África do Sul/Governo reage a tarifas dos EUA com pacote económico e diplomático
Bissau, 04 Ago 25 (ANG) - O Governo da África do Sul anunciou hoje um pacote de medidas económicas e diplomáticas para responder à imposição de tarifas de 30% sobre as exportações pelos Estados Unidos, que entram em vigor esta semana.
Segundo um comunicado
conjunto dos ministros de Relações Internacionais e Cooperação, e de Comércio,
Indústria e Competição da África do Sul, o país vai continuar a negociar com
Washington com a intenção de alcançar um acordo comercial.
"Será negociado pragmaticamente, protegendo a integração
regional e a tarifa externa comum da União Aduaneira da África Austral [SACU,
na sigla em inglês], que representa 9% das nossas exportações globais",
afirmaram no documento.
Ao mesmo tempo, vão diversificar os mercados para outros países
e continentes, como a Europa, onde a Parceria de Comércio e Investimento Limpo
com a União Europeia lançou um pacote de investimento de 90 mil milhões de
rands (aproximadamente 4,3 mil milhões de euros) em março passado.
Esta aliança busca abrir novos mercados, como a exportação de
combustível sustentável para aviação (SAF) e a exportação de veículos híbridos
e elétricos.
"Frente aos desafios comerciais globais, a África do Sul
está a fortalecer o setor agrícola. Mercados foram abertos na China e na
Tailândia, e protocolos essenciais para produtos como as frutas cítricas foram
assegurados. Só a China representa um mercado de 200 mil milhões de
dólares", lê-se no documento.
A África do Sul tem ampliado alianças em mercados como Ásia e
Médio Oriente, incluindo Emirados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita, além
de desenvolver pacotes de comércio e investimento no Japão para abrir novas
portas às exportações.
O Governo tentará acelerar o desenvolvimento e expansão da Área
Continental Africana de Livre Comércio (AfCFTA) e desenvolver novas parcerias
nos mercados da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e Turquia.
A nível local, o Governo vai avançar com um pacote de resposta
económica para orientar as empresas afetadas para novos mercados, apoios
financeiros e um futuro Programa de Competitividade e Exportação.
As medidas de apoio às empresas estarão destinadas a absorver o
impacto das tarifas e facilitar estratégias de "crescimento e
resiliência" a longo prazo que protejam o emprego e a capacidade
produtiva.
Os impostos de 30% vão entrar em vigor esta quinta-feira e vão
ter um maior impacto nos setores da agricultura, têxtil, automóvel, aço,
alumínio, entre outros, e podem colocar em risco 100 mil postos de trabalho.
Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial da África do
Sul e um dos principais destinos para as exportações de automóveis, produtos
siderúrgicos e cítricos.
As relações diplomáticas entre os dois países pioraram desde que
o Presidente norte-americano, Donald Trump, ordenou em fevereiro a suspensão da
ajuda económica à África do Sul, ao acusar o Governo de confiscar terras da
minoria 'afrikaner' (sul-africanos brancos descendentes de colonos holandeses)
e pela postura crítica em relação a Israel perante o Tribunal Internacional de
Justiça.ANG/Lusa

Sem comentários:
Enviar um comentário