Fundação
Mo Ibrahim/“Guerra na Ucrânia
arrisca piorar estagnação do progresso na governação africana”, diz relatório da
Fundação
Bissau, 25 Jan 23 (ANG) – A guerra na Ucrânia arrisca acentuar o impacto da crise
ambiental e da pandemia de covid-19 no Índice Ibrahim de Governação Africana
(IIAG), que estagnou em 2021, de acordo com o relatório bianual hoje divulgado.
O relatório informa que, apesar
de ter registado um progresso ligeiro de 1,1 pontos na última década, entre
2012 e 2021, período coberto por este estudo, a curva de crescimento que o IIAG
vinha a registar desde 2014 entrou num planalto desde 2019.
Disse que, a desaceleração
deve-se sobretudo ao aumento de conflitos armados, repressão contra civis e
retrocessos democráticos em geral, que causaram deteriorações em termos de
segurança, respeito do Estado de direito, participação e direitos civis.
“Estes recuos anularam avanços
registados em África com mais oportunidades económicas e desenvolvimento
humano, em particular no acesso a cuidados de saúde”, salientou.
A estagnação,
refere a Fundação Mo Ibrahim, responsável pelo trabalho, ameaça os Objectivos
do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e a
Agenda 2063 da União Africana, que pretendem colocar o continente no caminho do
desenvolvimento económico inclusivo e sustentável.
“O nosso continente está
singularmente exposto aos impactos convergentes das alterações climáticas, mais
recentemente da covid-19, e agora ao impacto indirecto da guerra
Rússia-Ucrânia”, lamentou o empresário e filantropo sudanês Mo Ibrahim,
presidente da fundação.
Mo Ibrahim receia que a
derrapagem continue, urgindo os líderes africanos a agir para combater a
insegurança alimentar, a falta de acesso à energia, o desemprego jovem e a
instabilidade social e política.
“Estes são tempos difíceis. Mais
do que nunca, o compromisso de fortalecer a governação deve ser renovado, ou
vamos perder todo o progresso alcançado”, avisou.
O Índice Ibrahim de Governação
Africano mede anualmente a qualidade da governação em 54 países africanos
através da compilação de dados estatísticos do ano anterior.
O IIAG 2022 constata que 35
países registaram melhorias, enquanto 19 verificaram um declínio na década
entre 2012 e 2021. Porém, o progresso abrandou nos últimos cinco anos, parte
dos quais coincidem com a pandemia de covid-19.
O impacto da guerra na Ucrânia,
que começou em 2022, ainda não está abrangido por este estudo.
ANG/Inforpress/Lusa
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