Angola/África celebra dia da Industrialização
Bissau, 20 Nov 23 (ANG) –
O continente africano celebra hoje, 20 de Novembro, o dia da Industrialização,
um marco importante para reflexão sobre o aproveitamento dos recursos naturais
do solo africano para obter um preço justo no mercado e consequentes avanços à
nível internacional.
A comemoração tem como principal objetivo realçar a importância
da industrialização e da transformação da economia continental, que caminha
para um mercado único de 1,3 mil milhões de pessoas no âmbito da recém-criada
Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA).
Esta zona espera atingir um total agregado de despesas de consumo e negócios de
até quatro biliões de dólares americanos, que criam uma oportunidade para
melhorar as suas ligações comerciais e de produção e finalmente aproveitar a
competitividade industrial que resulta da integração regional, como acontece
noutras regiões.
Instituída pelas Nações Unidas, em 1989, com a resolução 44/237, inicialmente
com o objetivo de mobilizar a comunidade internacional para a industrialização
do continente africano, a efeméride constitui hoje, mais do que nunca um meio,
um fim rumo ao alcance do desenvolvimento do continente.
África precisa de recorrer à sua industrialização para deixar de exportar
recursos naturais brutos que acabam por retornar ao continente como produtos
acabados a preços três a quatro vezes mais caros.
O continente berço da humanidade necessita de evitar a contínua
exportação de mão-de-obra e consequentemente criar empregos e valorizar os
milhares de africanos, facto que contribuíra para o crescimento das economias
africanas.
Os fins que a industrialização do continente persegue têm a ver com a
necessidade de África sair da atual situação em que se encontra, traduzida no
empobrecimento da população, sobretudo a rural.
Nestes esforços de industrialização, espera-se que práticas condenáveis como o emprego
de mão-de-obra infantil, a discriminação do género no emprego e no salário, a
não observância das leis laborais, o abuso do poder disciplinar e outros
procedimentos reprováveis façam parte do passado.
Numa altura em que o continente enfrenta o desafio da diversificação da
economia, o processo de industrialização, observando todas as regras e
procedimentos para com o ambiente, é vital para o continente promover o chamado
desenvolvimento sustentável.
Dados apontam que no continente africano as indústrias mais comuns são as que
transformam as matérias-primas em produtos para exportação, como por exemplo as
fábricas de açúcar, de óleos comestíveis, indústrias de beneficiamento de
fibras de algodão, lã, sisal, entre outras.
Apesar dos grandes recursos, os países africanos são pouco desenvolvidos
industrialmente e isso não quer dizer que vários deles não tenham procurado
saídas para o problema. Em alguns, tem-se tentado reduzir a importação,
incentivando a industrialização de produtos básicos
Distinguindo-se dos demais países do continente, África do Sul e o Egipto são
as duas nações mais industrializadas da África.
O Dia da Industrialização de África é comemorado pela União Africana, desde
2018.
Segundo estimativas disponíveis, 37 países africanos
industrializaram-se, na última década, dos quais os com melhor desempenho
“não são necessariamente aqueles com as maiores economias, mas sim os que geram
um elevado valor acrescentado de produção per capita”.
Em 2022, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a União Africana (UA) e o
Programa das Nações Unidas para a Desenvolvimento Industrial (UNIDO) lançaram
conjuntamente a edição inaugural do Índice de Industrialização de África (IIA),
à margem da Cimeira da UA sobre Industrialização e Diversificação
Económica, em Niamey, no Níger
No seu relatório, o IIA indica que a África do Sul manteve uma classificação
muito elevada ao longo do período 2010-2021, seguida de perto por Marrocos, que
manteve o segundo lugar, em 2022.
Nos seis primeiros lugares estão o Egipto, a Tunísia, as Maurícias e o
Eswatini, de acordo com o mesmo índice, que fornece uma avaliação a nível
nacional dos progressos de 52 países africanos através de 19 indicadores-chave.
O objetivo do relatório apresentado é permitir aos governos africanos
identificar países comparáveis para aferir do seu próprio desempenho industrial
e identificar as melhores práticas de forma mais eficaz.
Na avaliação do BAD, apesar de África ter mostrado progressos encorajadores na
industrialização durante o período 2010-2022, a pandemia da Covid-19 e a
invasão russa da Ucrânia atrasaram os seus esforços e salientaram as lacunas
nos sistemas de produção.
O continente tem uma oportunidade única de resolver esta dependência através de
uma maior integração e conquista dos seus próprios mercados emergentes, afirma
o diretor do BAD para o Desenvolvimento Industrial e Comercial, Abdu Mukhtar.
O BAD investiu até oito mil milhões de dólares americanos, ao longo dos últimos
cinco anos, no âmbito da sua prioridade estratégica (High-5) Industrializar
África, prevendo gastar, só no sector farmacêutico, pelo menos três mil milhões
de dólares até 2030,
O Índice Industrial Africano reflete o compromisso do Banco em promover a
industrialização como uma prioridade estratégica no âmbito da sua Estratégia
decenal (2013-2022), e as suas cinco principais prioridades operacionais
(High5).
Considera-se que a construção de uma indústria produtiva deverá ser parte
integrante do desenvolvimento de África, oferecendo um caminho para uma
transformação estrutural acelerada, a criação de empregos formais em escala e o
crescimento inclusivo.
O relatório do IIA refere ainda que a quota de África na
indústria transformadora mundial continuou a diminuir para o nível atual de menos
de 2%, numa altura em que políticas industriais mais proativas são encaradas
como cruciais para inverter a tendência.
O norte de África continua a ser a região africana mais avançada
em termos de desenvolvimento industrial, seguida pela África Austral, África
Central, África Ocidental e África Oriental. ANG/Angop
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