Nigéria/Unicef pede medidas urgentes
para evitar que milhões passem fome
Bissau, 18 Jan 23 (ANG) - A Unicef pediu na terça-feira medidas
urgentes para evitar que em Junho próximo cerca de 25 milhões de pessoas passem
fome na Nigéria, devido à violência armada aliada aos impactos da crise
climática e aumento do preço dos alimentos.
As previsões daquela agência das Nações Unidas baseiam-se em
dados recolhidos para elaborar um quadro analítico sobre segurança alimentar,
em Outubro passado.
Assim, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
alertou em comunicado que a insegurança alimentar na Nigéria, que afecta
actualmente cerca de 17 milhões de pessoas, continuará a aumentar de forma
"alarmante".
"A situação de segurança alimentar e nutricional na Nigéria
é profundamente preocupante. Há centros de saúde cheios de crianças que lutam
para manter a vida. Devemos agir agora", afirmou o representante da ONU
naquele país africano, Matthias Schmale.
O aumento de preço dos alimentos somou-se "à violência
persistente nos estados nordestinos de Borno, Adamawa e Yobe", onde os
ataques de grupos terroristas são habituais, e ao "banditismo armado e
sequestros em estados como Katsina, Sokoto, Kaduna", Benue e Níger,
realçou a Unicef.
Esta circunstância obrigou muitas famílias a abandonarem as suas
casas, deixando cerca de 8,3 milhões de pessoas dependentes de ajuda
humanitária só nos três primeiros estados.
Por outro lado, a Nigéria registou, em 2022, fortes inundações
que danificaram mais de 676 mil hectares de cultivo, o que evitou que muitos
camponeses pudessem fazer as suas colheitas.
Segundo a Unicef, "as inundações são um dos efeitos da
crise climática na Nigéria e prevêem-se padrões climáticos mais extremos, que
afectarão a segurança alimentar no futuro".
De facto, cerca de seis milhões dos 17 milhões de pessoas que
passam fome na Nigéria são crianças menores de cinco anos que vivem nos estados
de Borno, Adamawa, Yobe, Sokoto, Katsina e Zamfara, segundo dados recolhidos
pela Unicef.
Nos três primeiros estados, o número de crianças com desnutrição
aguda pode aumentar este ano de 1,74 milhões para dois milhões.
A desnutrição aguda debilita o sistema imunitário, colocando
assim estas em risco de contraírem outras doenças ou mesmo de morrerem.
Da mesma forma, se não for tratada a tempo, pode alterar
gravemente o desenvolvimento físico e cerebral das crianças.
A insegurança é causada, desde 2009, pela actividade do Boko
Haram no nordeste e, desde 2016, por cisão deste, pelo Estado Islâmico na
Província da África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês).ANG/Angop
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