Berna/Cimeira na Suíça será
"primeiro passo" para paz na Ucrânia, diz MNE suíço
Bissau, 10
Jun 24 (ANG) - Ministro dos Negócios Estrangeiros da Suíça , Ignazio Cassis,
disse hoje que a cimeira para a paz na Ucrânia, que terá a participação de 90
países e organizações, é um "primeiro passo" para um processo que
terá de incluir a Rússia, noticia a Lusa.
"A cimeira (que vai decorrer sábado e
domingo na Suíça) é um primeiro passo, mas não haverá processo de paz sem a
Rússia. A questão não é saber se a Rússia vai aderir, mas sim quando",
afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros suíço, Ignazio Cassis.
A Suíça acolhe, sábado e
domingo, uma cimeira que servirá como um "primeiro passo" para
encontrar um caminho para a paz na Ucrânia, com a presença de dezenas de altos
líderes, mas sem a Rússia ou, a priori, a China.
De acordo com ele,
"atrevamo-nos a falar de paz", desafiou Ignazio Cassis, na
apresentação do programa à comunicação social, hoje.
O objectivo da cimeira,
solicitada por Ucrânia, é "inspirar um futuro processo de paz", mas o
resultado da reunião permanece incerto, tendo uma fonte do Governo alemão
alertado que "e muito importante evitar expectativas exageradas".
A Ucrânia espera obter
um amplo apoio internacional, estabelecendo as condições que considera
necessárias para acabar com a guerra.
A cimeira baseia-se no
plano de paz de dez pontos do presidente ucraniano, com o objectivo de
estabelecer os meios para alcançar "uma paz justa e duradoura".
"Teremos discussões
aprofundadas sobre temas essenciais para a Ucrânia e para o mundo: situação dos
prisioneiros de guerra, ameaça nuclear e segurança alimentar", disse
Cassis.
Estes temas "não
são os mais delicados, mas são, no entanto, importantes", disse à agência
France Presse o director do instituto de investigação Swisspeace, Laurent
Goetschel.
Acrescentou que "se
for possível abordar estes temas em conjunto com os participantes russos poderá
facilitar o estabelecimento de uma base de confiança para futuras negociações
de paz".
A Presidente suíça,
Viola Amherd, adiantou que gostaria "de desenvolver (...) um roteiro sobre
a forma como as partes se podem juntar no âmbito de um futuro processo de
paz", apelando à adopção de "medidas de confiança".
Dos membros do grupo
BRICS (economias emergentes), que inclui a Rússia, apenas a Índia confirmou
publicamente a sua participação.
A China e o Brasil têm
dificuldade em participar sem Rússia e a participação da África do Sul continua
incerta.
A "Cimeira de Alto
Nível sobre a Paz na Ucrânia", como é oficialmente conhecida,
realizar-se-á paralelamente à reunião do G7 no sul de Itália que decorre
quinta-feira a sábado, com a participação do Presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky, em ambas as reuniões.
Os líderes do G7 esperam
chegar a um acordo sobre a utilização dos juros dos activos russos congelados
para ajudar a Ucrânia que tem sido alvo de uma ofensiva russa mortal desde
Fevereiro de 2022.
Zelensky juntar-se-á na
Suíça a representantes de mais de 90 países e organizações, incluindo o
Presidente francês, Emmanuel Macron, a vice-presidente dos Estados Unidos,
Kamala Harris, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro japonês,
Fumio Kishida.
Berna não convidou a
Rússia, que fez saber que não está interessada, porque considera que a Suíça
perdeu a sua neutralidade ao alinhar-se com as sanções europeias.
A Rússia tem afirmado
repetidamente que não participará em quaisquer negociações, a menos que Ucrânia
aceite a anexação por Moscovo dos cerca de 20% do território ucraniano que
ocupa actualmente.
A conferência realiza-se
numa altura em que as forças russas obtiveram as maiores conquistas
territoriais dos últimos 18 meses na Ucrânia, com o grande assalto terrestre à
região de Kharkiv, lançado a 10 de Maio, quando se apoderaram de várias aldeias
fronteiriças, o que obrigou milhares de pessoas a fugir.
O exército ucraniano, com falta de munições e de homens, está a debater-se com dificuldades, alegando, atraso na entrega da ajuda militar ocidental. ANG/Angop
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