Bissau, 11 abr 19 (ANG) - A Polícia Judiciária (PJ)
da Guiné-Bissau tentou hoje deter o ministro da Agricultura no âmbito do caso
do arroz doado pela República Popular da China,
mas foi impedida pelos seguranças do governante.
Nicolau dos Santos |
O
ministro Nicolau dos Santos foi ouvido esta manhã por elementos da PJ durante
mais de duas horas, no seu gabinete no ministério, tendo a polícia dado ordem
de detenção, testemunhou a Lusa no local.
Perante a
ordem policial, seguranças do governante tentaram impedir a detenção e
arrastaram o ministro para uma outra sala, onde se barricaram.
Nicolau
dos Santos tentou resistir à iniciativa dos seus seguranças, dizendo: "Eu
vou, eu vou".
Cerca das
11:30 em Bissau (12:30 em Lisboa), o ministro ainda se encontrava no interior
do edifício.
A PJ reforçou entretanto a presença no local,
incluindo com agentes armados, e acabou por arrombar a porta.
O momento
foi marcado pela tensão, registando-se confrontos entre elementos da PJ e
seguranças do ministério, e um jornalista guineense foi agredido.
Segundo
fonte da PJ, a diligência está relacionada com o processo "Arroz do
Povo", relativo a arroz doado pela China Popular e que estaria a ser
preparado para ser vendido no mercado.
No início
desta semana, a PJ apreendeu 36 toneladas de arroz numa quinta do ministro da
Agricultura.
Até
agora, a operação desencadeada pela PJ guineense no início deste mês já levou à
apreensão de pelo menos 136 toneladas daquele alimento base dos guineenses.
Além da
apreensão feita na segunda-feira na quinta do ministro da Agricultura, a PJ já
tinha apreendido outras tantas toneladas de arroz em armazéns em Bafatá
alegadamente propriedade da empresa Cuba Lda, cujo dono é Botche Candé, antigo
ministro do Interior do país.
Na semana
passada, foram detidas três pessoas no âmbito desta operação.
Em declarações
à imprensa, o inspetor da PJ responsável pela operação, Fernando Jorge, disse
que o arroz doado pela China estava a ser preparado para ser vendido no
mercado.
"Só queremos mostrar a nossa determinação e dizer que esta investigação
vai até ao fim. A China doou 104 contentores de arroz e agora vamos perceber a
dinâmica de distribuição desse arroz", disse.
Na
quinta-feira, após a primeira apreensão de arroz ter sido tornada pública, o
ministro da Agricultura disse que os armazéns onde se encontrava o arroz
apreendido em Bafatá foram alugados pelo Governo e que o donativo doado pela
China não tinha sido desviado.
Num
comunicado divulgado à imprensa no mesmo dia, o primeiro-ministro guineense,
Aristides Gomes, que se encontrava em Washington, pediu à PJ para
"prosseguir o inquérito visando situar as responsabilidades no descaminho
verificado na distribuição do arroz doado pela República Popular da
China".
ANG/Lusa
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