Direitos Humanos/Rússia retira-se da convenção europeia
O projeto foi divulgado na página da Duma, a câmara baixa do parlamento, noticiou a agência oficial russa TASS.
A medida resulta da saída da Rússia do Conselho da Europa por ter invadido a Ucrânia em 24 de fevereiro do ano passado.
Moscovo retirar-se-á de 21 acordos
internacionais, incluindo a Convenção sobre a Proteção dos Direitos Humanos e
Liberdades Fundamentais, a Convenção Europeia contra o Terrorismo e a Carta
Social Europeia, segundo a agência espanhola EFE.
A lista abrange ainda o Grupo de
Cooperação Internacional sobre Drogas e Toxicodependências, a assistência em
caso de desastres naturais e acordos nas áreas do desporto e da cultura,
segundo uma resolução aprovada pelo Governo russo em julho passado.
Um dia após a invasão, o Conselho da
Europa iniciou um procedimento contra Moscovo por ter considerado que “a
agressão da Federação Russa contra a Ucrânia” constituía uma “grave violação”
dos estatutos da organização.
A saída da Rússia foi oficializada em
16 de março do ano passado.
Na carta explicativa que acompanha o
projeto de lei, Putin argumentou que os acordos em causa deixaram de ter força
jurídica na Rússia desde que deixou de ser membro do Conselho da Europa.
Com sede na cidade francesa de
Estrasburgo, o Conselho da Europa foi criado em 1949.
Bélgica, Dinamarca, França, Irlanda,
Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Suécia e Reino Unido são os membros
fundadores.
A Ucrânia aderiu em 1995, e a
Federação Russa em 1996.
O Conselho da Europa conta agora com
46 membros, incluindo Portugal, que integra a organização desde 1976.
A croata Marija Pejcinovic Buric é a
atual secretária-geral do Conselho da Europa.
Em 1959, o conselho criou o Tribunal
Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) para lidar com alegadas violações da
Convenção Europeia dos Direitos Humanos, de 1950.
Na sua página na Internet, o TEDH
informou hoje que julgou uma queixa de três casais russos do mesmo sexo e que
concluiu que Moscovo violou os seus direitos por não reconhecer a relação nem
lhes garantir proteção legal.
“O Tribunal já tinha rejeitado o
argumento do Governo de que a maioria dos russos desaprovava a
homossexualidade, no contexto de casos relativos à liberdade de expressão,
reunião ou associação de minorias sexuais”, lê-se num comunicado do TEDH.
O tribunal considerou também que “a
democracia não significa simplesmente que as opiniões de uma maioria tenham
sempre de prevalecer”, devendo ser garantido “um tratamento justo das pessoas
pertencentes a minorias”.
Para justificar ter lidado com uma
queixa contra um país que deixou de ser membro do Conselho da Europa, o TEDH
disse que a Rússia continuava a ser responsável por atos denunciados antes da
decisão de abandonar a organização.
A Rússia “ultrapassou a sua margem de
apreciação e não cumpriu a sua obrigação positiva de assegurar o direito dos
requerentes ao respeito pela sua vida privada e familiar”, concluiu o TEDH,
numa decisão aprovada por 14 juízes contra três.
ANG/Inforpress/Lusa
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