“Próximos
dias serão cruciais para resolução interna da crise política”, avisa Presidente
da República
Bissau, 02 Dez 2017 (ANG) – O
Presidente da República advertiu hoje que os próximos dias serão determinantes
para a resolução da crise político/institucional e que os guineenses saberão
mostrar ao mundo de que são capazes de resolver os problemas.
“Não devemos confiar mais nos
outros que vem de fora, desvalorizando e deixando de lado os nossos irmãos.
Essa atitude não é boa para a imagem do nosso povo e nem para o país”,
reconheceu José Mário Vaz no seu discurso por ocasião do fim do ano.
Nos últimos dias, um grupo de
líderes religiosos, a pedido do Presidente Vaz, tem mantido contacto com
diferentes actores da crise política, nomeadamente o PAIGC, PRS, grupo dos
“15”, no sentido de aproximar as partes e, eventualmente, obter um consenso
entre estes.
O Chefe de Estado sublinhou
que o ano que agora começa constitui uma oportunidade “impar” para os
guineenses de iniciarem a construção dos fundamentos para uma verdadeira
reconciliação nacional, pois “temos maturidade suficiente para reconhecer o bem
e o mal e o penoso impacto que esta crise vem causando ao povo”.
De acordo com o Presidente
Vaz, os acordos de Bissau e de Conacri e o roteiro que, diz, apesentou recentemente
na cimeira de Nigéria para a saída da actual crise política, são instrumentos
validos e estão disponíveis para os actores políticos e o povo em geral apropriarem-se
deles.
Lembrou que perante a crise ninguém
esta isento de responsabilidade, pois cada um esta implicado “directa ou indirectamente
por acção ou omissão do dever de participação cívica”.
Ao longo de 2017, segundo o
Presidente, o ambiente nos debates entre políticos foi mais inflamado “do que
mandam as regras da sã convivência e da boa educação”, o que afectou a
sociedade, criando mal-estar entre irmãos.
O actual momento de crispação
política é inegavelmente uma experiência negativa para a democracia, mas
constitui também oportunidade para se encontrar novos caminhos e abordagens
para a concretização da reconciliação nacional, afirmou.
“Apesar das desavenças, eu
acredito que demos passos significativos, mas não o suficiente, porque estou
convicto que podemos fazer ainda mais e melhor, pois o guineense quando quer,
faz”, manifestou JOMAV.
“Reafirmo minha convicção de que,
com determinação e coragem…vamos vencer mais este desafio da reconciliação
nacional e juntos seremos mais fortes e mais solidários”, prognosticou José Mário
Vaz.
De acordo com o Chefe de
Estado, a união que no passado fez a diferença terá que ser a “nossa”
ferramenta e forca no presente e no futuro e lembrou que ninguém deve ter a
pretensão de pensar que sozinho é capaz de trabalhar ou ocupar determinado
lugar.
Lembrou que os políticos,
sobretudo os que estão a frente dos destinos do país, tem grande responsabilidade,
porque o povo depositou neles sua confiança ao elege-los, pelo que devem fazer
mais e melhor.
Disse que o facto de no interior
da Guiné-Bissau faltar tudo, nomeadamente o nível “péssimo” dos cuidados
primários, a educação, o saneamento básico, os acessos e as condições difíceis
para a produção de alimentos de que o povo necessita, constituem preocupação
“reais e constantes” para si.
A manter-se esta situação,
segundo Mário Vaz, pode contribuir na descredibilização da política e dos
políticos, pois a principal preocupação desta classe e de estar ao serviço dos
guineenses.
O Presidente da República diz
que nos três anos do seu mandato, o país vive uma “paz civil autêntica”, pois
não houve um único tiro nos quartéis, tudo graças ao empenho das forcas de
defesa e segurança.
“Não há crianças órfãs ou viúvas
porque o pai ou marido morreu por questões políticas”, destacou advertindo de
seguida que as mortes políticas acabaram-se na Guiné-Bissau.
Acrescentou ainda que nesse
período ninguém foi morto ou espancado ou detido arbitrariamente, além de
existir liberdade de expressão, de imprensa e de manifestação. “Na Guiné-Bissau
hoje, não se colocam questões de violações de direitos humanos”, disse
proclamando que o tempo de ódio acabou.
Falando do ano que termina, o
Presidente da República salientou que foi mais um de aprendizagem, com avanços
e recuos, pelo que não se pode perder os sucessos registados e corrigir os
erros.
De acordo com o Chefe de
Estado, não se alcançou todas as metas traçadas para melhorar a vida dos
guineenses mas lembrou a todos para não se vergarem e acreditarem no amanha com
esperança e coragem.
“Registamos um crescimento na
nossa economia e recuperamos a confiança de alguns parceiros, através de boa
gestão, assim como conseguimos, com recursos internos honrar os compromissos,
nomeadamente o pagamento de salários, dos atrasados com organizações nacionais
e internacionais, além de investimentos efetuados no quadro do Programa de
Investimento Publico”, realçou o Presidente.
Saudou a selecção nacional
por, em 2017, ter proporcionado um dos melhores momentos com sua actuação no
Campeonato Africano de futebol e notou que por o preço por quilograma ter
atingido os mil francos tornou este ano no melhor em termos da campanha de castanha
de caju.
A concluir avisou que o futuro
não se constrói em três anos e meio e muito menos com discursos bonitos, mas
sim com trabalho árduo e “mon-na-lama”, seu slogan
de combate a pobreza, apoiado com o dinheiro de Estado no cofre do Estado, ou
seja, luta contra a corrupção.
ANG/JAM
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