Trabalho Infantil/Cabo Verde quer apertar regras contra a prática
Bissau,12 Jun 24(ANG) - O Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil assinala-se esta quarta-feira, 12 de Junho. Cabo Verde quer apertar regras para combater o trabalho infantil, afirmou o ministro da Família, Elísio Freire.
Aumentar de 15 para 16 anos
a idade para um adolescente poder exercer pequenas actividades é uma das
medidas que o ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Elísio
Freire, quer implementar.
Em declarações à agência
Lusa, o ministro explicou que “ao nível do código de trabalho é possível aos
15 anos, com autorização dos pais e estando a estudar, uma criança exercer
pequenas actividades”, mas disse que o Governo vai “aumentar essa idade
para 16 anos”.
Além disso, o executivo
prevê um novo Estatuto da Criança e Adolescente “com regras mais apertadas
para quem deixe as crianças trabalhar”. Vão também ser revistas as
definições de trabalhos perigosos “que não devem ser feitos por crianças”
e regulamentados os chamados “trabalhos leves”. Por outro lado, vão
continuar acções de sensibilização junto das famílias para mostrar que “as
crianças precisam de cuidados e protecção e não de trabalhar”. O Governo
destinou, por isso, verbas do Fundo Mais para construir e reabilitar 11 centros
nas ilhas com actividades para ocupar as crianças durante todas as horas do
dia.
"Tudo isto é para
apertarmos o cerco [ao trabalho infantil] dentro daquilo que são as nossas
responsabilidades que é actuar a nível da legislação, actuar a nível da
fiscalização, actuar a nível da sensibilização. Mas há aspectos que nos
ultrapassam que é dentro de casa de cada um. Por isso, tem de haver maior
sensibilização das próprias famílias para nos ajudarem com acções
complementares para podermos eliminar o trabalho infantil",
declarou Elísio Freire à agência Lusa.
Estatísticas oficiais
divulgadas em Fevereiro mostra que o trabalho infantil afecta 4,2% das crianças
de Cabo Verde (dos 5 aos 17 anos), ou seja, cerca de 4.900 menores. Os números
colocam Cabo Verde em melhor posição que os congéneres lusófonos de África e
que a generalidade do continente.
O Instituto Nacional
da Criança de Angola registou, entre Janeiro e Maio, 2.484 casos de exploração
de menores para trabalho infantil, sobretudo na agricultura, venda ambulante e
exploração de diamantes. A informação é avançada pela agência Lusa.
Em Angola, existe um Plano
de Ação Nacional para a Erradicação do Trabalho Infantil, que foi aprovado em
2021 e que tem como objectivo a implementação de medidas que promovam a
aplicação prática dos direitos da criança como forma de prevenção e erradicação
do trabalho infantil. Para o segundo semestre de 2024, o PANETI prevê a
realização de acções nas 18 províncias do país, nomeadamente a capacitação da
sociedade civil, incluindo a comunicação social, para travar a exploração
infantil.
Para muitas crianças
angolanas, o trabalho significa travar uma luta contra a fome. Centenas
trabalham para o seu sustento e para o sustento das suas famílias. Nas ruas,
avenidas, bairros, aldeias e mercados do país são visíveis crianças a vender
produtos ou a fazer trabalhos agrícolas ou outros, como cobradores de táxi,
engraxadores e lavadores de carros.
A mesma situação leva
centenas de crianças às ruas, por exemplo, de Maputo, em Moçambique. De acordo
com a agência Lusa, as autoridades estimam que cerca de 2,4 milhões de crianças
trabalhem, sobretudo nas zonas rurais, mas admitem melhorias nos últimos anos,
com a criação de condições para acesso à educação, formação profissional,
distribuição de cestas básicas e subsídio social básico às famílias mais
carenciadas. Nos últimos tempos, está a crescer o número de crianças que
trabalham na cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, que tem
vindo a sofrer com ataques de insurgentes desde 2017.
Na Guiné-Bissau, o
director-geral do Ensino Básico e Secundário, Paulo Có, disse à Lusa que está
preocupado com o abandono escolar de crianças neste período da campanha de
apanha do caju, principal produto agrícola do país. O ministério da Educação,
com o apoio da UNICEF e de uma operadora local de telemóveis, lançou uma
campanha denominada "Ka no pará Aprendi" ["Não paremos
de aprender"], em que realça que a campanha do caju “não deve
interromper a educação do seu filho. A educação é fundamental!”. A campanha
decorre nas rádios do país e através de SMS de todos os utilizadores daquela
rede.
O trabalho infantil
refere-se a qualquer actividade que prive as crianças da sua infância e que
seja prejudicial para a saúde física e mental. Os direitos à educação, saúde e
pleno desenvolvimento são direitos fundamentais da criança.
De acordo com dados da
Organização Internacional do Trabalho, cerca de 160 milhões de crianças em todo
o mundo (quase uma em cada dez) são submetidas a trabalho infantil e quase
metade está envolvida em tarefas potencialmente perigosas.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário