terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Cultura


FESCULBI quer resgatar valores culturais tradicionais da região de Biombo

Bissau,  18 Dez 18 (ANG) - O Presidente da 5ª edição do festival cultural de Biombo, Valdir da Silva disse que o evento tem o propósito de   resgatar valores tradicionais e culturais da região de Biombo que está a perder a cada dia.

Em entrevista exclusiva à ANG esta segunda-feira, Valdir da Silva explicou que o festival  organizado anualmente na região de Biombo, tem quatro aspectos principais: cultural, gastronómico, académico e lúdico.

Afirmou que objectivo do festival é de unir os filhos e amigos de Biombo e organizar entre si, valores culturais e tradicionais da região, mostrando assim a práticas de gastronomia e desportiva dos tempos passados.

Revelou que debateram sobre o estado político, social e religioso da região, destacando os casos de conflito sobre posse de terra,  de herança, sobretudo da delimitação territorial da Região de  Biombo em detrimento de Bissau. 

Pediu a coparticipação do Estado na realização desse festival como tem feito nos outros festivais culturais para levar a cultura guineense para frente, e pensando positivamente num país melhor, justificando que é preciso juntar “porque só assim se pode ultrapassar conflitos sociais, culturais e políticos”.

 “Houve conferência sobre temas de actualidade, desporto tradicional, apresentação de todo o mosaico étnico da região, apresentação de pratos tradicionais que eram feitos  na época passada mas que  actualmente não feitos ”, explicou Valdir da silva. 

Aconselhou aos filhos e amigos da região de Biombo a repensar Biombo, participando na criação de emprego, infraestruturas, na dinamização de economia da região, na criação de condições básicas para o funcionamento dessa região, o que passa por investimentos nos sectores da saúde, educação, energia, comércio organizado e assim como nas infraestruturas  turísticas.

Apelou igualmente à população de biombo a deixar de partidarizar organismo sociais, acrescentando que a tradição tem a sua parte positiva e também negativa.

“ A Guiné-Bissau é um país de oportunidades. Se nós investirmos na cultura, iremos desenvolver-se melhor  que muitos  países de África. Investir na cultura significa conscientizar todo o guineense sobre importância de transmitir valores culturais de passado, imortalizar a cultura e a práticas tradicionais positivas na região de Biombo e na Guiné-Bissau em geral”, considerou.

O festival de Biombo denominado FESCULBI, decorreu durante  três dias, e os participantes debruçaram sobre diferentes temas, contradição entre o direito sucessório consuetudinário da tribo papel e o direito sucessório legal, evolução da democracia na Guiné-Bissau e exercício da cidadania face ao actual contexto político, entre outros. 

O evento contou com a participação de cerca de 500 pessoas vindas de diferentes regiões, teve a animação dos músicos nacionais.

A margem da 5ª edição cujo tema foi “Nô djunta mon pa nô ialça Biombo” (unamo-nos para erguer Biombo), foram feitas consultas gratuitas em diferentes localidades da região.

A edição foi patrocinada pela empresa FAGORAL, o Ministério do Negócio Estrangeiro, e a Secretaria de Estado de Juventude e Desporto.  
ANG/DMG

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Segurança Marítima


Capitão dos Portos da Guiné pede reparação de barcos que asseguram ligações às Ilhas

Bissau, 17 Dez 18 (ANG) – O Capitão dos Portos da Guiné defendeu hoje a necessidade e se fazer a reparação  dos  dois barcos nomeadamente Bária e Pecixe que fazem a ligação entre o continente e as ilhas ,a fim de se  evitar eventuais riscos de vidas.

Em declarações  hoje à ANG, Sigá Batista disse que de Novembro à Março, a Capitania sempre se depara com problemas de solicitações de socorro nos mares porque normalmente nessa época o país sofre de ventos fortes e o mar fica sempre agitado e provoca acidentes que as vezes causam perdas de vidas.

Acrescentou ainda que apesar de existirem medidas de proibição de navegação das pirogas, mas, como não existe barcos para esse efeito, a direcção da capitania resolveu ceder licenças à algumas embarcações que carregam  metade das suas lotações,tanto de pasageiros como de  cargas, e uso obrigatório de coletes sal-vidas.

Aquele responsável explicou que apesar de resistências por parte de alguns passageiros, que negam usar coletes alegando que se encontram sujos, tem estado a controolar a aplicação dessa medida.

Batista afirmou que a sua instituição se debate com  falta de meios  materiais e financeiros, e que  só têm um único bote de salvamento para responder as necessidades da população, o que os levas muitas vezes a recorrer à privados para efeitos de salvamento.

 Acrescentou que para se superar essas insufiências, enviou várias cartas para o governo mas  não obteve nenhuma resposta. ANG/JD/ÂC//SG

Cabo Verde


Embaixador guineense quer mais história da Guiné e Cabo Verde nos currículos escolares
Bissau, 17 dez 18 (ANG) -  O embaixador da Guiné-Bissau em Cabo Verde, Mbála Fernandes defendeu domingo maior divulgação de conteúdos da história dos dois países nos currículos escolares mútuos.
“É preciso incutir na nova geração que Cabo Verde e a Guiné-Bissau, nós somos obrigados a conviver para o resto da nossa existência”, disse Mbála Fernandes, em entrevista à agência Lusa.
A luta armada na Guiné-Bissau foi feita com muitos quadros cabo-verdianos e os dois países partilharam o governo durante os primeiros anos de independência.
A referência da união é Amílcar Cabral, o cabo-verdiano que liderou a guerrilha na Guiné-Bissau contra o poder colonial português, mas, para o diplomata guineense, a visão dos dois países sobre o político é “totalmente diferente”.
“Para nós continua a ser aquela luz e guia de todos os cursos transversais, de todos os quadrantes políticos. Em Cabo Verde têm outra visão”, afirmou, defendendo que “é necessário reeducar as pessoas, no sentido de conhecerem a sua identidade nacional”.
“Na Guiné-Bissau temos feriado a 20 de Janeiro por ser o dia da morte de Cabral, a 23 de Janeiro, dia dos antigos combatentes vivos, a 30 de Janeiro, dia das mulheres na Guiné-Bissau, dia em que morreu Titina Sila, quando se dirigia à Guiné para assistir ao funeral de Amílcar Cabral”, salientou o diplomata. ANG/Inforpress/Lusa

Política


“O PAIGC pode reconciliar os guineenses e conduzi-los em direção ao desenvolvimento económico e social” diz Domingos Simões Pereira

Bissau, 17 Dez 18 (ANG) - O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde disse em entrevista ao jornal “Financial Afrik” que o seu partido pode reconciliar os guineenses e conduzi-los em direção ao desenvolvimento económico e social.

 Domingos Simões Pereira disse que não tem a menor dúvida de que o PAIGC poderá reconciliar a nação guineense.
 
“No entanto, é preciso romper com os métodos do passado em que um bode expiatório era escolhido e acreditava-se que a mudança seria para melhor. Mas mudar um país envolve questões estruturais, planeamento estratégico e uma dinâmica”, explicou.

Acrescenta que a história sofrida do país gerou fenómenos sociais e reflexos que tornaram ainda mais complexa a especificidade do tecido social da Guiné-Bissau, acrescentando que , por isso, é  necessário levar em conta as estruturas tradicionais de poder, verticais entre grupos muçulmanos e horizontais entre os Balantas e as outras tribos. Porque, conforme ele, o colonizador soube explorar essas diferenças, para se impor.

 Além dessas estruturas tradicionais, segundo Domingos Simões Pereira há uma ligação dos guineenses com o exército, salientando que os Balantas forneceram o grosso número das tropas durante a guerra de libertação, mas não se desenvolveu mecanismos de relacionamento com o poder.

O líder do PAIGC refere que no período antes da independência, a Guiné-Bissau tinha apenas 14 estudantes e um contexto de violência criado por onze anos de guerra, explicando que nos anos 1990, a alternância política resultou numa vontade de despolitizar o exército e desmilitarizar os partidos políticos.

Afirmou que qualquer visão a longo prazo requer paz social e estabilidade, acrescentando que esses são os ingredientes necessários para restaurar a confiança entre a Guiné-Bissau e os seus parceiros e estabelecer um programa harmonioso de desenvolvimento, afirmando que o impacto social, a inclusão e o desenvolvimento humano são os três eixos do programa do partido que dirige.

Nesta entrevista ao jornal Financial Afrik, Domingos Simões Pereira  
 sublinhou que o seu partido partilha integralmente com as resoluções da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) acordadas em Março de 2018 para a saída da crise e que estipulam que as eleições sejam realizadas, no mais tardar, antes do fim de 2018.

O Líder do PAIGC foi igualmente perguntado sobre se as instabilidades políticas parecem ser uma regra na Guiné-Bissau, disse que nem sempre foi assim, adiantando que até o final dos anos 1970, o país era considerado uma ilha de estabilidade, enquanto a guerra civil explodia em Angola e Moçambique.

“Mas, como diz o ditado, do passado se tiram lições para o presente. Nós proclamamos a nossa independência em 24 de setembro de 1973. Mas, ao se retirar, a potência colonial lançou as sementes dos conflitos futuros”, sublinhou.

Por isso, Instado a falar em como fazer para que a Guiné-Bissau saia dessa situação de instabilidade que parece ser crônica, o ex-Primeiro-ministro afirma que a Guiné-Bissau deseja  uma mudança.

Disse que a nova geração também deseja ainda mais a mudança e a prosperidade.

“O nosso herói, Amílcar Cabral, foi um homem além de seu tempo, ao defender «Unidade e Luta», o lema do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde)”, salientou.

Acrescentou  que é forçoso dizer que, apesar das atitudes, ainda não houve um trabalho de reconciliação na Guiné-Bissau. “Pensávamos que todos os problemas do país seriam resolvidos com a saída dos portugueses. Mais de quarenta anos depois, os problemas permanecem e pesam sobre a coesão social”, disse a concluir Domingos Simões Pereira. ANG/LPG/ÂC//SG