo o administrado do PNUD, para o mundo estar altamente concentrado em desenvolver a sua capacidade coletiva de agir, apesar de todas as diferenças.

Mas isso não está a acontecer, de acordo com o relatório.

"A polarização e o populismo, a virada para dentro, as respostas de foco interno, fazem com que o seu vizinho se torne o seu inimigo. É no aumento dos orçamentos de defesa que se mede o aumento da segurança quando, na verdade, estamos a desinvestir nos meios de cooperação que eliminariam o grande risco para o futuro do desenvolvimento e, portanto, para a segurança humana", advogou.

Face às conclusões do relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou que as divisões estejam a aprofundar-se num momento em que a cooperação é cada vez mais crítica.

"Vivemos numa era de polarização. Entre as comunidades e entre regiões, as pessoas estão a ser afastadas pelo aumento da desigualdade, pela escalada de conflitos e por choques climáticos recordes. A desinformação e a quebra de confiança estão a dilacerar o tecido social e a reduzir o espaço para um discurso público significativo", assinalou o líder das Nações Unidas.

Guterres lamentou ainda o "impacto devastador" da polarização no desenvolvimento sustentável, defendendo que a melhor esperança para o futuro é combater a retórica que divide e "destacar o terreno comum" que une a maioria das pessoas em todo o mundo. 

O ex-primeiro-ministro português apontou a Cimeira do Futuro, a realizar-se em setembro na sede da ONU, em Nova Iorque, como o fórum para abordar todas essas questões. ANG/Inforpress/Lusa

 

          RDC/ ONU diz que lida com crise humanitária sem precedentes

Bissau, 14 Mar 24 (ANG) - A escalada de violência no leste da República Democrática do Congo (RDC) provocou a deslocação de pelo menos 250 mil pessoas em Fevereiro, afirmou quarta-feira um alto funcionário da ONU, descrevendo a situação como uma crise humanitária sem precedentes.

"É realmente de partir o coração (e) o que vi é uma situação verdadeiramente horrível", disse quarta-feira à Associated Press (AP) Ramesh Rajasingham, diretor de coordenação do gabinete humanitário da ONU.

O resultado é uma das maiores crises humanitárias do mundo, com cerca de 7 milhões de pessoas deslocadas, muitas delas fora do alcance da ajuda.

Longe da capital do país, Kinshasa, a região leste da RDC é há muito palco de ações armadas de mais de 120 grupos armados que lutam por uma parte do ouro e de outros recursos naturais da região, ao mesmo tempo que efetuam assassínios em massa.

Rajasingham visitou a cidade de Goma, onde muitos estão a refugiar-se.

"Um número tão elevado de pessoas deslocadas em tão pouco tempo não tem precedentes", afirmou.

No meio da intensificação dos combates com as forças de segurança, o grupo rebelde M23 - o mais dominante na região, com alegadas ligações ao vizinho Rwanda - continuou a atacar aldeias, obrigando muitos a fugir para Goma, a maior cidade da região, cuja população, estimada em 2 milhões de pessoas, já está sobrecarregada com recursos inadequados.

Embora o M23 tenha afirmado que tem como alvo as forças de segurança e não os civis, cercou várias comunidades, estando cerca de metade da província de Kivu do Norte sob o seu controlo, deixando muitas pessoas encurraladas e fora do alcance da ajuda humanitária, de acordo com Richard Moncrieff, diretor do Grupo de Crise para a região dos Grandes Lagos.

"Fugimos da insegurança, mas aqui também vivemos com medo constante", disse Chance Wabiwa, 20 anos, em Goma, onde está refugiado.

"Encontrar um lugar pacífico tornou-se uma utopia para nós. Talvez nunca mais o voltemos a ter", acrescentou Wabiwa.

Reeleito para um segundo mandato de cinco anos em Dezembro, o Presidente da RDC, Felix Tshisekedi, acusou o vizinho Rwanda de fornecer apoio militar aos rebeldes.

O Rwanda nega a alegação, mas peritos da ONU afirmam que existem provas substanciais da presença das suas forças na RDC.

As forças de manutenção da paz regionais e da ONU foram convidadas a abandonar o RDC depois de o Governo as ter acusado de não terem conseguido resolver o conflito.

Rajasingham afirmou que as agências humanitárias estão a fazer o seu melhor para chegar às pessoas afetadas pelo conflito, mas advertiu que "um enorme afluxo de pessoas está a colocar desafios que vão para além do que se pode enfrentar neste momento".

"Tem de haver uma solução para o sofrimento, para a deslocação, para a perda de meios de subsistência, para a perda de educação", vincou. ANG/Angop

 

Política/ Líder do MSD diz que o fecho da ANP é uma “vergonha” para o país

Bissau 14 Mar 24 (ANG) – A Presidente do partido Movimento Social Democratico(MSD), disse, quarta-feira, que o fecho da  Assembleia Nacional Popular(ANP) é uma “”vergonha para a Guiné-Bissau” e que belisca a imagem dos próprios governantes no exterior.

Joana cobde Nhanga que falava numa conferência de imprensa sobre  o atual momento socio-político do país, disse que a justificação da tentativa de Golpe de Estado de 01 de Dezembro de 2023 não pode servir de pretexto para a queda do parlamento.

“Os golpes são feitos nos quarteis não numa instituição onde as leis são preparadas e é ela que fiscaliza os atos dos governantes”, salientou.

Nhanca questionou a classe castrense se não sabem que a ANP está fechada, e pede aos militares para se  afastarem da política uma vez que são usadas pelos políticos e depois deixados de lado.

Por força de um decreto presidencial baseado numa alegada tentativa de golpe de Estado,o parlamento guineense foi dissolvido em Dezembro e desta vez as suas portas foram fechadas.

Segundo Nhanca, os políticos que estão a criticar o regime agora deviam a fazer antes, no momento em que o Governo eleito foi derrubado,e diz que, agora esses políticos estão a pagar as consequências do que semearam.

A líder do MSC condenou os ataques à lugares de culto, nomeadamente Bolobas e Igreja, tendo considerado o ato de “triste e preocupante”, uma vez que as diferentes crenças sempre conviveram em paz e harmonia na Guiné-Bissau.

“Por isso, Joana Cobde Nhanca apela  a população e aos governantes a estarem vigilantes não permitindo  que nada  e nem ninguém venha a pôr em causa a união que sempre existiu entre diferentes crenças religiosas no país”, disse.

A presidente da MSC criticou o aumento dos preços de produtos da primeira necessidade e diz que o  Governo demitido tinha conseguido reduzir esses preços. “  O que  está a acontecer é um passo atrás na marcha para o desenvolvimento do país”,disse Joana Nhanca.ANG/MSC/ÂC//SG