Bissau, 05 Ago 25(ANG) –
Jornalistas e apoiantes da liberdade de imprensa de todo o mundo, incluindo de
Portugal, lançaram uma petição para exigir a entrada de jornalistas
estrangeiros em Gaza, defendendo o “direito universal à reportagem
independente” em zonas de conflito.
A petição exige a “autorização
imediata das autoridades israelitas e do Hamas para permitir a entrada de
jornalistas estrangeiros em Gaza para reportar de forma independente”.
Caso as partes beligerantes não
acedam ao apelo, estes jornalistas afirmam “o seu apoio aos colegas
profissionais dos meios de comunicação social que, por quaisquer meios
legítimos, de forma independente, coletiva ou em coordenação com atores
humanitários ou da sociedade civil, optem por entrar em Gaza sem o
consentimento das partes envolvidas”.
Entre os subscritores
encontram-se os jornalistas Adelino Gomes, Cândida Pinto, José Manuel Rosendo e
Paulo Moura, Anthony Loyd, do jornal The Times, Christiane Amanpour e Anderson
Cooper, da CNN, Stuart Ramsay, da Sky News, assim como a organização Repórteres
Sem Fronteiras, através do seu diretor-geral, Thibaut Bruttin.
“Como demonstrado pelo legado
dos nossos colegas mortos, incluindo Marie Colvin, James Foley, Chris Hondros,
Tim Hetherington, Remí Ochlik e Steven Sotloff, é eticamente legítimo que os
jornalistas entrem em zonas de conflito sem aprovação oficial quando a urgência
de testemunhar supera o silêncio imposto pelas agendas políticas ou militares”,
pode ler-se numa carta aberta.
De acordo com estes
jornalistas, está em causa o “direito universal à reportagem independente e in
loco em zonas de conflito em todo o lado”.
“O acesso irrestrito e
independente para os jornalistas estrangeiros é urgentemente necessário, não
apenas para documentar a catástrofe em curso, mas para garantir que a verdade
desta guerra não é ditada por aqueles que controlam as armas e a narrativa”,
pode ler-se na carta aberta.
A petição apela ao Governo
israelita para que levante imediatamente as restrições aos jornalistas, e aos
grupos armados para que garantam a sua segurança e respeitem o seu estatuto
protegido pelas Convenções de Genebra.
Pede ainda o apoio dos
governos, organizações de liberdade de imprensa e sociedade civil, assim como
das organizações de comunicação social com quem trabalham os jornalistas que
assinam a petição.
Desde o início da guerra
israelita em Gaza, em retaliação pelo ataque do movimento islamita palestiniano
Hamas a Israel a 07 de outubro de 2023 (que fez cerca de 1.200 mortos e 251
reféns), foram mortos pelo menos 60.933 habitantes de Gaza, quase metade dos
quais crianças e mulheres, e mais de 150.000 ficaram feridos, segundo os
registos das autoridades sanitárias, considerados pela ONU fidedignos.
Perante as frequentes alegações
de crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza, os jornalistas salientam que
“deve ser do interesse de todas as partes que estas alegações sejam
investigadas por jornalistas independentes”.
Os jornalistas sublinharam
ainda que durante o conflito em curso “quase 200 jornalistas foram mortos, a
grande maioria palestinianos, tornando este o conflito mais mortífero para a
imprensa de que há registo”.
Entre os jornalistas,
profissionais dos media e apoiantes da liberdade de imprensa portugueses que
assinaram a petição estão também Paulo Nunes dos Santos, Alfredo Leite,
Patrícia Fonseca, Carlos Fino, Sérgio Furtado, Isabel Lucas, Rui Caria,
Henriqueta Fernandes, Catarina Neves, Pedro Miguel Santos, Filipa Melo, Ana
Paredes, Isabel Freire, José Monteiro, Ricardo Rodrigues, António Galvão, Sofia
Quintas e Margarida Salema.
Assinam também a petição
personalidades portuguesas como a escritora Ana Teresa Pereira, os cineastas
Pedro Neves e Ricardo Espírito Santo, a investigadora Ana Vieira e as
professoras Isabel Liberato e Maria Teresa Nobre Correia.
Entre os jornalistas estrangeiros
encontram-se ainda Christina Lamb e Louise Callaghan do jornal The Sunday
Times, Richard Engel, da NBC News, Christoph Reuter, da Der Spiegel, Stephanie
Le Bars, do Le Monde, Luis de Vega, do El País, Javier Espinosa Robles, do El
Mundo, e Jon Lee Anderson, da revista The New Yorker, numa lista de mais de 300
profissionais, encabeçada pelo fotojornalista britânico Don McCullin. ANG/Inforpress/Lusa