Covid-19/ONU critica ‘stock’ excessivo de vacinas nos países ricos e apela à partilha
Bissau, 29 Mar 21 (ANG) – O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, criticou no domingo o armazenamento excessivo de vacinas contra a covid-19 pelos países desenvolvidos e voltou a apelar para uma partilha com o resto do mundo, a única forma de vencer a pandemia.
“Parece-me muito
preocupante o sistema muito injusto de distribuição de vacinas no mundo”, disse
Guterres em entrevista difundida hoje pela televisão canadiana CBC.
“É do interesse de todos
garantir o mais rápido possível e de forma equitativa que o mundo inteiro seja
vacinado e que as vacinas sejam consideradas como um bem público a nível
mundial”, pediu.
O secretário-geral da
ONU acusou os países ricos de fazerem ‘stock’ das vacinas para além das
necessidades das suas populações.
“Apelamos para os países
desenvolvidos partilharem uma parte das vacinas que compraram”, disse,
referindo que “em muitos casos, foram compradas mais do que as que são
necessárias”.
Guterres lamentou que o
sistema internacional de distribuição de vacinas Covax, de ajuda aos países
mais desfavorecidos, esteja em “dificuldades”, por ‘stock’ de vacinas,
limitações às exportações e por falta de fundos para o Covax.
Para o secretário-geral
da ONU, a saída da pandemia depende da “possibilidade de vacinar o mais rápido
possível a população mundial”, e pediu um “mecanismo impulsionado pelo G20 para
pôr em prática um plano de vacinação mundial”.
Interrogado sobre a
eventual adopção de passaportes de vacinação, António Guterres mostrou-se muito
circunspecto, referindo que antes de qualquer decisão deve haver “uma discussão
séria para garantir a equidade” da medida e garantir que existe uma “cooperação
mundial eficaz sobre a forma de actuar”.
“O pior seria que uns
países tivessem o passaporte e outros não. Isso seria devastador se
significasse que as pessoas teriam a possibilidade de se deslocar no mundo
desenvolvido, mas não no mundo em desenvolvimento”, disse.
A pandemia de covid-19
provocou, pelo menos, 2.777.761 mortos no mundo, resultantes de mais de 126,6
milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa
AFP.
Em Portugal, morreram 16.837
pessoas dos 820.407 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais
recente da Direcção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida
por um novo coronavírus detectado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do
centro da China. ANG/Inforpress/Lusa
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