Nova Iorque/ONU adopta "Pacto para o
Futuro" para reforçar multiculturalismo
Bissau,
23 Set 24(ANG) – Dezenas de dirigentes do mundo inteiro reúnem-se no domingo na Cimeira do
Futuro, em Nova Iorque, para traçar um "futuro melhor" para a
humanidade, e lutar contra o impacto das guerras, da pobreza e do aquecimento
climático.
No arranque da Cimeira foi
adoptado o "Pacto para o futuro", em que os países comprometem-se a
trabalhar para a "manutenção da paz", apesar da oposição ao texto de
alguns países, incluindo da Rússia.
O "Pacto para o Futuro", o
principal documento a sair deste evento e que foi obtido através de amplas
negociações intergovernamentais, apresenta, em mais de 20 páginas, 56 acções em
áreas que vão desde a importância do multilateralismo ao respeito pela Carta da
ONU e à manutenção da paz. Aborda-se a necessidade da reforma das instituições
financeiras internacionais e a reforma do Conselho de Segurança da ONU, assim
como a luta contra as alterações climáticas, o desarmamento e o desenvolvimento
da inteligência artificial.
A luta contra o aquecimento global foi um dos
pontos delicados das negociações, tendo havido discórdia quanto à referência,
no documento, à “transição”
para abandonar os combustíveis fósseis.
Em cima da mesa, a colaboração e confiança
entre os países do Norte e os países do Sul. Os países em desenvolvimento
exigiram compromissos concretos sobre a reforma das instituições financeiras
internacionais, para facilitar o acesso de alguns deles ao financiamento para
lidar com desafios como os impactos das alterações climáticas.
Durante as negociações, a Rússia, apoiada
pela Bielorússia, o Irão, a Coreia do Norte, o Nicarágua e a Síria, apresentou
uma emenda ao projecto, defendendo que a ONU “não pode intervir” nos assuntos “internos” dos Estados, mas
a maioria da Assembleia recusou-se a validar esta proposta.
A Rússia manifestou a sua oposição ao texto,
não impedindo a sua adopção. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo,
Sergei Vershinin afirmou que "ninguém
está satisfeito com este texto" e que o acordo "não pode ser considerado
multilateralista".
Durante a cimeira, o secretário-geral da ONU,
Antonio Guterres, apelou os países a pôr em prática as medidas contidas no
Pacto e os seus anexos, o Pacto Digital Global e Declaração para as Gerações
Futuras.
"Hoje,
desafio-vos a agir, a pôr em prática o Pacto para o Futuro, privilegiando o
diálogo e a negociação, pondo fim às guerras que fragmentam o mundo e
reformando a composição e os métodos de trabalho do Conselho de
Segurança. É preciso acelerar a reforma do sistema financeiro
internacional e colocar as novas tecnologias ao serviço do interesse
superior da humanidade. O que determina o nosso sucesso ou fracasso não é a
adopção deste acordo, mas sim as nossas acções e o seu impacto na vida das
populações que servimos. E em todo o mundo, as pessoas aspiram à paz, à
dignidade e à prosperidade. Agora, vamos ao trabalho", afirmou
o secretário-geral da ONU, António Guterres.
No entanto, o Pacto não é vinculativo, o
que levanta algumas questões sobre a sua concretização, nomeadamente porque
alguns dos princípios apresentados, como a protecção de civis em conflitos, são
violados diariamente pelo mundo fora.ANG/RFI
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