quarta-feira, 22 de novembro de 2023

França/Presidente do Quénia pede fim de relações UE-África de "ciclos de dívida e dependência"

Bissau, 22 Nov 23 (ANG) - O Presidente do Quénia, William Ruto, pediu hoje à União Europeia que "redefina" a cooperação internacional e deixe de assentar as relações com África em "ciclos de dívida e dependência".

William Ruto fez o apelou num discurso proferido no plenário do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), ao fim das políticas europeias baseadas em dependências, que acabam por promover a "fragilidade económica" dos países africanos. "O Ocidente contra o Oriente é contraproducente", alertou.

Na opinião do líder queniano, é necessária uma "nova era de cooperação e colaboração", centrada nos desafios globais, porque "há ameaças que transcendem as fronteiras e os mares".

"É altura de adoptarmos uma abordagem comum às alterações climáticas, à desigualdade e aos conflitos", afirmou.

Observando que o aumento do custo de vida, a tensão orçamental e os desafios migratórios estão a enfraquecer a solidariedade internacional, o estadista queniano apelou à UE para que colabore com os países africanos na gestão da migração, abordando as causas profundas da migração ilegal.

O Presidente queniano disse ainda aos eurodeputados que as decisões tomadas agora irão moldar o século XXI, pelo que os instou a serem "visionários" e a investirem num futuro marcado pela "colaboração, solidariedade e compromisso".

“África não pode cair na dependência energética e deve apanhar o comboio da energia sustentável, seguindo esse caminho com o resto do mundo, para o que precisa de financiamento que não gere encargos a longo prazo ou relações baseadas na extração de matérias-primas”, sublinhou ainda o chefe de Estado queniano.

“Financiar um país africano custa cinco vezes mais do que um país ocidental, o que é "indefensável, tanto económica como moralmente", afirmou.

A arquitetura financeira global que gera "ciclos de dívida" para os países em desenvolvimento "pode ser mudada", disse William Ruto, "mas é necessária vontade coletiva e novas formas de cooperação baseadas em estratégias mutuamente benéficas", acrescentou. ANG/Angop

 

 

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