Combate ao terrorismo/França repatria 15 mulheres e 32 crianças dos campos de prisioneiros da Síria
Bissau 25 jan 23
(ANG) - Sob pressão de organizações internacionais e de famílias de jihadistas,
a França acaba hoje de repatriar 15 mulheres e 32 crianças que se encontravam
detidas desde 2019 em campos de prisioneiros jihadistas no nordeste da Síria,
sob controlo curdo.
Logo após chegarem a França, os menores
que em grande parte já nasceram nos campos de prisioneiros, "foram colocados sob a
responsabilidade dos serviços de apoio à infância e vão ser alvo de um
acompanhamento médico-social", indicou o Ministério Francês dos
Negócios Estrangeiros.
Já as 15 mulheres foram colocadas sob
custódia judicial. De acordo com as autoridades, 8 mulheres encontram-se em
prisão preventiva e as restantes 7, visadas por um mandado de captura, devem
comparecer perante o juiz antiterrorista para eventualmente serem formalmente
acusadas.
Particularmente afectada pelo terrorismo,
nomeadamente pelos ataques ocorridos em 2015, a França tem efectuado os
repatriamentos de jihadistas e seus familiares detidos na Síria ao conta-gotas,
mas esta opção tem vindo a ser alvo de crescentes críticas.
Ainda na semana passada, a França foi
condenada pelo Comité da ONU contra a Tortura, na sequência de uma acção
lançada em 2019 por familiares de jihadistas no sentido de fazer reconhecer que
a recusa de repatriar estas pessoas constituía uma violação da Convenção
Internacional contra a tortura e os tratamentos desumanos ou degradantes.
No ano passado, a França foi igualmente
condenada desta vez pelo Comité dos Direitos da Criança e também pelo Tribunal
Europeu dos Direitos Humanos pela sua falta de avanços concretos no regresso
das mulheres e menores ainda detidos na Síria.
Perante as crescentes pressões, a França
procedeu a um primeiro repatriamento de envergadura no dia 5 de Julho de 2022,
com o regresso de 16 mães e 35 menores. Em seguida, a 20 de Outubro, fez
regressar ao seu território 15 mulheres e 40 crianças, o repatriamento de hoje
sendo o terceiro desta dimensão.
Em meados do passado mês de
Dezembro, um colectivo de familiares de cidadãs francesas presas afirmou que
150 crianças continuam acantonadas em campos de prisioneiros na Síria.
Apesar de múltiplos apelos da
administração curda que tem dado conta da sua incapacidade em cuidar de todos
os presos, vários países -à semelhança da França- optaram até
agora por tratar dos repatriamentos "caso a caso".
O Canadá, por exemplo, anunciou na
sexta-feira o regresso de 6 mulheres e 13 crianças detidas no nordeste da
Síria. Em Novembro, a Holanda procedeu àquela foi a sua mais importante
exfiltração, com o repatriamento de 12 mulheres e 28 menores.
Segundo dados
de ONGs curdas, Al Hol, um dos maiores campos de
prisioneiros do país, abrange 55 a 57 mil presos, a Médicos Sem Fronteiras
estimando que 64% da população deste campo é constituída por menores.ANG/RFI
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