sexta-feira, 29 de agosto de 2025

       Moçambique/Dezasseis artistas lusófonos em residência artística

 

Bissau, 29 Ago 25 (ANG) -  Dezasseis jovens artistas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) participam, na capital moçambicana, Maputo, de uma residência cujo objetivo é investigar e recriar manifestações artísticas ocorridas durante o processo de libertação colonial.

 

“O que nós estamos a fazer não é simplesmente pôr um grupo de cada país e depois dizer que é um espetáculo da CPLP, mas estamos realmente a fazer fusões, recriações, a ponto de cantores de um sítio cantarem músicas de outros países e dançarinos de outros países dançarem nessas culturas. Além disso, estamos a fazer recriações modernas”, disse à Lusa o realizador moçambicano Sol de Carvalho, da associação cultural Scala, organizadora da residência artística em parceria com a Khuzula.

 

Participam artistas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

A iniciativa é financiada em um milhão de euros pela União Europeia, o Instituto Camões I.P. e a Fundação Calouste Gulbenkian, através do Programa PROCULTURA.

 

Segundo a organização, para além de investigar manifestações culturais do período colonial, o coletivo vai refletir sobre o a luta antifascista em Portugal, promovendo uma releitura crítica da produção cultural daquela época.

 

A residência decorre até 12 de setembro, no Centro Cultural Moçambique-China, insere-se no projeto “Resistência e Afirmação Cultural”, e a direção indica que vai culminar com a produção de um espetáculo a reunir em palco mais de 50 intervenientes, entre residentes e artistas moçambicanos.

 

“São artistas que não estão aqui apenas para preencher um número, mas porque já têm carreiras relevantes”, disse o realizador moçambicano Sol de Carvalho, destacando que este encontro tem importância por decorrer numa altura em que a maioria destes países celebra 50 anos de independência.

 

“O palco é onde expomos cicatrizes históricas e, quem sabe, iniciamos a sua cura. Aqui, o ‘eu’ cede lugar ao ‘nós’”, afirmou Sol de Carvalho.

 

Depois do espetáculo em Maputo, está prevista a produção de uma série televisiva, em negociação com uma produtora portuguesa, com vista à difusão internacional da obra coletiva.

 

“É um trabalho que parte do passado para construir um futuro cultural comum”, reforçou Sol de Carvalho.

ANG/Inforpress/Lusa

 

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Politica/ João Bernardo Vieira defende  “reconciliação nacional genuína” para alavancar Guiné-Bissau

Bissau, 28 Ago 25 (ANG) – O Politico João Bernardo Vieira defendeu hoje, em entrevista telefónica exclusiva à ANG, uma “reconciliação genuína” dos guineenses para, segundo diz,  “garantir a estabilidade politica governativa para que país possa avançar”.

O político disse que manteve, há mais de um ano e a título pessoal, encontros com  organizações da Sociedade Civil do interior do país, em que explica as pessoas o objetivo e a necessidade de ter uma “Agenda para Paz e Reconciliação Nacional”.

Bernardo Vieira justifica a ideia com os factos ocorridos nos últimos 25 anos ou mais, na Guiné-Bissau, principalmente a instabilidade politica, provocada pela guerra de 07 de Junho de 1998.

Em consequência dessa situação, segundo João Bernardo Vieira, de lá para cá, quase 30 anos de democracia, nenhum governo terminou o seu mandato e só recentemente é que o país teve um Presidente da República, José Mário Vaz,  que terminou o seu mandato de cinco anos.

Dai que, conforme Bernardo  Vieira, faz todo o sentido ter uma Agenda de Paz e  Reconciliação Nacional, no âmbito do qual os guineenses vão ter a oportunidade para se reencontrar , porque, “apesar das divergências de opiniões,  não são inimigos”.

“E como não são inimigos podem se sentar a mesa para conversar, e, para  tal, é preciso ações que juntem os guineenses, e essa Agenda de Paz e Reconciliação é a melhor solução”, disse.

Instado a falar dos resultados conseguidos no âmbito dos encontros com os principais líderes políticos do país, nomeadamente o Presidente da República Umaro Sissoco Embaló, ex-Presidente, José Mário Vaz e o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, disse que foram um “sucesso absoluto".

“A Agenda está a dar frutos, porque no cenário politico em que vários atores que outrora andavam de costas viradas hoje em dia estão a falar da reconciliação, estabelecendo acordos ou seja, a Agenda da Paz e Reconciliação Nacional colocou a reconciliação na agenda politica nacional”, disse.

O politico disse que a Agenda da Paz e Reconciliação Nacional não é  pessoal, mas sim dos guineenses, e  para servir a Guiné-Bissau.

Promete prosseguir com os trabalhos para reconciliar os guineenses, na base dessa Agenda, devido os resultados já conseguidos.

 Vieira acredita que é possível e sustenta: “temos um país muito rico em recursos naturais, então, é preciso que haja um entendimento nacional”.

Segundo João Bernardo Vieira, com a Agenda  para Paz e Reconciliação é possível lançar as bases para discussão sobre a melhor forma de desenvolver o país.

Disse estar “profundamente convito” de que juntos os guineenses poderão vencer , e a  título exemplo, diz que a  luta de libertação nacional foi vencida devido o envolvimento de várias pessoas, independentemente das suas origens.

Instado a falar sobre o seu futuro político disse está sempre disponível para servir a Guiné-Bissau na forma mais útil possível.

João Bernardo Vieira é dirigente do PAIGC, foi secretário de Estado dos Transportes e Comunicações, no governo dirigido por Domingos Simões Pereira, em 2015 ANG/LPG/ÂC//SG

Regiões/Derrube de árvores para instalação de iluminação pública gera contestação popular em Bigene

Bigene, 28 Ago 25(ANG) - A Associação dos Filhos e Amigos do sector de Bigene Unida (AFABU), na região de Cacheu, norte do país,  manifestou-se preocupada e indignada com a derrube de árvores, nomeadamente de bissilão, ao longo da estrada daquela localidade, no âmbito dos trabalhos em curso para

 instalação de postes de iluminação pública.

Em comunicado publicado na sua página do Facebook, a Associação reconhece a importância da eletrificação e da iluminação das vias públicas, mas considera “injustificável” que o processo implique a destruição de árvores que, segundo a nota, “são essenciais para o meio ambiente, proteção do solo, equilíbrio climático e qualidade de vida das comunidades”.

A AFABU solicita às autoridades competentes que suspendam, de imediato, os trabalhos em curso para evitar maiores danos ambientais e procurassem alternativas técnicas que permitam a instalação dos postes sem recurso ao abate das árvores.

Por outro lado, AFABU apela o envolvimento das comunidades locais na execução dessa  decisão para a garantia da transparência  e responsabilidade ambiental.

A Associação alerta ainda que, caso não haja resposta positiva das autoridades,  mobilizará as comunidades afetadas para manifestações pacíficas contra derrube de árvores , uma prática que diz  representar uma  “ameaça não só  a Bigene mas também ao património ambiental nacional”. ANG/Cap-GB



Saúde/Cruz Vermelha reforça capacidades dos seus agentes para enfrentar desafios humanitários

Bissau, 28 Ago 25(ANG) - O Secretário-geral da Cruz Vermelha da Guiné-Bissau, Francisco José Mendes, defendeu, quarta-feira, a urgência de fortalecer a capacidade técnica e organizacional da instituição diante dos crescentes desafios humanitários no país e na região.

De acordo com a RSM, Francisco José Mendes falava na abertura do Seminário de Avaliação e Certificação da Capacidade Organizacional, que reúne, em Bissau, técnicos, voluntários e parceiros da Cruz Vermelha,  num esforço conjunto para consolidar a atuação da organização no cenário humanitário nacional e internacional.

“Precisamos estar preparados e eficazes para responder às necessidades das comunidades”, afirmou Francisco José Mendes.

O seminário, com duração de três dias, insere-se numa estratégia mais ampla de desenvolvimento institucional, com foco no alinhamento estratégico com os princípios fundamentais do Movimento Internacional da Cruz Vermelha, além dos padrões globais de qualidade e responsabilidade humanitária.

Segundo o secretário-geral, esse momento representa “um passo importante na caminhada da Cruz Vermelha da Guiné-Bissau”, e José Mendes disse que a avaliação em curso visa muito mais do que a identificação de  forças e fragilidades.

“Queremos criar uma base sólida para o fortalecimento institucional e garantir uma resposta humanitária mais eficaz e legítima”, sublinhou.

O processo avaliará detalhadamente os recursos disponíveis, os processos internos, as estruturas de governança, as competências técnicas e o posicionamento estratégico da organização.

Entre os objetivos constam, a  identificação das áreas de melhoria das potencialidades institucionais, fortalecimento da capacidade de mobilização de recursos, ampliação de  parcerias estratégicas, consolidação  do reconhecimento internacional da Cruz Vermelha da Guiné-Bissau.

Francisco José M
endes destaca que a
 iniciativa reforça o compromisso da Cruz Vermelha com a missão humanitária de impacto,  relevância social e  legitimidade ética, considerados pilares  essenciais para garantir a confiança e o apoio contínuo da população e dos parceiros. ANG/RSM

 

          Marrocos/ Justiça recusa liberdade provisória a "Betty" Lachgar

Bissau, 28 Ago 25 (ANG) - A justiça marroquina recusou,  quarta-feira,  ao fim do dia, o pedido de liberdade provisória para a activista feminista Ibtissame Lachgar, conhecida por “Betty”,  acusada de “ofensa ao islão”, após a publicação, nas redes sociais, de uma fotografia considerada “insultuosa para com Deus”.

A defesa invocou o estado de saúde “grave” de Betty Lachgar, de 50 anos, que está a ser tratada a um cancro. Apesar da argumentação médica, o juiz recusou o pedido de libertação e o julgamento deverá prosseguir no dia 03 de Setembro.

Em causa está a publicação, no final de Julho, de uma fotografia em que aparecia vestida com uma t-shirt na qual se podia ler "Allah" ("Deus") seguida da frase "is lesbian" ("é lésbica"). A imagem vinha acompanhada de um texto que qualificava o islão, "como toda a ideologia religiosa", de "fascista e misógina". A publicação suscitou fortes reacções nas redes sociais, desde apelos à detenção até ameaças de violação e lapidação.

O artigo 267-5 do Código Penal marroquino, ao abrigo do qual a activista é processada, pune com seis meses a dois anos de prisão efectiva "quem ofender a religião muçulmana". A pena pode ser agravada até cinco anos de prisão se a infracção for cometida em público, "inclusive por via electrónica".ANG/RFI


          Moçambique
/ Governo   e Ruanda assinam acordo em Kigali

Bissau, 28 Ago 25 (ANG) - Moçambique e Ruanda assinaram em Kigali o Acordo sobre o Estatuto da Força (SOFA), que regula a presença das tropas ruandesas que combatem contra o terrorismo na província de Cabo Delgado, no Norte do país.

Trata-se de um instrumento padrão regido pelo direito internacional.

Foi no final das conversações entre as delegações de Moçambique e do Ruanda, lideradas pelos respectivos chefes de Estado, que foi assinado o Acordo do Estado da Força, um instrumento jurídico de grande valia, diz o Presidente da República, Daniel Chapo. 

Um instrumento bastante importante para o estatuto das forças de defesa do Ruanda em Moçambique. Queremos mais uma vez agradecer ao Presidente Paul Kagame, às forças ruandesas e, sobretudo, ao povo ruandês por esta grande amizade e cooperação na área da defesa e segurança”, realçou Daniel Chapo.

O Presidente ruandês, Paul Kagame, mostrou-se satisfeito com o documento que estabelece regras e procedimentos a seguir em casos de morte, por exemplo, de um militar no teatro operacional norte, mas manifestou preocupação com o terrorismo em África.

A violência e o extremismo no nosso continente é uma ameaça crescente para o nosso povo e o desenvolvimento. Como africanos precisamos de enfrentar este problema como um único continente”, frisou Paul Kagame.

Daniel Chapo, que cumpre hoje o segundo e último dia de visita a Ruanda, convidou Paul Kagame para uma visita de Estado a Moçambique. ANG/RFI

Médio Oriente/Mobilização sem precedentes” na Flotilha Humanitária rumo a Gaza

Bissau, 28 Ago 25 (ANG) - Esta semana, vai partir para a Faixa de Gaza uma Flotilha Humanitária com ajuda para a população palestiniana, transportada em dezenas de barcos que vão tentar quebrar o cerco israelita.

Delegações de mais de 40 países integram a missão e há três portugueses. O activista Miguel Duarte é um deles e explica que esta é uma “mobilização sem precedentes” e “a maior tentativa de sempre para desafiar o bloqueio ilegal sobre o povo palestiniano em Gaza”. Apesar dos riscos, Miguel Duarte tem esperança que a ajuda humanitária chegue ao destino e defende que “é preciso que a sociedade civil se levante”, senão “ninguém o fará”.

Esta é uma missão que junta dezenas de embarcações e delegações de mais de 40 países. O objectivo é levar ajuda humanitária para a Faixa de Gaza e tentar quebrar o cerco israelita que impede a chegada de alimentação e medicamentos. A ONU alertou, na semana passada, que mais de meio milhão de pessoas em Gaza estão a passar fome.

Três portugueses integram a Flotilha Humanitária: o activista Miguel Duarte, experiente em missões de resgate de pessoas no Mar Mediterrâneo, a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua e a actriz Sofia Aparício.

Em entrevista à RFI, Miguel Duarte disse que se está num “momento histórico”, que esta “é uma mobilização sem precedentes” e “a maior tentativa de sempre para desafiar o bloqueio ilegal sobre o povo palestiniano em Gaza”. Já houve outras frotas rumo a Gaza, mas a maior parte foi interceptada pelo exército israelita. Foi o caso, a 8 de Junho, com o navio Madleen, mas também com o navio Handala, a 27 de Julho. Por outro lado, no início de Maio, activistas que transportavam ajuda humanitária para Gaza foram atacados ao largo de Malta, em águas internacionais, e acusaram Israel.

Graças à escala da missão, com delegações de mais de 40 países e dezenas de barcos que levam medicamentos e comida, o activista acredita que a atenção internacional possa impedir que o exército israelita trave a flotilha humanitária, pelo que tem esperança que a ajuda chegue realmente a Gaza.

Miguel Duarte acrescenta que informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros e que este tem “a responsabilidade moral de garantir a segurança” da tripulação e da ajuda humanitária. Por outro lado, o activista considera que Portugal deveria avançar com um corte de relações diplomáticas e comerciais com Israel, aplicar sanções e acabar com contratos com empresas de armamento israelitas.

Experiente em missões de resgate de migrantes no mar Mediterrâneo, Miguel Duarte diz que o que o leva a Gaza é o mesmo que o levou ao Mediterrâneo: a necessidade das pessoas. Nesse sentido, acredita que “é preciso que a sociedade civil se levante”, senão “ninguém o fará”.

Miguel Duarte: “É a maior tentativa de sempre para desafiar bloqueio ilegal sobre o povo palestiniano em Gaza”

RFI: Qual é o objectivo desta missão?

Miguel Duarte, activista: “O objectivo desta missão é trazer ajuda humanitária para Gaza. Neste momento, há um bloqueio ilegal por parte das forças israelitas imposto sobre o povo de Gaza. Sabemos todos que está a decorrer um genocídio e uma fome imposta pelas forças israelitas ao povo de Gaza. O objectivo desta missão, como de tantas outras anteriores, é o de desafiar este bloqueio ilegal e trazer esta ajuda humanitária que é tão necessária e tão urgente para estas pessoas.”

O que é que diferencia esta missão das anteriores?

“A principal diferença é a escala. Ou seja, já existem missões deste género desde 2008, se não estou em erro. Já muitos barcos e navios tentaram desafiar este cerco. Algumas conseguiram, mas a maior parte, a esmagadora maioria das flotilhas foram bloqueadas e ilegalmente capturadas pelo exército israelita. O que diferencia esta é a escala. Neste momento, estão a ser organizadas delegações de mais de 40 países em dezenas de barcos, portanto, certamente, pelo menos centenas de pessoas vão estar envolvidas. Vão partir barcos de vários pontos da Europa. Eu, neste momento, estou em Barcelona e a minha delegação vai partir daqui. Só de Barcelona vão partir mais de 30 barcos e, portanto, a atenção sobre esta missão espera-se que seja a maior de sempre e é a maior tentativa de sempre para desafiar este bloqueio ilegal sobre o povo palestiniano em Gaza.”

Houve várias frotas que até agora falharam, que não conseguiram chegar a Gaza e levar a ajuda. A última delas, por exemplo, foi interceptada pelo exército israelita a 27 de julho. Quais são as perspectivas que tem para esta missão e como é que a encara? Não tem medo de ser detido e deportado?

“Medo tenho, acho que todos temos, na verdade, porque basta olhar para a história recente deste movimento e vemos rapidamente várias intercepções por parte das forças israelitas que foram extremamente violentas. Em 2008, um barco das forças israelitas foi arremessado contra uma das flotilhas. Em 2010, dez membros da tripulação foram assassinados pelas forças israelitas e, ainda este ano, dois drones bombardearam um dos navios. Portanto, os riscos são altos. Ou seja, nós estamos aqui não é porque não temos medo, porque certamente temos e os riscos existem, estamos aqui porque é necessário e porque é absolutamente fundamental que a sociedade civil esteja em solidariedade, a sociedade civil global, em solidariedade com o povo da Palestina. No entanto, tenho esperança que esta missão tenha sucesso precisamente porque é uma mobilização sem precedentes. Ou seja, eu diria que estamos num momento histórico no que toca a este movimento e as centenas de pessoas que estão envolvidas directamente - que estão aqui neste momento ou que estão a embarcar noutros sítios da Europa e do Norte de África - estão longe de ser o movimento, ou seja, o movimento consiste em milhares e milhares e milhares de pessoas pelo mundo inteiro que se estão a mobilizar não só para organizar a partida destes barcos específicos, mas a organizar-se para mobilizar manifestações, boicotes e outros tipos de acções que ponham tanta pressão quanto possível sobre as forças israelitas. Portanto, tenho esperança que isto tenha sucesso.”

É com essa mobilização mundial e a força do número de participantes que pretendem quebrar o cerco de Israel sobre Gaza? Como é que tencionam quebrar esse cerco?

“A tentativa ou o que vamos tentar fazer é levar dezenas e dezenas de barcos e trazer muita atenção sobre estes barcos, portanto, quanto mais olhos melhor, pelo mundo fora, para que seja tão difícil quanto possível para as forças israelitas fazerem uma intercepção ilegal e violenta destes tripulantes. É isso que vamos tentar. Tenho a sensação que vamos conseguir, havemos de chegar a Gaza e havemos de entregar esta ajuda humanitária.”

Que ajuda levam nas dezenas de barcos?

“São bens de primeira necessidade que consideramos serem as coisas mais urgentes. Certamente o povo palestiniano de Gaza precisa de muito mais do que aquilo que nós conseguimos trazer, mas aquilo que consideramos mais urgente são essencialmente medicamentos e comida. Todas estas coisas não conseguem entrar em Gaza neste momento, portanto, as necessidades são absolutas e é isso que vamos trazer essencialmente.”

Mais a mensagem, não é?

“Mais a mensagem, absolutamente, sim. Precisamos de mobilizações pelo mundo inteiro. Precisamos de apoio não só para a nossa própria protecção e para a protecção da ajuda humanitária, mas porque o objectivo desta missão desafiar o cerco, é acabar com o cerco, é acabar com o genocídio, acabar com a fome, acabar com a ocupação e libertar o povo de Gaza.”

O facto de ser uma missão tão falada, com uma tão grande dimensão, por outro lado, não poderá criar expectativas na população de Gaza que possam sair goradas? De certa forma, não poderá ainda ser mais doloroso para os palestinianos que estão à vossa espera, se vocês não conseguirem?

“Eu não excluo essa hipótese, mas nós e os palestinianos não somos simplesmente grupos separados. Existem muitos palestinianos envolvidos nesta acção. Isto é feito em solidariedade e em conjunto com o movimento de pessoas palestinianas que lutam todos os dias, há muitos anos, pela libertação do povo palestiniano. Acho que as pessoas na Palestina compreendem certamente que isto é mais uma demonstração de solidariedade e que é uma luta contra uma força que é muito maior do que nós, que é um poder colonial e que tem por trás de si o maior exército da história da humanidade, que é o exército dos Estados Unidos. Portanto, as dificuldades são muitas e acho que todas as pessoas palestinianas compreendem isso. Mas se as nossas acções contribuírem para restaurar algum tipo de esperança, nem que seja um bocadinho, ao povo palestiniano, então penso que isso seja uma coisa boa.”

Informaram o Governo português sobre a vossa missão? Se sim, o que é que esperam que ele faça?

“Informámos sim. Informámos o Ministério dos Negócios Estrangeiros e ainda não obtive uma resposta. O que é que esperamos? Acho que vou responder a essa pergunta em dois níveis: um imediato e pessoal. Acho que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e, mais em geral, o Estado português tem a responsabilidade moral de garantir a nossa segurança, dos tripulantes, bem como a segurança da ajuda humanitária que é absolutamente urgente que chegue a Gaza. De uma forma mais abrangente, era preciso que o Estado português fizesse aquilo que já devia ter feito há muito tempo. É preciso frisar que não é um problema deste Governo, é um problema de sucessivos governos portugueses. É absolutamente urgente fazer um corte de relações diplomáticas e comerciais com Israel, é preciso aplicar sanções e é preciso acabar absolutamente com contratos vergonhosos que as Forças Armadas portuguesas têm com empresas de armamento israelitas que estão neste momento a conduzir o genocídio em Gaza. Tudo isto se fosse ontem, já era tarde.”

O Miguel Duarte já tem um histórico de participação em navios de missões humanitárias, nomeadamente no resgate de migrantes no Mediterrâneo. Chegou a ser indiciado pelo crime de auxílio à emigração ilegal por tentar salvar vidas. Agora arrisca-se numa nova missão. O que é que o move e como é que olha para a forma como a comunidade internacional, nomeadamente a parte política, está a lidar com o que se passa em Gaza?

“O que me traz a Gaza ou que me traz a esta missão foi o que me trouxe ao Mediterrâneo tantas vezes. A necessidade é enorme. Os nossos Estados não nos representam, portanto, aquilo que está a acontecer no Mediterrâneo hoje em dia é da mesma escala do que está a acontecer em Gaza. Já morreram mais de 30.000 pessoas no Mediterrâneo nos últimos dez anos. Já morreram outras dezenas de milhares de pessoas em Gaza ao longo dos últimos anos. E os Estados são os mesmos, as forças politicas são as mesmas e é preciso, por causa desta absoluta violência por parte dos Estados, nomeadamente ocidentais, europeus, Israel e os Estados Unidos, é preciso que a sociedade civil se levante, porque se nós não o fizermos, ninguém o fará. Eu, em particular, tenho experiência no mar e, portanto, sei estar num navio e tenho algum conhecimento sobre este tipo de missão. Pensei que estava numa posição privilegiada para fazer alguma coisa e aceitei o convite de me juntar a esta flotilha. É por isso que sinto que este é o meu lugar aqui. Mais uma vez, não é porque não existam riscos ou porque não acredito neles. É porque a necessidade é enorme."ANG/RFI

          Regiões/ PRAE-GB monta postes da rede elétrica na região de Cacheu

Canchungo, 28 Ago 25 (ANG)  O Projeto Regional de Acesso à Eletricidade na Guiné-Bissau(PRAE-GB) leva a cabo trabalhos de escavação para a colocação de postes  de rede elétrica  em Canchungo.

Nesse quadro, segundo o Corresponde regional da ANG de Cacheu,  o técnico assistente  de salvaguarda ambiental do projeto, Júlio Tavares Ié reuniu, segunda-feira, com as autoridades administrativas e poder local de Canchungo aos quais solicitou apoios e colaboração para que os trabalhos possam desenrolar da melhor forma possível.

Ainda nesse encontro Júlio Ié pediu ao Secretário Administrativo do sector de Canchungo para se iniciar os trabalhos de recenseamento de potenciais interessado em contrato para fornecimento de energia elétrica em Canchungo.

O Projeto Regional de Acesso à Eletricidade na Guiné-Bissau deverá igualmente levar electricidade aos sectores Cacheu, Calequisse e Caió.

Até então o fornecimento de energia elétrica à Canchungo e arredores é assegurado por uma empresa privada denomina “Electric Baio e Djata.

 O PRAE-GB é um projeto do Governo guineense lançado com apoio financeiro do Banco Mundial. ANG/AG/MI/ÂC//SG

Argentina/Presidente  retirado de comício após incidentes com manifestantes

Bissau, 28 Ago  25 (ANG) - O Presidente argentino teve de ser retirado hoje de um comício eleitoral na província de Buenos Aires devido a incidentes com manifestantes da oposição, que atiraram objetos contra o veículo aberto em que viajava.

A situação surgiu na sequência de confrontos entre alguns dos manifestantes e polícia.

Devido aos incidentes, Javier Milei foi imediatamente retirado pela equipa de segurança, juntamente com a irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, enquanto o principal candidato às eleições legislativas na província, José Luis Espert, abandonou o local a bordo de um motociclo. 

Os episódios ocorreram durante um comício eleitoral na localidade de Lomas de Zamora, na província de Buenos Aires, onde Milei se deparou com um numeroso grupo de manifestantes da oposição que lhe atiraram pedras, galhos e ovos, entre outros objetos, e a polícia protegeu o Presidente com escudos antes de o retirar num veículo blindado.

O incidente aconteceu no mesmo dia que o chefe de gabinete do Governo argentino, Guillermo Francos, afirmou que a denúncia por alegados subornos na Agência Nacional de Deficiência (Andis) é uma "operação política" orquestrada por setores "populistas" tendo em conta as eleições legislativas que se aproximam naquele país sul-americano.

"Foi orquestrada uma operação política divulgando supostas gravações de áudio do ex-titular da Andis", afirmou o chefe de Gabinete de ministros perante o plenário da Câmara dos Deputados, para apresentar o relatório semestral de gestão do Executivo de Javier Milei. 

Francos atribuiu as denúncias a um “modus operandi populista que aparece com mais força quando as eleições se aproximam”, numa alusão às eleições legislativas na província de Buenos Aires, marcadas para setembro e às eleições nacionais programadas para outubro.

O escândalo rebentou em 20 de agosto, quando os média locais divulgaram áudios atribuídos ao agora ex-titular da Andis Diego Spagnuolo, um dos advogados de Javier Milei.

As gravações descrevem um suposto esquema de subornos na compra estatal de medicamentos, cujo principal responsável seria o subsecretário de Gestão Institucional da Secretaria-Geral da Presidência, Eduardo ‘Lule’ Menem, primo do presidente da Câmara dos Deputados da Nação, Martín Menem.

Nas gravações também é feita referência a Karina Milei, irmã do chefe de Estado e secretária-geral da Presidência, como possível destinatária de parte dos subornos que envolvem a empresa de comercialização de medicamentos Suizo Argentina.

"Responderemos a todas estas manobras com transparência e respeitando a divisão de poderes", assegurou o chefe de gabinete.

Francos indicou que o Executivo destituiu Spagnuolo do cargo e interveio na Andis "para garantir o seu correto funcionamento e realizar uma auditoria profunda e os inquéritos administrativos correspondentes, com ênfase no sistema de compras e contratações".

O responsável político observou também que as gravações foram divulgadas no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados rejeitou um veto de Milei a uma lei aprovada recentemente que declara a emergência em matéria de deficiência e obriga o Estado a aumentar os fundos para a assistência a pessoas com deficiência.

Apesar de a administração pública ter um excedente fiscal, Francos insistiu que essa lei "implica o desdobramento de recursos económicos dos quais o Estado não dispõe".

"Tanto a aprovação de leis que exigem recursos que quebram o equilíbrio fiscal como a difamação de funcionários com acusações infundadas fazem parte de um mesmo padrão: a ação de um pequeno grupo de pessoas que nesta nova Argentina já não têm lugar", afirmou. ANG/Lusa

   Ucrânia/Ataque russo atinge edifício da delegação da União Europeia em Kiev

Bissau, 28 Ago 25 (ANG) – A capital ucraniana foi, na última noite, alvo de uma nova vaga de mísseis e drones russos, que fez pelo menos 14 mortos e dezenas feridos.

 O presidente Volodymyr Zelensky denunciou um ataque “massivo” e acusou Moscovo de “preferir os mísseis às negociações de paz”. Vários edifícios foram atingidos, entre eles, o que alberga a missão da União Europeia em Kiev.

O presidente do Conselho Europeu confirmou que os mísseis russos atingiram hoje a delegação da União Europeia (UE) em Kiev. António Costa condenou a "acção deliberada" da Rússia, disse estar horrorizado, mas  garantiu que os 27 não se deixarão intimidar.  Por seu lado, Ursula Von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, voltou a exigir à Rússia o fim dos ataques indiscriminados contra alvos civis ucranianos . A embaixadora da UE na Ucrânia revelou que nenhum membro da missão europeia ficou ferido, apesar do espaço onde trabalham ter ficado muito danificado.

No total, durante o ataque desta quinta-feira e segundo o exército ucraniano, a Rússia utilizou cerca de 60 drones e 30 mísseis. Foi o segundo maior ataque aéreo contra o país desde o início da invasão em fevereiro de 2022. Vários edifícios residenciais foram atingidos. Um prédio de cinco andares desabou e moradores ficaram presos nos escombros, uma escola e um centro comercial também sofreram danos.

"Isto é tudo o que há para saber sobre o Estado terrorista, Putin, e seus desejos de paz", escreveu o chefe de gabinete da presidência ucraniana, na rede social Telegram.

A Ucrânia espera agora uma "uma reacção" da comunidade internacional na forma de novas sanções contra Moscovo. Zelensky fez um apelo específico aos aliados da Rússia, como a  China e a Hungria, e aos países da União Europeia e da NATO.   ANG/RFI

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Moçambique/Presidente Chapo em Kigali com foco no combate ao terrorismo

Bissau, 27 Ago 22225 (ANG) - O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, iniciou esta quarta-feira, , uma visita de dois dias ao Ruanda. O combate ao terrorismo vai estar em cima da mesa nas discussões com o homólogo Paul Kagamé.A viagem do Presidente moçambicano ao Ruanda surge em resposta ao convite do seu homólogo Paul Kagamé cujas forças de segurança combatem o terrorismo na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.

Para o embaixador de Moçambique no Ruanda, Amade Miquidade, o assunto de defesa e segurança não poderá passar ao lado das conversações entre os dois estadistas.

Considerando que o Ruanda é um parceiro no combate ao terrorismo com vista a garantir segurança, bem-estar e uma situação de paz para o nosso país, com realce para a província de Cabo Delgado e alguns distritos assolados para operações dos terroristas.

A primeira visita oficial de Daniel Chapo a Kigali acontece numa altura em que as tropas do Ruanda assinalam quatro anos de presença em Moçambique.

A nossa cooperação com o Ruanda vai crescendo. Por um lado, Ruanda está para apoiar - como tem o feito - mas, por outro lado, estamos a desenvolver as nossas capacidades para combater o terrorismo.

O presidente de Moçambique Daniel Chapo faz-se acompanhar, nesta visita de dois dias ao Ruanda, de vários ministros, incluindo o da Defesa.ANG/RFI

 

França/Emmanuel Macron e Bassirou Diomaye Faye apostados em reforçar as relações entre França e Senegal

Bissau, 27 Ago 25 (ANG) - O Presidente francês Emmanuel Macron e o seu homólogo senegalês Bassirou Diomaye Faye afirmaram desejar reforçar as relações entre os dois países após um distanciamento das autoridades do Senegal quando chegaram ao poder em 2024.

Os dois chefes de Estado emitiram comunicados nas redes sociais abordando o encontro desta manhã.

O Presidente francês referiu que trabalharam na “renovação da parceria” e na “reaproximação entre os dois países”, regozijando-se do encontro ter sido “excelente”.

Bassirou Diomaye Faye, indo no sentido de Emmanuel Macron, afirmou que “este pequeno-almoço permitiu reafirmar a vontade comum de reforçar a relação bilateral em domínios como o investimento, o comércio, a defesa e a segurança”.  

Os dois dirigentes também evocaram questões “memoriais e internacionais”, bem como a preparação da Cimeira África-França de 2026.

O massacre de Thiaroye pelas forças coloniais francesas, reconhecido pelo Presidente Emmanuel Macron, também foi um assunto abordado nesta quarta-feira.

35 soldados, segundo as autoridades francesas na altura, e até 400, segundo historiadores, morreram em Dezembro de 1944, eles que pediam o pagamento de salários por terem participado na Segunda Guerra Mundial.

O Governo senegalês acusa a França de dissimular informações como o número exacto de pessoas falecidas nesse massacre.

Recorde-se que desde Abril de 2024, as autoridades no poder no Senegal prometeram que a França seria tratada como qualquer parceiro estrangeiro. Aliás o exército francês acabou por deixar o Senegal, a 17 de Julho de 2025, onde estava presente desde a independência do país em 1960. ANG/RFI

 

   Brasil/Supremo  ordena reforço de vigilância a Bolsonaro por risco de fuga

 

Bissau, 27 Ago (ANG) – O Supremo Tribunal Federal brasileiro ordenou hoje o reforço de vigilância junto à casa do ex-Presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliária e que dentro de uma semana é julgado por tentativa de golpe de Estado.

 

A decisão foi tomada pelo juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra o ex-chefe de Estado, seguindo as indicações do Procurador-Geral da República feitas no dia anterior.

 

Na decisão, o juiz recordou que o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-Presidente encontra-se nos Estados Unidos a fazer 'lobby' junto da Casa Branca em prol do pai.

 

”As ações incessantes de Eduardo Nantes Bolsonaro, estando inclusive localizado em país estrangeiro, demonstram a possibilidade de um risco de fuga por parte de Jair Messias Bolsonaro, de modo a se furtar da aplicação da lei penal, notadamente em razão da proximidade do julgamento”, lê-se na decisão.

 

Dessa forma, são “absolutamente necessárias e adequadas” as medidas de reforço de vigilância.

 

A partir de terça-feira começa o julgamento de Jair Bolsonaro, e de mais sete réus, com o ex-chefe de Estado a responder pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de património tombado.  ANG/Inforpress/Lusa