Venezuela/Crise entre Caracas e Madrid depois de
ministra espanhola qualificar Venezuela de "ditadura"
Bissau, 13 Set 24 (ANG) - O
governo venezuelano chamou de volta a sua embaixadora em Madrid para consultas,
depois de a ministra espanhola da defesa ter qualificado publicamente o regime
venezuelano de "ditadura".
Yvan
Gil, anunciou ontem à noite ter chamado de volta a sua embaixadora, Gladys
Gutierrez, "para consultas" e ter
também convocado o embaixador espanhol na Venezuela, Ramon Santos, para que
compareça no ministério nesta sexta-feira.
Esta decisão acontece depois de a ministra
espanhola da Defesa, Margarita Robles, ter dito ontem durante a apresentação de
um livro, que o governo de Nicolás Maduro é uma "ditadura", e ter expressado a sua solidariedade para com "os homens e as mulheres da Venezuela que
tiveram de deixar o seu país".
Palavras
"insolentes e grosseiras", considerou o chefe da diplomacia
venezuelana, para quem isto traduz "uma deterioração" das relações
bilaterais, numa altura em que o opositor venezuelano Edmundo González Urrutia,
que reclama a vitória nas presidenciais de Julho, acaba de se exilar desde
domingo em Empanha.
Reagindo hoje a esta decisão, o ministro
espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, mostrou-se
prudente. "Convocar
um embaixador, eu já fiz isso em várias ocasiões, e uma chamada para consultas
são decisões soberanas de cada estado, e por isso não há nada a comentar," limitou-se
a dizer o chefe da diplomacia espanhola antes de referir “estar a trabalhar para ter as melhores
relações possíveis com o povo irmão da Venezuela".
O mal-estar tem aumentado nestes últimos dias
entre Caracas e Madrid, depois do governo espanhol ter concedido asilo a
Edmundo González Urrutia, sendo que ontem este último foi recebido pelo chefe
do governo espanhol, Pedro Sánchez, que lhe deu as boas vindas.
A Espanha, à semelhança dos restantes
países-membros da União Europeia, tem recusado reconhecer um vencedor nas
presidenciais de 28 de Julho na Venezuela, condicionando a sua posição à
publicação integral das actas eleitorais. Até agora, as autoridades
venezuelanas não o fizeram, alegando terem sido alvo de um ataque informático.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou
o presidente Nicolás Maduro vencedor da eleição, com 52% dos votos. Mas este
resultado é contestado pela oposição, que garante, com base nas actas
fornecidas pelos seus delegados, que Edmundo Gonzalez Urrutia obteve mais de
60% dos votos.
Refira-se, entretanto, que os Estados Unidos
tomaram claramente posição a favor de Urrutia que reconhecem como Presidente
democraticamente eleito. Depois de terem obtido na semana passada a apreensão
na República Dominicana do avião de Nicolás Maduro, algo que o interessado
qualificou de "roubo", os Estados Unidos anunciaram ontem
sanções contra 16 pessoas ligadas a Maduro, afirmando que "colocaram entraves" ao
desenrolar das presidenciais. Sanções logo rejeitadas "com a maior firmeza" por Caracas
que as qualificou de "ilegítimas e ilegais". ANG/RFI
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