Moçambique/Parlamento aprova aumento
do tempo mínimo de serviço militar de dois para cinco anos
Bissau, 24 Nov 23 (ANG) – O
parlamento moçambicano aprovou, quinta-feira, o tempo mínimo de cumprimento de
serviço militar de dois para cinco anos.
Esta alteração resulta de uma
proposta feita neste sentido pelo governo que considera esta mudança necessária
para a profissionalização e retenção de militares nas Forças Armadas, numa
altura em que "o país enfrenta ameaças de natureza híbrida e
difusas".
Esta alteração à lei do serviço militar foi aprovada por
consenso pela Frelimo, no poder, assim como pelo partido de oposição MDM,
terceira força política do país. A bancada da Renamo, principal partido da
oposição, voltou a faltar à sessão parlamentar, mantendo o boicote contra os
trabalhos parlamentares, no quadro da contestação aos resultados das
autárquicas de 11 de Outubro.
No âmbito da revisão desta lei, mantém-se a idade mínima de 18
anos e máxima de 35 para o ingresso no serviço militar, sendo que o seu tempo
mínimo passa dos atuais dois anos para cinco anos. Este texto prevê igualmente
uma convocação directa para as Forças Armadas, mediante uma autorização do
ministro da Defesa Nacional, assim como a responsabilização criminal dos
recrutas e militares faltosos.
A nova lei prevê ainda o
pagamento de multas aos dirigentes de instituições públicas e privadas que não
reclamem a apresentação de um comprovativo de situação regularizada.
Ao defender as modificações introduzidas na Lei do Serviço
Militar, o ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, destacou os novos
desafios que se apresentam a Moçambique.
"O nosso país enfrenta atualmente
ameaças de natureza híbrida e difusas, com conexões ao crime organizado
transnacional. Com efeito, para combatê-las, exigem das Forças Armadas de
Defesa de Moçambique maior profissionalização dos seus efetivos, através de uma
maior retenção dos militares nas fileiras, formação e treino, para além da
obtenção cada vez mais seletiva de recursos humanos com perfil desejável para
atender os desafios da defesa nacional", argumentou
o governante.
Neste sentido, Cristóvão Chume considerou que "a presente
proposta de lei do serviço militar concorre para a materialização dessa vontade
que vai de encontro à salvaguarda da segurança nacional porque se centra em
aspectos fundamentais, a modernização e profissionalização das Forças Armadas
de defesa de Moçambique", o ministro indicando ainda
que deveriam ser viabilizados aumentos salariais para os soldados e sargentos.
Estas alterações foram validades numa altura em que a província
de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, continua a ser palco de ataques
perpetrados por grupos armados, apesar da presença desde Julho de 2021 de
tropas do Ruanda e de países da SADC em reforço das tropas moçambicanas, no
âmbito do combate ao terrorismo.
No passado mês de
Agosto, os países da SADC decidiram efetuar uma retirada progressiva das suas
tropas até meados de Julho do próximo ano. Uma perspectiva perante a qual
o Presidente moçambicano reclamou , quinta-feira, uma reflexão às
Forças Armadas no sentido de se garantir a segurança dessa região nortenha do
país depois da saída das tropas regionais.
O Presidente destacou
nomeadamente a necessidade de "convocar o
cidadão" e
a sociedade em geral para "participarem
ativamente no esforço de defesa nacional".
Recorde-se que as violências vigentes em Cabo Delgado desde
Outubro de 2017 provocaram cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo
de conflitos ACLED e mais de um milhão de deslocados, de acordo com a ONU. ANG/RFI
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