ONU/Covid-19 pode
levar a uma década perdida para o desenvolvimento
Bissau, 26 Mar
21 (ANG) - O Relatório de Financiamento para o
Desenvolvimento Sustentável de 2021 afirma que a economia
global teve a pior recessão em 90 anos, com os segmentos mais
vulneráveis da sociedade afetados de forma desproporcional.
Segundo a pesquisa da ONU, cerca de 114 milhões de empregos foram perdidos e 120 milhões de pessoas voltaram a uma situação de pobreza extrema.
Em comunicado,
a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, disse que
a pandemia provou que “os desastres não respeitam as fronteiras
nacionais.”
Segundo ela, “um mundo divergente é
uma catástrofe para todos” e “é moralmente correto e do interesse
econômico de todos ajudar os países em desenvolvimento a superar esta
crise.”
A pesquisa detalha como a resposta
desigual à pandemia ampliou enormes disparidades e injustiças dentro e entre
países.
No total, cerca de US$ 16
trilhões foram investidos para combater os piores
efeitos da crise, mas menos de 20% desse valor foi gasto em países em
desenvolvimento. Em janeiro deste ano, apenas nove dos 38 países com
campanhas de vacinação contra a Covid-19 eram países desenvolvidos.
Cerca de metade dos países menos
desenvolvidos e de outros de baixa renda corriam alto risco
de sobre-endividamento antes da crise. Agora, a queda das
receitas fiscais fez os níveis da dívida dispararem.
Segundo a pesquisa, a situação nos
países mais pobres do mundo é profundamente preocupante. Nesses
Estados-membros, a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável pode demorar mais 10 anos do que o previsto.
O relatório inclui recomendações
concretas, pedindo a ação imediata dos governos.
Uma das propostas é financiar totalmente
o Acelerador de Ferramentas de Acesso à Covid-19, que ainda
precisa de mais US$ 20 bilhões para 2021. Além disso, os países devem
cumprir o compromisso de 0,7% de Assistência Oficial ao
Desenvolvimento e criar novos financiamentos para os países
em desenvolvimento. Os Estados também podem apoiar alívio da dívida para
esses mesmos países.
O subsecretário-geral do Departamento
de Assuntos Econômicos e Sociais da
ONU, Desa, Liu Zhenmin, afirmou que “o fosso
crescente entre os países ricos e pobres é preocupantemente retrógrado e requer
uma correção de curso imediata.”
Zhenmin disse ainda que “para
reconstruir melhor, os setores público e privado devem investir em capital
humano, proteção social e infraestrutura e tecnologia sustentáveis.”
Segundo a pesquisa, o investimento
sustentável e inteligente, por exemplo em infraestrutura, pode
reduzir os riscos e tornaria o mundo mais resistente a choques
futuros. Além disso, criaria crescimento, uma vida melhor para
milhões de pessoas e ajudaria a combater a mudança climática.
Investir entre US$
70 bilhões e 120 bilhões nos próximos dois
anos, e entre US$ 20 bilhões e 40 bilhões
anualmente depois, reduziria significativamente a probabilidade de outra
pandemia, em contraste com trilhões de dólares em danos econômicos
já causados pela Covid-19.
A pesquisa afirma que a resposta a esta
crise é uma oportunidade para redefinir os sistemas globais e
prepará-los para o futuro.
O relatório recomenda uma solução
global para a tributação da economia digital como forma de combater
a fuga fiscal, reduzir a concorrência
prejudicial e combater os fluxos financeiros ilícitos.
Também propõe uma estrutura global
para responsabilizar as empresas por seu impacto social e ambiental e
incorporar os riscos climáticos à regulamentação financeira.
Além disso, as estruturas
regulatórias devem ser revistas, para reduzir o poder de mercado das
grandes plataformas digitais, e o mercado de trabalho e as políticas
fiscais devem refletir a realidade de uma economia global em
mudança.
Terminando, Liu Zhenmin afirma que “para mudar a trajetória, é preciso mudar as regras do jogo.” Ele avisa que “depender das regras de antes da crise levará às mesmas armadilhas do passado.” ANG/ONU NEWS
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