Gaza/Conflito Israel-Hamas
Bissau, 23
Nov 23 (ANG) - As tréguas de quatro dias acordadas com Israel em troca da
libertação de 50 reféns entram em vigor às 10h00 locais desta quinta-feira,
anunciou o movimento islamita Hamas.
“A trégua na Faixa de Gaza começará às
10h00 de quinta-feira", declarou Musa Abou Marzouk, membro sénior da ala
política do Hamas, à cadeia de televisão Al Jazeera do Qatar.
Marzouk adiantou que o Hamas está preparado
para um cessar-fogo global e para uma troca de prisioneiros", antes de
indicar que "a maior parte" dos reféns feitos durante os ataques de
07 de Outubro "são estrangeiros", sem dar mais pormenores.
O Secretário-Geral da ONU, António
Guterres, saudou quarta-feira o acordo entre Israel e o Hamas para a libertação
de reféns, mas considerou que "ainda há muito a fazer", disse o seu
porta-voz.
Guterres "congratula-se com o acordo
alcançado entre Israel e o Hamas, com a mediação do Qatar, apoiado pelo Egipto
e pelos Estados Unidos", afirmou o porta-voz numa breve declaração
recebida em Genebra, Suíça.
Acrescentou que a ONU fará tudo o que
estiver ao seu alcance para ajudar a implementar o acordo, segundo a agência
francesa AFP.
O acordo prevê a libertação de 50 reféns
detidos na Faixa de Gaza, em troca de 150 prisioneiros palestinianos e uma
trégua de quatro dias no território.
Cerca de 500 doentes e médicos do Hospital
Indonésio, localizado no norte de Gaza, foram retirados na terça-feira, numa
nova operação coordenada por agências humanitárias, indicou hoje o relatório
diário da ONU sobre o conflito entre Israel e o Hamas.
A retirada foi realizada um dia depois de
um ataque ao centro hospitalar ter causado a morte de pelo menos 12 pessoas,
afirma o relatório do gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos
Humanitários.
"(O hospital) continua cercado por
tropas e tanques israelitas", diz as Nações Unidas, observando que apenas
dois pequenos hospitais na metade norte de Gaza, de um total de 24,
permaneceram operacionais.
No sul da faixa, zona para onde foi
ordenada a evacuação de civis de Gaza e que também sofre bombardeamentos de
Israel, funcionam sete das 11 instalações hospitalares, disse a ONU.
O número de camas hospitalares no
território palestino caiu de 3.500 antes do conflito para 1.400.
Os ataques a centros hospitalares, que
segundo as forças israelitas são usados como refúgio pelos grupos armados do
Hamas, continuaram nas últimas 24 horas, e num deles contra o centro Al Awda,
quatro médicos morreram, divulgou na terça-feira a organização Médicos Sem
Fronteiras.
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
documentou 178 ataques a instalações médicas em Gaza até à data, com pelo menos
22 mortes e 48 feridos entre os profissionais de saúde em serviço.
A ONU recorda que 1,7 milhões de pessoas
abandonaram as suas casas devido ao conflito, mais de três quartos da população
de Gaza: cerca de 930 mil estão alojadas em escolas e outros centros da Agência
das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) e 770 mil estão na
parte sul.
Nas deslocações de norte para sul da faixa,
ordenadas por Israel, constatou-se que há um grande número de menores não
acompanhados e de famílias nas quais pais e filhos são separados à força, destaca
o relatório.
O documento recorda ainda que pelo menos 53
jornalistas morreram no conflito, dois deles no início desta semana.
Ainda que o acordo de cessar-fogo
temporário entre Israel e o grupo islâmico Hamas tenha contemplado a libertação
de 150 prisioneiros palestinianos, Telavive divulgou uma lista com os nomes de
300 pessoas, a maioria das quais homens com de 17 ou 18 anos de idade.
De acordo com o documento, entre os detidos
estão pessoas dos 14 aos 59 anos, com acusações que vão desde tentativa de
homicídio ao contacto com organizações hostis.
Estão também incluídos os nomes de 60
mulheres, a maioria detidas nos últimos dois anos por ofensas como colocar em
causa a segurança da região, infiltrar-se em Israel sem autorização, atirar
pedras, e posse de armas.
Israel aceitou terça-feira o acordo para um
cessar-fogo de pelo menos quatro dias, tendo todos os membros do Executivo do
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu votado a favor, exceto os três ministros
do Partido do Poder Judaico (Otzma Yehudit), de extrema-direita, e o ministro
da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir.
Para o efeito, o Hamas levará os reféns
para o Egipto através da passagem de Rafah, em grupos diários de cerca de 10,
que serão, depois, transferidos para Israel.
Por seu lado, Israel deverá libertar pelo
menos 150 prisioneiros palestinos - na maioria mulheres e menores - que não
tenham sido condenados por crimes de sangue.
"O número de pessoas libertadas irá
aumentar em fases posteriores da implementação do acordo", disse o
Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros em comunicado.
A entidade sublinhou ainda que o
cessar-fogo "irá permitir a entrada de um maior número de comboios
humanitários e ajuda humanitária, incluindo combustível designado para
necessidades humanitárias".
Apesar de o Hamas ter saudado o acordo, o
grupo garantiu que a luta não terminou. "Confirmamos que as nossas mãos
continuarão no gatilho e que os nossos batalhões triunfantes continuarão
atentos", alertou a milícia, em comunicado.
Depois do ataque surpresa do Hamas contra o
território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a
partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa
operação que denominou 'Espadas de Ferro'.
O primeiro-ministro israelita declarou
guerra com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados
Unidos e pela União Europeia (UE), tendo acordado com a oposição a criação de
um governo de emergência nacional e de um gabinete de guerra. ANG/Angop
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