Especialista em Gestão de Conflito
considera Guiné-Bissau “Estado falhado”
Bissau 14
Dez 18 (ANG) – O Professor Universitário e Especialista em Gestão de Conflitos,
Carlos Alberto Costa considerou hoje a Guiné-Bissau de um” Estado falhado”, uma
vez que o Governo não tem capacidades de
satisfazer a sua população.
Em entrevista exclusiva à ANG, e numa análise ao
actual momento político do país, Costa sustentou que quando um Executivo não consegue garantir a educação para os seus
jovens, um país onde não há sintonia entre os principais órgãos da soberania, com o
sistema de saúde muito precária para não dizer inexistente, tudo isso
representa sintomas de um Estado
falhado.
Falando do
contestado processo de recenseamento eleitoral,
por certos partidos políticos com o Partido da Renovação Social (PRS) a
cabeça, Costa disse que o que está a acontecer se deve a falta de credibilidade
das pessoas que estão a representar o povo.
“A
Democracia é um sistema onde o povo escolhe os seus representantes, mas este
sistema tem as suas regras e princípios que devem ser obedecidos. A da
Guiné-Bissau ainda esta com muitos defeitos . O país ainda não entrou na fase
democrática verdadeiramente dita”, disse.
O
especialista em gestão de conflitos afirma que a Guiné-Bissau ainda esta numa
fase de transição para o processo democrático e que nesta etapa existem muitas
anomalias ou seja “ainda estamos num regime autoritário que quer liberalizar a
política”.
Para Costa
essas mudanças sempre trazem conflitos de interpreses, o que muitas das vezes
trava o processo de democratização, porque o sistema pode ser repressivo e
levar as pessoas a não obedecerem as leis.
Referiu que as instituições não funcionam, tendo salientado
que a mudança sempre trás consigo conflitos, e é o que está a acontecer no país.
Alberto
Costa disse que as eleições não vão atenuar a actual situação de tensão no país,
e que mesmo que venha o regime presidencialismo o conflito vai persistir porque,
segundo ele, o obstáculo está na classe política que entra no processo sem
estar preparada. “Temos o regime e a
oposição”, disse.
“Aqueles que
não fazem parte do regime ficam na oposição e fazem sabotagem. Neste caminho de
mudança há certos indivíduos que pertencem ao núcleo duro do poder. Querem
manter o sistema autoritário e as eleições não vão resolver a situação”, disse
frisando que resolução de conflitos da
Guiné-Bissau é de longo prazo.
Salientou que na oposição existem três categorias de
pessoas, que são os oportunistas, moderados e radicais, e que o primeiro é o grupo dos antigos políticos que só quer ganhar,
o segundo são as elítes ou seja os que estão à favor da democratização e os radicais são
aqueles que exigem a maior transformação democrática, mas não têm vontade para se
comprometer com o regime.
Como solução,
o especialista em gestão de conflitos elege a reforma lenta, e diz por se
tratar de num país em que os actuais governantes herdaram uma política podre que
veio desde a independência com um regime do partido único onde ninguém podia
ter uma ideia contrária, mesmo os órgãos de comunicação social tinham que fazer
a vontade do poder, e que, por isso, sair deste estado vai levar muito tempo.
“Mas tudo é possível quando os homens querem”, advertiu.
Carlos
Alberto Costa considerou a mediação da Comunidade Económica dos Países da
África Ocidental (CEDEAO), na crise guineense de “óptima” porque “ são os
políticos guineenses que foram pedir a mediação e, atendendo as circunstâncias,
estão a fazer o máximo.
“Eu acho que estão a trabalhar bem e os que
criticam a CEDEAO não devem a fazer
porque perderam a oportunidade de serem eles
a resolver os assuntos do país”, rematou.
ANG/MSC//SG
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