França/Macron apela à união dos políticos que “disseram não aos extremos” nas legislativas em França
Bissau, 12 jun 24 (ANG) – O
Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou hoje à união de todos aqueles que
“disseram não aos extremos” para derrotar a extrema-direita nas eleições
legislativas antecipadas, marcadas para 30 de junho.
“Espero que, no momento
oportuno, antes ou depois (das eleições), os homens e mulheres de boa vontade
que, em conjunto, souberam dizer ‘não’ aos extremos, se juntem”, disse Emmanuel
Macron numa conferência de imprensa no Pavilhão Cambon Capucines, em Paris.
O Presidente francês deu
instruções aos partidos que fazem parte da sua coligação para dialogarem com as
outras formações políticas para afastar a extrema-direita, que acusa de
defender a exclusão, e a extrema-esquerda, que acusou de antissemitismo e
anti-parlamentarismo.
“Não quero dar as chaves do
poder à extrema-direita em 2027”, afirmou Macron, aludindo à data das próximas
eleições presidenciais, tentando defender o seu partido (Renascimento) como a
única opção moderada na atual reconfiguração acelerada das alianças entre a
esquerda e a direita.
Perante os extremismos, “o
bloco central, progressista, democrático e republicano (...) está unido e claro
na sua relação com a República, a Europa e as suas prioridades”, assegurou.
Emmanuel Macron defendeu
ainda que as eleições legislativas antecipadas anunciadas no domingo, após a
vitória do partido de extrema-direita União Nacional nas eleições para o
Parlamento Europeu, representam “uma resposta democrática” à atual situação
política do país e rejeitou a "possibilidade absurda” de se demitir após a
ascensão histórica da extrema-direita.
“Os nossos compatriotas
exprimiram as suas preocupações em matéria de segurança, imigração, poder de
compra”, disse o Presidente francês, referindo que no cenário atual não
bastavam “mudanças de governo ou coligações”.
Durante o seu discurso, Macron
afirmou ainda que “desde domingo à noite”, e do anúncio da dissolução do
Parlamento, “as máscaras estão a cair” e que as eleições legislativas são
também “um teste de verdade entre aqueles que escolhem fazer prosperar as suas
'boutiques' e aqueles que querem fazer prosperar a França”.
O chefe de Estado francês
condenou as “reviravoltas” e as “alianças profanas nos dois extremos, [entre
parceiros] que não estão de acordo em quase nada, para além dos cargos a
partilhar, e que não serão capazes de implementar qualquer programa”.
“A direita republicana, ou
pelo menos o seu responsável [Eric Ciotti], acaba de fazer pela primeira vez
uma aliança com a extrema-direita, e refiro-me à extrema-direita quando digo
União Nacional (RN na sigla em francês)", referiu o chefe de Estado
francês.
Para Emmanuel Macron, o
líder dos Republicanos, “vira as costas, em poucas horas, à herança [dos
ex-presidentes] General de Gaulle, de Jacques Chirac e de Nicolas Sarkozy”,
criticando-o por se posicionar a favor da reforma com o aumento da idade dos 62
para os 64 anos, quando o partido RN se mostrou contra a reforma das pensões
aprovada em 2023.
Para além disso, o chefe de
Estado francês acusou a extrema-direita francesa de ser “ambígua em relação à
Rússia” e criticou a sua vontade de “abandonar a NATO”.
Já com o acordo entre o
Partido Socialista, França Insubmissa, Ecologistas e Comunistas, Macron
criticou a aliança entre a “esquerda republicana e os seus líderes, que
pareciam ter feito escolhas claras durante a campanha europeia” com a
extrema-esquerda, que durante a campanha foi acusada de "antissemitismo,
comunitarismo e antiparlamentarismo".
A extrema-esquerda apresenta
“uma visão balcanizada da nossa política, da nossa diplomacia”, afirmou o chefe
de Estado, acrescentando que esta posição “não é possível, nem em relação à
Ucrânia, nem em relação ao Médio Oriente”.
Esta conferência de imprensa ocorre na sequência da sua decisão de dissolver o Parlamento após as eleições europeias de domingo e 18 dias antes da primeira volta das eleições legislativas em França (30 de junho). Como o sistema eleitoral francês prevê a realização de duas voltas, a segunda ocorrerá a 07 de julho.ANG/Lusa
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