Pequim/Congresso diz que EUA estão a ficar para trás da
China na preparação para guerra
Bissau, 19 Set 24(ANG) –
Dois comités do parlamento norte-americano advertiram que os Estados Unidos
estão a ficar rapidamente para trás em relação à China na preparação para uma
eventual guerra, que pode ocorrer a “qualquer momento”.
Os comités do
Congresso acusaram na quarta-feira o Pentágono, responsável pela defesa dos
EUA, de excesso de burocracia e lentidão em adotar novas tecnologias.
Os comités culparam
ainda a população, que descreveram como só respondendo a crises, pelo alegado
atraso, que deixa desprotegidos aliados como o Reino Unido, Austrália, Japão e
Coreia do Sul.
Republicanos e
democratas em ambos os comités enalteceram o trabalho da administração do
Presidente Joe Biden para estabelecer novas alianças, como a parceria de
tecnologia militar entre os EUA, Reino Unido e Austrália, conhecida como Aukus,
e a cooperação de segurança recentemente formalizada entre os EUA, Japão e
Coreia do Sul.
No entanto, os
procedimentos desatualizados do Departamento de Defesa em matéria de segurança
e de aquisições foram apontados como obstáculo, em especial no que respeita à
Aukus.
O presidente
do comité para os Negócios Estrangeiros da Câmara dos Representantes
(câmara baixa do parlamento) disse que os burocratas do Pentágono ainda não
autorizaram as transferências de tecnologia dos EUA para os dois membros da
aliança, quase um ano após a aprovação de uma isenção.
“A administração mantém
uma longa lista de tecnologias excluídas que limita a sua eficácia”, disse
Michael McCaul durante uma audição, citando redes de comunicações, acústica
naval e motores a jato como estando entre as tecnologias avançadas que estão a
ser retidas.
“Estes são os nossos
aliados mais próximos, com quem partilhamos as nossas informações mais
sensíveis”, acrescentou o republicano do Texas.
As audições decorreram
no meio de divergências entre os legisladores sobre o orçamento federal e o
orçamento anual da Defesa, à medida que se aproximam as eleições presidenciais
de 05 de novembro nos EUA.
A inflexibilidade das
aquisições militares foi mencionada de forma mais ampla pelos membros do comité
para a Estratégia de Defesa Nacional autorizado pelo Congresso, em
2022 e 2024, a avaliar o estado de prontidão da segurança nacional dos EUA.
O relatório mais
recente advertiu que os EUA precisam de um exército
significativamente maior para lidar com as ameaças simultâneas da China,
Rússia, Irão e Coreia do Norte.
O documento
pelou também a uma força mais integrada, a uma revisão radical da base
industrial dos EUA, a laços mais estreitos com os aliados e a uma abordagem da
defesa que alcance “todo o governo”.
“Acreditamos
unanimemente que a estratégia de defesa nacional está lamentavelmente
desatualizada”, declarou Jane Harman, uma antiga congressista de longa data que
representou a Califórnia e coautora do relatório.
“Durante anos, o nosso
governo não conseguiu manter-se atualizado. Todo o nosso sistema e o Pentágono
em particular são avessos ao risco”, explicou.
Eric Edelman, que foi
subsecretário da Defesa do antigo presidente George W. Bush, foi mais direto.
“Há um potencial real
para guerra a curto prazo, que seria difícil imaginar que não fosse uma
guerra global”, disse Edelman, que também foi embaixador dos EUA na Turquia e
na Finlândia.
“E há a possibilidade de
perdermos esse conflito. A parceria entre a China, Rússia, Irão e a Coreia do
Norte representa uma grande mudança no ambiente estratégico”, apontou.
Perante todas estas
ameaças, o número dois da diplomacia dos EUA, Kurt Campbell, disse que “a
Guerra Fria não tem comparação” e defendeu que o Pentágono e outros
departamentos precisam de mais pessoal que compreenda a tecnologia
avançada.
“Precisamos de mais
pessoas no governo que saibam o que é a Inteligência Artificial, que saibam o
que é a computação quântica, que saibam como criar incentivos para as nossas
próprias indústrias, mas que também impeçam que algumas das capacidades
críticas cheguem aos países que estão a competir intensamente connosco”, disse.
ANG/Inforpress/Lusa
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