Arábia Saudita/ Ministério do Interior bate recorde de execuções
Bissau,
04 Dez 24 (ANG) - O Ministério do Interior da Arábia
Saudita anunciou ter executado mais quatro pessoas na terça-feira (3) por
crimes comuns, levando o número de execuções no país a um novo recorde em 2024:
303 desde o início deste ano.
Segundo a ONG Anistia Internacional, em
2023 a Arábia Saudita executou 170 pessoas. A organização contabiliza desde
1990 o número de mortes relacionadas à rígida aplicação da lei islâmica nesta
rica monarquia do Golfo, país que mais elimina detentos, depois da China e do
Irã.
Para Taha al-Hajji, diretor jurídico da
Organização de Direitos Humanos Europeia Saudita (ESOHR, sigla em inglês),
baseada em Berlim, esses números são "incompreensíveis e
inexplicáveis". Até o final deste ano, a média pode chegar a uma execução
por dia, avaliam especialistas.
No entanto, o governo francês não
comenta a situação. Sem mencionar o desrespeito dos direitos humanos no país em
que negocia neste momento importantes parcerias, Macron se disse disposto nesta
terça-feira a apoiar a diversificação econômica de Riad.
"Sempre fomos um parceiro confiável
(...) e queremos consolidar esses investimentos e parcerias", afirmou
durante um fórum de negócios franco-sauditas no segundo dia de sua visita ao
país. De acordo com ele, várias companhias francesas estão prontas para
acompanhar o programa Vision 20230 de abertura e diversificação da monarquia,
principalmente no setor de energias renováveis e de inteligência
artificial.
Primeiro exportador mundial de petróleo,
a Arábia Saudita é constantemente criticada por recorrer à pena de morte, uma
política considerada excessiva e em contradição com os esforços de Riad para
veicular uma imagem mais aceitável do regime ao mundo.
O
príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que dirige a nação com mão de ferro,
declarou à revista The Atlantic em 2022 que havia limitado a
pena máxima a crimes mais graves. Ele também é acusado de ser o responsável
pela morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 2018, crítico do regime
Na
época, a França chegou a condenar o assassinato e a exigir "uma
investigação exaustiva" de Riad.
Quatro
anos depois, Macron recebia com grande pompa o príncipe herdeiro em Paris,
suscitando forte indignação de militantes de defesa dos direitos humanos.
"Os números não mentem e
contradizem completamente as declarações [de Bin Salman]", afirma Lina
al-Hathloul, responsável da comunicação da organização de defesa dos direitos
humanos ALQST, baseada em Londres. Segundo ela, Riad acredita que a pena de
morte é necessária para "a manutenção da ordem pública".
Entre as 303 pessoas executadas neste
ano pela Arábia Saudita, 103 foram mortas acusadas por participação no tráfico
de drogas e 45 por "incidentes relacionados a terrorismo". A ONU
advertiu o país em 2022 por esse tipo de condenação, que contradiz o direito
internacional.
Desde a
chegada de Bin Salman ao poder, em 2015, mais de mil pessoas foram condenadas à
pena de morte, segundo um relatório da ONG britânica Reprieve. Em março de
2022, 81 cidadãos chegaram a ser executados em um único dia, suscitando
uma imensa indignação internacional.
ANG/RFI/ AFP
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