terça-feira, 16 de setembro de 2025


Febre Lassa
/Segunda Conferência termina com apelo a práticas seguras de armazenamento de alimentos para reduzir exposição a roedores

Bissau, 16 Set 25 (ANG) -  A 2.ª Conferência Internacional da CEDEAO sobre a Febre de Lassa  terminou  quinta-feira,(11), em Abidjan, Côte d’Ivoire, com um apelo às comunidades para adotarem práticas seguras de armazenamento de alimentos a fim de reduzir a exposição a roedores, um vetor-chave da febre de Lassa.

Segundo o Comunicado final da Conferência, os participantes concordaram sobre a importância da partilha de dados e de investigações conjuntas de surtos para travar a propagação de doenças através de fronteiras porosas.

A conferência reafirmou a urgência de enfrentar a febre de Lassa como uma prioridade de segurança sanitária regional, posicionando a África Ocidental na linha da frente da preparação epidémica mundial.

O comunicado refere que com os compromissos assumidos em Abidjan, os Estados-Membros da CEDEAO e os parceiros visam acelerar os progressos rumo à implementação da Agenda de Controlo da Febre de Lassa, que inclui o desenvolvimento e lançamento de uma vacina licenciada contra a febre de Lassa, o alargamento do acesso ao diagnóstico e tratamento, e o reforço da resiliência comunitária face a futuros surtos.

Após quatro dias de debates de alto nível e partilha de conhecimentos e compromissos estratégicos, o papel crucial dos meios da comunicação social e da sociedade civil foi destacado para colmatar lacunas de confiança e combater a hesitação relativamente às vacinas na região.

No encontro que reuniu mais de 800 decisores políticos, cientistas, profissionais de saúde e parceiros de desenvolvimento de toda a África Ocidental  para enfrentar uma das ameaças epidémicas mais persistentes da região, centrou-se em seis pilares temáticos: coordenação regional, avanço das medidas médicas, vigilância e deteção precoce, inovações tecnológicas, envolvimento comunitário e financiamento sustentável.

Antes da cerimónia de abertura, os Ministros da Saúde dos Estados-Membros da CEDEAO reuniram-se numa Mesa-redonda  sobre a Aceleração da Preparação da

vacina contra a Febre de Lassa, do encontrou saiu os compromissos de se avançar no desenvolvimento e garantia do acesso equitativo às vacinas contra a febre de Lassa para as populações em risco, de reforçar a colaboração regional em vigilância, investigação e resposta a surtos, de mobilização de financiamento sustentável e vontade política para assegurar uma preparação epidémica de longo prazo.

Esses compromissos , indica o comunicado , representam um marco significativo para a solidariedade e liderança regionais, e um reconhecimento de que nenhum país pode enfrentar sozinho a febre de Lassa.

O Ministro da Saúde da Nigéria, Mohamad Ali Pate sublinhou , na ocasião, a necessidade de haver soluções lideradas por africanos para combater a febre de Lassa, enfatizando que a investigação, o desenvolvimento de vacinas e a resposta a epidemias devem estar enraizados nas realidades da região.

“Esta conferência demonstrou o poder da solidariedade regional. Juntos, estamos a

passar da discussão para a ação, construindo uma África Ocidental unida e preparada para enfrentar a febre de Lassa e futuras epidemias”, afirmou o Dr. Melchior Athanase J. C. Aïssi, Diretor-Geral da Organização Oeste Africana da Saúde (OOAS).

“O nosso compromisso coletivo em avançar numa agenda de preparação, resposta  e controlo da febre de Lassa, incluindo o desenvolvimento de vacinas e outras medidas médicas, marca um ponto de viragem na África Ocidental. É um momento estratégico de liderança regional conjunta para elevar a saúde das nossas populações”, declarou o Dr.Abdourahmane Diallo, Diretor de Gestão de Programas, Escritório Regional da OMS para África.

A Conferência Internacional da CEDEAO sobre a Febre de Lassa foi organizada pela Organização Oeste Africana da Saúde (OOAS) em parceria com a Organização Mundial da Saúde [Região Africana], a Coligação para Inovações na Preparação para Epidemias (CEPI), o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e outros intervenientes regionais.

Estima-se que a febre de Lassa infecta entre 100.000 a 300.000 pessoas anualmente na região das quais cerca de 5 mil morrem.

 A doença é endémica  na  Libéria, Gana, República da Guiné, Nigéria e Serra Leoa.

A edição de 2025 da Conferência internacional sobre Lassa realizou-se em Abidjan, Côte d’Ivoire, de 8 a 11 de setembro. ANG//SG

Saúde/GAVI doa materiais informáticos ao Ministério de Saúde para  reforço do Sistema Nacional de Saúde

Bissau, 16 Set 25 (ANG) - A Unidade de Gestão e Coordenação de Projetos, em parceria com a Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI) entregou segunda-feira ao Ministério da Saúde Pública materiais informáticos e de escritório, orçado em 80 milhões de francos CFA.

De acordo com a RSM, a Coordenadora da Gavi na Guiné-Bissau disse que a doação dos respetivos materiais tem como objetivo reforçar o Sistema Nacional de Saúde, permitindo uma gestão de dados mais eficiente, uma monitorização rigorosa das atividades e um planeamento mais eficaz das campanhas de vacinação.

Lizandra Mariza Gomes Cabral dos Reis destacou que estes equipamentos vão melhorar a recolha e análise de dados e tornando o acompanhamento das ações mais fiáveis.

O ministro da Saúde Pública, Augusto Gomes, afirmou que esta contribuição vai reforçar a boa governação do Ministério e aumentar a confiança no trabalho conjunto.

Entre os equipamentos entregues estão 37 computadores portáteis, 19 de mesa, impressoras, uma maquina fotocopiadora multifuncional, aparelhos de ar condicionado, 81 cadeiras, seis  secretárias, entre outros materiais essenciais para o setor. ANG/MSC/ÂC//SG

Ambiente/Fórum de Canhabaque recomenda  sensibilização sobre proteção do Estatuto do Arquipélago de Bijagós como Património Mundial

Bissau, 16 Set 25 (ANG) – Os participantes do fórum de jovens bijagós, realizado no último fim de semana, na ilha de Canhabaque, sector de Bubaque, recomendaram o envolvimento dos mais novos nas estruturas comunitárias de fiscalização e  maior proteção do Estatuto do Arquipélago de Bijagós como Património Mundial da Humanidade.

De acordo com a publicação da ONG Tiniguena na Facebook, consultada pela ANG, o evento foi organizado no quadro do projeto Ação Climática Feminista na África (ACF-AO) e visa a   sensibilização dos  jovens sobre suas responsabilidades face ao reconhecimento do Arquipélago de Bijagós como Património Mundial pela UNESCO.

No encontro os participantes debateram desafios locais relacionados á conservação ambiental, identificação de caminhos para o engajamento juvenil na governança dos recursos naturais, promoção de  iniciativas de educação ambiental e climática baseadas nos saberes tradicionais e nas realidades locais.

Os jovens concluíram que existe necessidade de uma sensibilização sobre o estatuto das ilhas bijagós, bem como uma advocacia que proteja a caça de Cephalopus Silvicultor (cabra grande do mato) e Cricetomys (Djiquindor -rato gigante de Gâmbia).

A  abertura do Fórum contou com a presença dos representantes locais do Ministério da Saúde, da Educação e representantes das comunidades locais.

O Projeto ACF-AO, é financiado pela Global Affairs Canada e implementado pela Tiniguena em parceria com a ONG canadiana Inter Pares e visa aumentar as respostas comunitárias á adaptação das mudanças climáticas com o foco nas mulheres rurais, jovens, e das comunidades indígenas, consideradas as mais vulneráveis aos impactos destas mudanças.

O Fórum que decorreu em Canhabaque reuniu 133 jovens vindos de diferentes ilhas do Arquipélago de Bijagós, nomeadamente de Orango, Uno, Soga, Formosa. Nago e Cheiã.ANG/MSC/ÂC//SG

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Eleições Gerais/Presidente da República pede renovação de confiança à comunidade guineense residente em França para exercer o II mandato

Bissau, 15 Set 25 (ANG) – O Presidente da República (PR) Umaro Sissoco Embaló pediu, sábado, à comunidade guineense residente em França para votar nele nas próximas eleições presidenciais, marcadas para 23 de Novembro, para exercer o segundo mandato.

O chefe de Estado que falava, em Mantla Ville, num encontro de mais de uma hora, com a comunidade guineense residente em França, disse que os seus cinco anos de mandato foram marcados por realizações que estão  a contribuir, positivamente, para o desenvolvimento da Guiné-Bissau.

“A famosa problemática da energia elétrica que ao longo dos anos vinha afetando  o país já está resolvida, e quase 70 por cento do país já não se queixa de falta de energia elétrica. Só resta agora a zona norte para concluir este desafio”, disse o PR.

Destacou que nos  cinco anos do seu mandato, a imagem de cidade de Bissau, mudou completamente, e que agora é vista como uma verdadeira capital.

O Presidente da República ainda destacou a construção de cerca de 5.000 furos de águas, em  diferentes regiões do país, e disse que daqui a nada, a Guiné-Bissau terá um Aeroporto de referência, comparado  ao do Senegal.

“As estradas de algumas regiões do país já foram contruídas, e o mesmo percurso será feito nas  regiões que ainda não beneficiaram”, declarou Embaló.     

O Presidente Umaro desse ter dedicado  a medalha de condecoração recebida da Interpol à todos os guineenses e aos africanos em geral .ANG/LLA/ÂC//SG

  

Regiões/ Médico Clínico Geral considera positiva  campanha de consultas no setor de Calequisse

Canchungo, 15 Set 25 (ANG) – O Médico Clínico Geral considerou de positivo o balanço da campanha de consultas médicas e ofertas gratuitas dos medicamentos à pessoas carenciadas no setor de Calequisse, região de Cacheu, norte do país,  realizada nos dias 11, 12, 13 e 14 de Setembro do ano em curso.

Segundo o despacho do Correspondente regional da ANG para região de Cacheu, Luís Mendes  disse que durante a campanha foram atendidas 821 pacientes, dos quais 541 mulheres e 280 homens, sublinhando que graças as consultas descobriram várias patologias como hipertensão, gastrite, cataratas e lipoma, nos doentes entre os adultos e as crianças.

O médico disse que deu  orientações aos doentes que não foram atendidos em Calequisse, no sentido de recorrerem ao Hospital Regional de Cacheu em Canchungo, para o tratamento médico e medicamentosa. ANG/AG/MI/ÂC//SG

Eleições Gerais/ CNE inicia formação de formadores de animadores cívicos eleitorais

Bissau, 15 Set 25 (ANG) - A Comissão Nacional de Eleições (CNE) iniciou esta segunda-feira o processo de formação de formadores de animadores cívicos eleitorais, no âmbito dos preparativos para as eleições legislativas antecipadas e presidenciais de 23 de novembro próximo.

Esta ação de formação tem a duração de dois dias e conta com 25 técnicos eleitorais vindos de todas as comissões regionais de eleições (CRE), elementos da sociedade civil e da Federação de Pessoas com Deficiências.

Ao presidir a cerimónia de abertura do seminário, o Secretário Executivo Adjunto da CNE, Idrissa Djaló apelou aos formandos para se empenharem  para mais tarde puderam fazer com que  cada cidadão, com apenas um gesto simples, possa colocar a cruz no boletim de voto e decidir o futuro da nação.

Acrescenta que para que  esse futuro seja construído da melhor forma é preciso que cada voto seja válido, claro e consciente.

Por isso, Idrissa Djaló afirmou que o trabalho dos animadores cívicos não é apenas ensinar como se vota mas também motivar, despertar o interesse e mostrar às pessoas que o voto de cada uma conta.

“Muitas vezes os eleitores pensam que os seus votos não vão fazer a diferença. A verdade é que fazem. Cada voto é uma voz e quando alguém vota em branco ou anula o voto por erro, essa voz perde-se. No passado, cerca de 1% dos votos acabaram nulos ou em branco e pode parecer pouco, mas são milhares de pessoas que quiseram participar e não conseguiram porque não souberam ou não tiveram a atenção devida. É aqui que o vosso papel se torna decisivo”, disse.

Djaló acrescentou que a missão dos animadores cívicos é ensinar de forma simples e prático e explicar como se deve assinalar corretamente apenas uma opção no boletim, mostrar os erros mais comuns que levam à anulação e reforçar sempre a importância de ler as instruções com calma.

Disse que é preciso convencer cada pessoa que o seu voto é importante e que votar é mais do que um direito,  é um dever para com o pais, para com os filhos e para com as gerações futuras.

Outro ponto essencial, de acordo com o Secretário Executivo Adjunto da CNE, tem a ver com a confiança, tendo em conta  que muitos cidadãos têm dúvidas, alguns até desconfiança em relação às eleições.

“Cabe a vocês explicar, com palavras simples, como funciona o processo, tranquilizar as pessoas e combater boatos que possam confundir os eleitores”, disse Idrissa Djaló.

Sustentou  que um cidadão informado é um cidadão confiante, e que  um cidadão confiante vai às urnas, vota corretamente e sente-se parte do futuro do país.

“Lembrem-se de que a democracia não se constrói apenas no dia da eleição, mas todos os dias, com pequenas ações de cada um. E vocês são protagonistas nesse processo. Estamos a poucos meses de um momento decisivo. As eleições de 23 de novembro de 2025 vão marcar a história do nosso país. E o sucesso deste processo vai depender muito da vossa dedicação”, frisou.

O presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz, Democracia  e Desenvolvimento, Fode Carambá Sanhá exortou aos formadores de animadores cívicos para partilharem os conhecimentos que vão adquirir durante dois dias  com os  eleitores para se assegurar uma participação  massiva da população no acto eleitoral.ANG/LPG/ÂC//SG

Rússia/Kremlin acusa Ucrânia de "abrandar artificialmente" conversações de paz

Bissau, 15 Set 25 (ANG) - O Kremlin acusou hoje a Ucrânia de "abrandar artificialmente" as conversações de paz e reiterou que os países europeus estão a "interferir" nas mesmas, lamentando a falta de atenção às causas da invasão russa iniciada em 2022.

"Do lado de Kyiv, o processo está a ser artificialmente abrandado. Ninguém quer abordar a essência do conflito. Os europeus estão a interferir no assunto e não vão prestar atenção às causas subjacentes da crise, abrindo caminho para a discussão de formas de as resolver", argumentou o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov.

O porta-voz reiterou que "a Rússia continua aberta e pronta para o diálogo", bem como "interessada e disposta a resolver a crise ucraniana por meios políticos e diplomáticos".

Peskov insistiu que há uma pausa nas negociações, denunciando que "não há flexibilidade na posição ucraniana e nenhuma disposição por parte do regime de Kyiv para realmente iniciar discussões sérias".

"Estas reuniões e qualquer contacto ao mais alto nível devem ser bem preparados para que tal diálogo e os acontecimentos - que devem ocorrer antecipadamente, a nível de peritos - possam ser concretizados. Nem o regime de Kyiv nem os europeus estão prontos para isso", concluiu Peskov.

Moscovo tem acusado os países europeus de contribuírem para que o conflito se arraste com os apoios que dão à Ucrânia.

Recentemente, 26 países concordaram em enviar tropas para a Ucrânia como parte das garantias de segurança pedidas por Kyiv aos aliados no caso de um cessar-fogo.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, que assumiu o papel de mediador entre Moscovo e Kyiv, quer a todo o custo obter um rápido fim da ofensiva ataque russo em grande escala lançada em 2022.

Mas as posições das duas partes parecem, por enquanto, irreconciliáveis.

A Rússia exige a desmilitarização e a rendição da Ucrânia, bem como a cessão das regiões ucranianas cuja anexação reivindicou, embora sem as controlar totalmente.

Por seu lado, Kyiv considera estas condições inaceitáveis e exige garantias de segurança dos aliados ocidentais, por recear um novo ataque da Rússia, mesmo que fosse alcançado um acordo de paz.

A Rússia invadiu e anexou a Crimeia em 2014 e, desde a invasão de 2022, declarou como anexadas as regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.

Moscovo e Kyiv realizaram este ano três rondas de negociações diretas em Istambul, em maio, junho e julho, nas quais apenas concordaram com a troca de prisioneiros de guerra e de corpos de soldados.

Quanto ao resto, limitaram-se a apresentar as respetivas posições sobre qual devia ser a fórmula para resolver o conflito.

O Presidente russo, Vladimir Putin, endureceu ainda mais as posições desde a cimeira de meados de agosto com Trump no Alasca, após a qual recusou reunir-se com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Também recusou declarar um cessar-fogo e o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia. ANG/Lusa

 

Suíça/ONU deplora saída da Lituânia de convenção sobre munições de fragmentação

Bissau, 15 Set 25 (ANG) - A ONU reiterou hoje que os governos devem reforçar a proibição global das munições de fragmentação, lamentando que a Lituânia se tenha tornado o primeiro país a retirar-se da convenção internacional que proíbe estas armas.

No lançamento do relatório de 2025 de "monitorização de munições de fragmentação", o 16º relatório anual, hoje apresentado em Genebra, Suíça, o Instituto das Nações Unidas para a Investigação sobre o Desarmamento (UNIDIR) salienta que a Convenção (de 2008) "está hoje em boa situação, com 112 Estados-membros", mas lamenta a saída inédita de um país.

No corrente mês de setembro, um país juntou-se à convenção, Vanuatu, mas durante o último ano, em março passado, "a Lituânia tornou-se o primeiro Estado a retirar-se da convenção", o que a ONU classifica como "um grande revés, apesar dos progressos em matéria de desarmamento humanitário noutros locais", tendo merecido a condenação de pelo menos 47 países.

A decisão de saída da convenção foi justificada pela Lituânia com a ameaça vinda da Rússia, face à sua guerra de agressão na Ucrânia, e que, de resto, levou também Vílnius, assim como os outros dois Estados bálticos, Letónia e Estónia, e ainda Polónia e Finlândia, a anunciarem igualmente este ano o abandono da convenção de Otava que proíbe o uso, o armazenamento, a produção e a transferência de minas antipessoal.

Entre as principais do relatório anual hoje apresentado, é apontado que "os países que não são signatários do tratado que proíbe as munições de fragmentação, incluindo a Rússia e a Ucrânia, continuaram a usar essas munições em 2024 e 2025", tendo a Ucrânia registado, pelo terceiro ano consecutivo, o maior número anual de vítimas.

"A Rússia tem usado stocks de munições de fragmentação antigas e modelos recém-desenvolvidos na Ucrânia desde 2022. Entre julho de 2023 e outubro de 2024, os Estados Unidos, que não são membros do tratado, anunciaram pelo menos sete transferências de munições de fragmentação para a Ucrânia", lê-se no documento de mais de 100 páginas.

Apontando que, "desde fevereiro de 2022, foram registadas na Ucrânia mais de 1.200 vítimas de munições de fragmentação", o relatório indica que, "em 2024, foram comunicados cerca de 40 ataques com munições de fragmentação, sem que o número de vítimas tenha sido registado".

"A nível global, 314 pessoas foram registadas como mortas ou feridas por munições de fragmentação em 2024. No entanto, o número real é provavelmente muito maior, uma vez que muitas vítimas não são comunicadas", indica o relatório.

Por outro lado, é apontado que "o novo uso de munições de fragmentação durante o período abrangido pelo relatório (meados de 2024 a meados de 2025) também foi documentado em Myanmar e na Síria, embora não pareça ter sido utilizado na Síria desde a queda do governo de Assad em dezembro de 2024".

"Em julho, as forças armadas tailandesas pareciam admitir que tinham usado munições de fragmentação no conflito fronteiriço com o Camboja. Um mês antes, as forças armadas israelitas alegaram que um ataque com mísseis balísticos iranianos no centro de Israel tinha envolvido munições de fragmentação", acrescenta o relatório.

O UNIDIR congratula-se por, desde a convenção em 2008, nenhum dos países que a ratificaram terem usado munições de fragmentação, "salvando inúmeros civis desta arma indiscriminada", mas salienta que, "embora o número anual de vítimas de munições de fragmentação tenha diminuído substancialmente desde a adoção da convenção, essas armas continuam a causar danos a civis e permanecem perigosas por anos, até que sejam removidas."

"Os governos devem reforçar a proibição global das munições de fragmentação e exortar aqueles que ainda utilizam ou produzem estas armas indiscriminadas a aderirem prontamente ao tratado que as proíbe", insiste então a ONU, repetindo o apelo deixado em abru«il passado pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

"Civis em todo o mundo continuam a perder a vida e membros devido às munições de fragmentação, mesmo de armas utilizadas há décadas», afirmou Mark Hiznay, diretor associado para crises, conflitos e armas da Human Rights Watch editor do relatório de monitorização de 2025, que exorta assim os membros da convenção a "cumprir as disposições do tratado e incentivar outros governos a parar imediatamente de usar munições de fragmentação".

As munições de fragmentação, que podem ser disparadas a partir do solo (por artilharia, foguetes, mísseis ou morteiros) ou lançadas por aeronaves, normalmente abrem-se no ar, dispersando várias submunições explosivas ou bombas sobre uma vasta área, o que leva a muitas vítimas civis, sobretudo em áreas povoadas.

Além disso, nota o UNIDIR, muitas submunições não explodem no impacto inicial, deixando resíduos não detonados que podem ferir e matar indiscriminadamente como minas terrestres durante anos, até serem encontrados e destruídos. ANG/Lusa

 

EUA/ Companhias aéreas suspendem trabalhadores que festejem morte de Kirk

Bissau, 15 Set 25 (ANG) - Empresas norte-americanas estão a suspender funcionários que demonstrem regozijo com a morte do ativista norte-americano, afirmando que estes atos se enquadram na promoção de violência.

Várias companhias aéreas norte-americanas estão a suspender funcionários que expressem regozijo, nas redes sociais, com o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk.

Empresas como a Delta Airlines, a United Airlines e a American Airlines anunciaram as suas decisões, condenando atitudes que consideram que promovem o debate violento.

Em causa está a morte do ativista conservador Charlie Kirk, na passada quarta-feira, durante uma palestra no Utah, baleado mortalmente por um espetador.

A Delta Airlines fez saber que "tem conhecimento de funcionários" que fizeram publicações sobre a morte de Charlie Kirk que "vão para lá do debate respeitoso e saudável". 

"Estas publicações vão contra os nossos valores e as nossas políticas nas redes sociais, pelo que estes funcionários foram suspensos e estão sob investigação", afirmou o CEO da empresa, Ed Bastian. 

Já a American Airlines, em comunicado, assume que alguns funcionários partilharam conteúdos que "promovem violência" e por isso foram afastados do serviço.  

Segundo a CNN Internacional, estas decisões vão de encontro à pressão feita pela administração Trump para castigar todos os que celebrem o assassinato de Charlie Kirk.

Recorde-se que o secretário dos Transportes Sean Duffy disse, no sábado, que "qualquer companhia responsável pela segurança do público não pode tolerar comportamentos destes".

Charlie Kirk foi morto a tiro enquanto discursava numa palestra com alunos da Utah Valley University, na passada quarta-feira.

Amplamente conhecido por ter fundado a organização conservadora Turning Point USA, Charlie Kirk era um aliado próximo de Trump, que anunciou a atribuição, a título póstumo, a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração civil do país.

Kirk, de 31 anos, liderou também a 'Students for Trump' e promoveu uma campanha para recrutar um milhão de estudantes para a reeleição de Donald Trump em 2020. Era casado e pai de duas crianças.

Era um dos mais proeminentes ativistas pró-Trump e personalidades conservadoras dos Estados Unidos, tendo conquistado milhões de fãs.

O detido e suspeito da morte de Charlie Kirk é Tyler Robinson, um jovem branco de 22 anos, que disparou uma espingarda a partir do telhado de um edifício perto do local onde acontecia o debate.

O suspeito do assassinato de Charlie Kirk tem "28 ou 29 anos", de acordo com o presidente dos Estados Unidos, que espera que este condenado à pena de morte.

O suspeito terá confessado o crime ao próprio pai, tendo este acabado por partilhar essa informação com um amigo próximo. Este último acabou por contactar as autoridades e denunciá-lo.

 "Em menos de 36 horas - 33, para ser mais preciso - graças ao peso total do governo federal e à liderança dos parceiros aqui no estado de Utah e do governador Cox, o suspeito foi detido num período de tempo histórico", disse o diretor do FBI, Kash Patel, citado pela CNN.

Até ao momento, as autoridades não forneceram detalhes sobre as acusações que Robinson vai enfrentar, embora possa ser acusado de homicídio qualificado, um crime passível de pena de morte.ANG/RFI

 

ONU/Geografia da África Ocidental "representa desafio no controlo do tráfico de droga"

Bissau, 15 Set 25 (ANG) - A Iniciativa Global contra o Crime Transnacional indicou, no seu mais recente relatório, que cerca de um terço da cocaína consumida na Europa transita pela África Ocidental, com destaque para a instalação de redes criminosas em países como Cabo Verde.


Estas conclusões vêm ao encontro do alerta lançado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Droga e Crime, que identifica a Guiné-Bissau como uma zona de crescente interesse para o crime organizado e integrada na rota transatlântica do tráfico de droga.

A responsável pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime na Guiné-Bissau e Cabo Verde, Ana Cristina Andrade, considera a situação preocupante para toda a região e aponta para o aumento do consumo de drogas sintéticas nos dois países. 

Como se explica que Cabo Verde e a Guiné-Bissau tenham integrado a rota transatlântica do tráfico de droga e que estejam a servir de base para a instalação de redes criminosas?

A África Ocidental encontra-se numa posição geográfica particularmente sensível, situada entre a América Latina - onde se encontra a produção de cocaína - e a Europa, que representa - as evidências são claras - o principal mercado de consumo. Esta localização estratégica, aliada à vastidão das rotas marítimas e terrestres, cria condições propícias para que as redes criminosas transnacionais explorem a região como ponto de trânsito.

A Guiné-Bissau tem 82 ilhas na sua composição. Esta situação representa um desafio enorme para o Estado, no que toca ao controlo dos tráficos que podem ocorrer a nível dessas ilhas. Cabo Verde tem mais águas territoriais do que terra propriamente dita, o que constitui um desafio em termos de condições para o controlo da extensa área marítima. Para além do factor geográfico, existem também outras vulnerabilidades adicionais, nomeadamente os recursos limitados para a vigilância fronteiriça e marítima.

Como é que estes grupos mafiosos operam na África Ocidental?

Aquilo que percebemos é que a operação na África Ocidental não se restringe à própria África Ocidental. Há toda uma rede que a ultrapassa. É evidente que existem criminosos na região que facilitam as redes internacionais, mas há conexões transfronteiriças e inter-regionais.

Por isso é que nós, ao nível das intervenções, temos apostado em programas de resposta com forte envolvimento das autoridades judiciais e policiais da América Latina, da América do Norte, da Europa e de África. É fundamental que os países da África Ocidental continuem a aprimorar o seu quadro legislativo, harmonizando-o com as convenções internacionais nesta matéria.

Ao mesmo tempo, é essencial que tenham condições técnicas e humanas adequadas. Temos insistido muito na questão do reforço das capacidades técnicas dos operadores judiciais e policiais, para que possam reforçar a cooperação com os seus congéneres na Europa, América Latina e América do Norte.

Sabe-se que os intermediários são, por vezes, pagos em cocaína. Existe o receio de que este sistema provoque um aumento do consumo na sub-região - se é que ele já não existe?

Absolutamente. Isto acontece já há muitos anos. Os fornecedores de cocaína pagam os traficantes locais com cocaína - e temos referido essa realidade em diversos relatórios. Obviamente, isto tem um impacto directo nas comunidades, sobretudo entre as crianças e os jovens.

E não se trata apenas do comércio da cocaína ou de outras drogas ilícitas, ou mesmo de outros tráficos ilegais. Estamos a falar, sobretudo, do impacto que isto tem tido ao nível da África Ocidental - nomeadamente em Cabo Verde, na Guiné-Bissau e noutros países -, traduzido numa tendência crescente da oferta de cocaína e, consequentemente, também do consumo.

Para além da cocaína, há um aumento de outras substâncias?

Sim. Temos recebido relatórios de instituições nacionais, sobretudo da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, que apontam para o aumento do consumo de drogas sintéticas. Os criminosos têm aproveitado cada vez mais as novas tecnologias para impulsionar o comércio destas substâncias.

Por isso, nós, enquanto UNODC, temos vindo a alertar a comunidade internacional e os Estados-Membros para a importância de se realizarem investimentos financeiros nesta área. Mas, mais do que isso, que esses investimentos tenham por base a ciência, a coordenação, priorizando  as pessoas e as comunidades mais vulneráveis, tanto social como economicamente.

Quais são os impactos do tráfico de droga e da circulação de dinheiro ilícito nas instituições e na sociedade?

Em primeiro lugar, está comprovado que o tráfico de droga gera uma espiral de violência e de corrupção. A evidência mostra que nenhum país, nenhuma família, consegue prosperar num ambiente contaminado por este tipo de criminalidade.

Por isso, temos insistido junto das autoridades nacionais e internacionais sobre a importância da investigação financeira, que é uma ferramenta determinante no combate ao crime organizado e ao tráfico ilícito. A investigação financeira permite ir além da identificação dos autores materiais, alcançando os beneficiários económicos dessas actividades ilícitas.

É fundamental seguir a pista do dinheiro - porque isso possibilita, de facto, a apreensão de activos. Temos tido experiências muito positivas, por exemplo em Cabo Verde, onde foram recuperados activos ligados ao crime, que foram reinvestidos no combate ao próprio crime. A Guiné-Bissau está, neste momento, também a aprimorar o seu dispositivo legal nesse sentido.

A investigação financeira pode contribuir para desmantelar estas redes criminosas?

Absolutamente. Para nós, esse é um dos aspectos fundamentais. Temos procurado avançar por essa via porque acreditamos que, para desmantelar o comércio de droga, é preciso enfraquecer estas redes a partir da sua base económica. E é isso que a investigação financeira permite fazer.

Quais são as principais fragilidades institucionais e legais que facilitam a actuação destas redes criminosas?

Uma das fragilidades principais é a inexistência de leis alinhadas com os tratados regionais e internacionais. Quando não há cooperação judiciária internacional eficaz, isso representa um desafio enorme.

No comércio da droga, os traficantes estão altamente organizados. Por isso, temos trabalhado cada vez mais com as instituições dos Estados-Membros a nível regional. É fundamental construir confiança inte-rinstitucional entre os operadores judiciais. É preciso diálogo, uma investigação proactiva do tráfico e do comércio de droga.

A ausência desses elementos representa um factor de desestabilização e compromete os esforços de combate. Temos mantido um diálogo permanente com as autoridades judiciais e policiais, no sentido de reforçar tudo o que já é positivo - e também com os governos, para que reforcem os dispositivos legais, ratifiquem as convenções internacionais e as adaptem à cultura organizacional dos respectivos países.

É essencial reforçar a ética, a deontologia e prevenir a corrupção.

É este o apoio que as instituições internacionais podem dar aos países afectados pelo flagelo da droga?

Sim, absolutamente. Nós acreditamos que é possível mudar. E já existem provas de que, com um trabalho bem feito, com qualidade e com verdadeiro compromisso político, é possível transformar a realidade.

Temos de continuar a reforçar as comunidades, a empoderar os jovens, a fortalecer as capacidades das famílias no sentido da protecção das suas crianças - para que possam, de facto, dizer "não" a tudo aquilo que destrói, e contribuir para uma cultura de cidadania e para a consolidação do Estado de Direito.

Há uma questão muito importante: este combate tem de estar inserido num programa de desenvolvimento sustentável. Temos procurado, junto de todas as agências das Nações Unidas, fazer entender que o combate ao tráfico ilícito é uma questão de desenvolvimento dos países. Não se pode combater o tráfico de drogas isoladamente, sem considerar toda a dinâmica global. Por exemplo, a instabilidade política a nível mundial acaba por facilitar o tráfico de droga e outros tráficos ilícitos.ANG/RFI

França/Arranca julgamento de francesas ligadas ao autoproclamado Estado Islâmico

Bissau, 15 Set 25 (ANG) - Três mulheres suspeitas de pertencerem ao grupo Estado Islâmico na Síria, incluindo a sobrinha dos irmãos Clain que assumiram a responsabilidade pelos ataques de 13 de Novembro de 2015 em França, são julgadas em Paris, a partir desta segunda-feira.

Elas são acusadas de associação criminosa terrorista e arriscam uma pena de até 30 anos de prisão. O julgamento decorre até 26 de Setembro.

Jennyfer Clain, 34 anos, tinha casado com um alegado elemento do Estado Islâmico, Kevin Gonot, e é sobrinha de Jean-Michel e Fabien Clain, dois responsáveis de propaganda do Estado Islâmico, presumivelmente mortos na Síria e que reivindicaram os atentados de 13 de Novembro de 2015, em França, que fizeram 130 mortos e mais de 350 feridos. As outras duas arguidas são Mayalen Duhart, casada com outro alegado membro do Estado Islâmico, Thomas Collange, e Christine Allain, sogra das duas outras arguidas.

Jennyfer Clain casou aos 16 anos com Kevin Gonot, o pretendente escolhido pelo tio Jean-Michel Clain, e foi para Raqqa, na Síria, em 2014, onde o marido  também se tornou membro do Estado Islâmico. A mãe de Kevin Gonot, Christine Allain,67 anos, também se tinha mudado para lá. Mayalen Duhart, 42 anos, esposa do seu outro filho, Thomas Collange, viajou várias vezes com ele, desde 2004, para a Síria, onde se instalou definitivamente em 2014, três anos após o início da guerra.

As três arguidas foram expulsas da Turquia e formalmente acusadas quando chegaram a França, em Setembro de 2019, acompanhadas por nove crianças, com idades entre três e 13 anos. Tinham sido detidas dois meses antes na província turca de Kilis, que faz fronteira com a Síria, dois anos depois da queda de Raqqa, quando seguiram o grupo Estado Islâmico que ia perdendo território face às ofensivas curdas. Kevin Gonot e Thomas Collange foram detidos durante esta retirada, tendo o primeiro sido condenado à morte no Iraque em 2019.

Os juizes de instrução consideraram que as três arguidas “mantiveram-se ao longo do tempo” nos grupos jihadistas e que escolheram juntar-se ao Estado Islâmico na Síria, tendo beneficiado, com o resto da família, de salários e alojamentos fornecidos pelo grupo terrorista.

Jennyfer Clain e Mayalen Duhart também são acusadas de negligência parental por terem levado voluntariamente os seus filhos, quatro cada, "para uma zona de guerra para se juntarem a um grupo terrorista, expondo-os a um risco significativo de danos físicos e psicológicos" e "traumas graves".

Em 2022, no julgamento do 13 de Novembro, os irmãos Clain foram condenados à revelia a prisão perpétua. Fabien Clain tinha lido o comunicado a reivindicar os atentados, enquanto o irmão o acompanhava com cânticos religiosos. ANG/RFI

Vaticano/Papa Leão XIV critica perda de multilateralismo da ONU e ganância dos mais ricos

Bissau, 15 Set 25 (ANG) – O Papa Leão XIV deixou críticas à Organização das Nações Unidas (ONU) e às crescentes diferenças entre ricos e pobres, promovidas pelas grandes empresas, na primeira entrevista concedida desde que foi nomeado

No dia em que o Papa Leão XIV celebra 70 anos, o jornal norte-americano ‘Crux’ e o jornal peruano ‘El Comercio’ divulgaram excertos da primeira entrevista ao pontífice.

“Infelizmente, parece reconhecer-se que as Nações Unidas, pelo menos neste momento, perderam a sua capacidade para o multilateralismo” em situações de crise que obrigam ao diálogo, considerou Leão XIV, acrescentando que estes são “tempos em que a polarização parece ser uma das palavras do dia, mas isso não está a ajudar ninguém”.

Em relação à guerra que se vive na Ucrânia, e qual a possibilidade de ser o Vaticano a mediar as conversas entre Kiev e Moscovo, o Papa Leão XIV adiantou que “não é muito realista” olhar para a Santa Sé como uma figura de mediação, mas antes como defensor da paz.

O Papa Leão XIV disse estar “muito consciente das implicações de considerar o Vaticano como um mediador” e recordou as vezes em que o Vaticano se ofereceu para sediar reuniões de negociações entre a Rússia e a Ucrânia - quer no Vaticano, quer noutra propriedade da Igreja.

“A Santa Sé, desde que começou a guerra, tem-se esforçado muito para manter uma posição verdadeiramente neutra”, admitiu, sublinhando que “diferentes actores têm de pressionar o suficiente para que as partes em guerra digam: ‘já chega, vamos encontrar outra forma de resolver as nossas diferenças’”.

Fazendo referência às “mortes inúteis de ambos os lados” - quer no conflito na Ucrânia, quer noutros -, o Papa Leão XIV disse acreditar “que as pessoas devem de alguma forma ser despertadas para dizer que existe outra via para resolver a questão”.

Além dos conflitos que o mundo atravessa, a entrevista tocou também noutros assuntos, como a distribuição de riqueza a nível mundial, com Leão XIV a sublinhar “o crescente abismo entre a renda da classe trabalhadora e a dos ricos”.

“CEOs que há 60 anos talvez ganhassem mais quatro a seis vezes do que os trabalhadores, segundo os últimos dados que vi, ganham agora 6.600 vezes mais do que um trabalhador médio”, afirmou.

Para exemplificar estas diferenças, o Papa utilizou o caso de Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, que “será o primeiro tricliniário do mundo”.

“Se esta é a única coisa que tem valor, então temos um grande problema”, acrescentou na entrevista, citada pelo 'site' oficial de notícias do Vaticano, Vatican News.

O Papa Leão XIV celebra hoje 70 anos, e agradeceu, na oração dominical do Angelus, no Vaticano, as felicitações e as orações dos fiéis.

“Meus queridos, parece que sabem que hoje completo 70 anos”, disse Leão XIV, a partir da janela do Palácio Apostólico, vendo várias faixas dos fiéis que estavam na praça de São Pedro com mensagens de feliz aniversário. ANG/Inforpress/Lusa