segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Política


“O PAIGC pode reconciliar os guineenses e conduzi-los em direção ao desenvolvimento económico e social” diz Domingos Simões Pereira

Bissau, 17 Dez 18 (ANG) - O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde disse em entrevista ao jornal “Financial Afrik” que o seu partido pode reconciliar os guineenses e conduzi-los em direção ao desenvolvimento económico e social.

 Domingos Simões Pereira disse que não tem a menor dúvida de que o PAIGC poderá reconciliar a nação guineense.
 
“No entanto, é preciso romper com os métodos do passado em que um bode expiatório era escolhido e acreditava-se que a mudança seria para melhor. Mas mudar um país envolve questões estruturais, planeamento estratégico e uma dinâmica”, explicou.

Acrescenta que a história sofrida do país gerou fenómenos sociais e reflexos que tornaram ainda mais complexa a especificidade do tecido social da Guiné-Bissau, acrescentando que , por isso, é  necessário levar em conta as estruturas tradicionais de poder, verticais entre grupos muçulmanos e horizontais entre os Balantas e as outras tribos. Porque, conforme ele, o colonizador soube explorar essas diferenças, para se impor.

 Além dessas estruturas tradicionais, segundo Domingos Simões Pereira há uma ligação dos guineenses com o exército, salientando que os Balantas forneceram o grosso número das tropas durante a guerra de libertação, mas não se desenvolveu mecanismos de relacionamento com o poder.

O líder do PAIGC refere que no período antes da independência, a Guiné-Bissau tinha apenas 14 estudantes e um contexto de violência criado por onze anos de guerra, explicando que nos anos 1990, a alternância política resultou numa vontade de despolitizar o exército e desmilitarizar os partidos políticos.

Afirmou que qualquer visão a longo prazo requer paz social e estabilidade, acrescentando que esses são os ingredientes necessários para restaurar a confiança entre a Guiné-Bissau e os seus parceiros e estabelecer um programa harmonioso de desenvolvimento, afirmando que o impacto social, a inclusão e o desenvolvimento humano são os três eixos do programa do partido que dirige.

Nesta entrevista ao jornal Financial Afrik, Domingos Simões Pereira  
 sublinhou que o seu partido partilha integralmente com as resoluções da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) acordadas em Março de 2018 para a saída da crise e que estipulam que as eleições sejam realizadas, no mais tardar, antes do fim de 2018.

O Líder do PAIGC foi igualmente perguntado sobre se as instabilidades políticas parecem ser uma regra na Guiné-Bissau, disse que nem sempre foi assim, adiantando que até o final dos anos 1970, o país era considerado uma ilha de estabilidade, enquanto a guerra civil explodia em Angola e Moçambique.

“Mas, como diz o ditado, do passado se tiram lições para o presente. Nós proclamamos a nossa independência em 24 de setembro de 1973. Mas, ao se retirar, a potência colonial lançou as sementes dos conflitos futuros”, sublinhou.

Por isso, Instado a falar em como fazer para que a Guiné-Bissau saia dessa situação de instabilidade que parece ser crônica, o ex-Primeiro-ministro afirma que a Guiné-Bissau deseja  uma mudança.

Disse que a nova geração também deseja ainda mais a mudança e a prosperidade.

“O nosso herói, Amílcar Cabral, foi um homem além de seu tempo, ao defender «Unidade e Luta», o lema do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde)”, salientou.

Acrescentou  que é forçoso dizer que, apesar das atitudes, ainda não houve um trabalho de reconciliação na Guiné-Bissau. “Pensávamos que todos os problemas do país seriam resolvidos com a saída dos portugueses. Mais de quarenta anos depois, os problemas permanecem e pesam sobre a coesão social”, disse a concluir Domingos Simões Pereira. ANG/LPG/ÂC//SG

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