quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

 Moçambique/Comunidade internacional deve unir-se contra “progressiva africanização do terrorismo”

Bissau,  04 Jan 23(ANG) – O embaixador de Moçambique nas Nações Unidas, Pedro Comissário Afonso, defendeu em Nova Iorque que a comunidade internacional deve “unir esforços” para combater a “progressiva africanização do terrorismo”.


O diplomata, que intervinha na cerimónia que assinalou o início do mandato de dois anos de Moçambique como membro não-permanente do Conselho de Segurança (CS) da ONU, classificou essa “progressiva africanização do terrorismo” como uma “das ameaças contemporâneas à paz e segurança internacionais”.

Moçambique foi eleito membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU para o período de 2023 e 2024 em 09 de junho.

“A ONU foi criada para ser um centro de harmonização das ações das nações na consecução de objetivos comuns, incluindo a paz e a segurança internacionais, a busca de relações amistosas entre as nações e a cooperação internacional”, frisou.

“Alcançando esses objetivos, podemos abrir caminhos, como diz a Carta [das Nações Unidas], para a promoção do progresso social e melhores padrões de vida em liberdade mais ampla. Devemos continuar a viver de acordo com esses princípios”, acrescentou.

Além de Moçambique, mais quatro países – Equador, Japão, Malta e Suíça -, iniciam hoje um mandato de dois anos como membros não-permanentes do Conselho de Segurança.

“O dia de hoje é uma data importante. Marca a assunção histórica de Moçambique do seu primeiro mandato como membro não-permanente do Conselho de Segurança”, destacou Pedro Comissário Afonso, manifestando que o seu país “assume a adesão ao CS com sentido de grande responsabilidade”.

Nessa perspetiva, Moçambique “compromete-se a dedicar totalmente a sua energia, em cooperação com outros membros deste augusto órgão para a manutenção da paz e segurança global”, vincou.

Citando a Carta das Nações Unidas, que atribui ao CS “a promessa de paz, o imperativo da busca de soluções pacíficas para os conflitos e o dever de cooperar com outras nações”, Pedro Comissário Afonso disse que esses são também “princípios sagrados inscritos na Constituição moçambicana”.

“Como membro eleito, daremos, portanto, grande importância a situações que constituam sérias ameaças à existência pacífica dos Estados no século XXI”, referiu.

De acordo com a regra da rotatividade, Moçambique vai presidir ao Conselho de Segurança das Nações Unidas durante o próximo mês de março.

O Conselho de Segurança, criado para manter a paz e a segurança internacionais em conformidade com os princípios das Nações Unidas, tem cinco membros permanentes – Estados Unidos da América, Rússia, França, Reino Unido e China – e dez membros não-permanentes.

Todos os anos, a Assembleia-Geral elege cinco de um total de dez membros não-permanentes, que nos termos de uma resolução da ONU são distribuídos da seguinte forma: cinco africanos e asiáticos, um da Europa de Leste, dois da América Latina, dois da Europa Ocidental e outros Estados.

A eleição de Moçambique ocorreu numa altura em que a insurgência armada na província de Cabo Delgado continua o principal desafio de segurança, com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência, que se prolongou pelos últimos cinco anos, levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED. ANG/Inforpress/Lusa

 

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