Moçambique/Daniel
Chapo investido hoje como quinto presidente da República
Bissau,15
Jan 25(ANG) - Daniel Chapo é investido hoje, em Maputo, como
quinto Presidente da República de Moçambique, o primeiro nascido já depois da
independência do país, numa cerimónia com cerca de 2.500 convidados e a
presença de dois chefes de Estado.
Atual secretário-geral da
Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Daniel Chapo era governador da
província de Inhambane quando, em maio de 2024, foi escolhido pelo Comité
Central para ser candidato do partido no poder à sucessão de Filipe Nyusi, que
cumpriu dois mandatos como presidente da República.
Em 23 de dezembro, Daniel
Chapo, 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional como vencedor da
eleição a presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais de
09 de outubro, que incluíram legislativas e para assembleias provinciais, que a
Frelimo também venceu.
Formado em Direito pela
Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, em 2000,
Daniel Francisco Chapo nasceu em Inhaminga, província de Sofala, centro de
Moçambique, em 06 de janeiro de 1977, sendo por isso o primeiro presidente da
República nascido já depois da independência do país (1975).
Em entrevista exclusiva à
Lusa em 04 de outubro, Daniel Chapo afirmou que nunca tinha equacionado
concorrer à presidência, mas que recebeu essa "missão" para
"servir o povo".
"Na Frelimo recebe-se
missões. Nunca imaginei que seria um administrador distrital, mas depois, como
membro da Frelimo, fui chamado a esta missão, de dirigir o distrito de
Nacala-Velha, em Nampula. Depois também recebi a missão de dirigir o distrito de
Palma, em Cabo Delgado, quando começaram os projetos de gás, e depois também
governador de Inhambane", explicou.
A cerimónia de investidura
vai decorrer na Praça da Independência, no centro de Maputo, e arranca, segundo
o programa oficial, às 08h00 locais (menos duas horas em Lisboa), com
atividades culturais, prolongando-se até às 12h20.
Pelas 10h40 está prevista a
entrega dos símbolos do poder pelo presidente cessante, Filipe Nyusi, à
presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, que, de seguida, fará a
investidura de Daniel Chapo como novo presidente da República de Moçambique,
seguindo-se discursos oficiais, momentos culturais, 21 salvas de canhão e a
revista à Guarda de Honra das Forças Armadas de Defesa de Moçambique pelo novo
comandante-em-chefe.
Os presidentes da África do
Sul, Cyril Ramaphosa, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, foram anunciados
pela vice-presidente da Comissão Interministerial para Grandes Eventos,
Eldevina Materula, como os únicos chefes de Estado que confirmaram a presença
na cerimónia de hoje.
Estarão ainda presentes três
vice-presidentes, nomeadamente da Tanzânia, Maláui e Quénia, bem como os
primeiros-ministros de Essuatíni e do Ruanda e pelo menos oito ministros de
diversos países, incluindo o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de
Portugal, Paulo Rangel, e o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do
presidente de Angola, Adão de Almeida.
O Brasil faz-se representar
pelo seu embaixador em Maputo, enquanto Cabo Verde envia uma mensagem do chefe
de Estado.
Questionada se Venâncio
Mondlane, candidato presidencial que rejeita os resultados e lidera
manifestações pós-eleitorais, estará presente, Materula disse que o evento é
aberto a todos, seja ao político, que "é um cidadão moçambicano e está
convidado", seja à "'mamã' [vendedora] do mercado", garantindo
que a segurança do evento está acautelada.
Venâncio Mondlane convocou
três dias de paralisação e manifestações, desde segunda-feira, contestando a
tomada de posse dos deputados eleitos à Assembleia da República e a investidura
do novo presidente da República, hoje.
A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane - que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória - a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que já provocaram 300 mortos e mais de 600 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.ANG/Lusa
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