Moçambique/ “Intervenção internacional é inevitável para recuperar palma” diz consultora
Bissau, 31 Mar 21 (ANG) - A consultora NKC African Economics considerou
hoje que uma intervenção internacional é inevitável no norte de Moçambique e
salientou que o ataque da semana passada "foi estratégico" porque
impede os trabalhos no megaprojecto de gás.
"O ataque a
Palma foi um ataque estratégico, tendo em conta a proximidade com as operações
da Total, e o 'timing' pode ter tido a ver com a decisão de recomeçar os
trabalhos", escreveu o analista Zaynab Mohamed numa nota enviada aos
clientes, e a que a Lusa teve acesso.
No comentário à
violência que se vive na região, Zaynab Mohamed acrescentou que "vai ser
necessária uma intervenção internacional para recuperar o controlo e atingir a
estabilidade na região", já que a única estrada que pode levar mantimentos
até à zona do megaprojeto de transformação do gás é controlada pelos
terroristas.
"Devido à falta
de desenvolvimento na área, só há uma estrada pavimentada para Palma, que
alegadamente está sob o controlo dos insurgentes há várias semanas; se os
militantes conseguirem manter o controlo de Palma também, isso tornará
praticamente impossível que os trabalhadores do projecto tenham acesso a
mantimentos via terra", escreveu o analista.
Para Zaynab Mohamed,
"a crise de segurança em Cabo Delgado está a tornar-se mais séria, porque os
grupos armados presentes na região, apesar de estarem visíveis desde 2017,
estão agora claramente mais preparados e mais coordenados, o que sugere que
estão a receber apoio externo".
Os equipamentos
militares comprados pelo Governo moçambicano, considerou, não vão conseguir
resolver o problema e por isso é preciso uma intervenção internacional.
"Quanto mais
tempo demorar para ganhar terreno aos insurgentes, mais difícil será recuperar
o controlo da área e recomeçar o trabalho no projecto de gás", concluiu o
analista.
O projecto
Mozambique LNG consiste na exploração de gás ao largo da costa no campo
Golfinho-Atum, na Área 1 da bacia do Rovuma, bem como a construção de uma
central em terra.
A petrolífera
francesa Total é a maior detentora do projecto, com 26,5%, seguida da Empresa
Nacional de Hidrocarbonetos, com 16,5%, e mais cinco entidades multinacionais,
com participações menores.
O projecto deverá
começar a exportar gás em 2024, ano em que é previsível que as receitas do país
subam exponencialmente, financiando os investimentos para o desenvolvimento
económico de Moçambique.
A província de Cabo
Delgado, no norte de Moçambique, é desde há cerca de três anos alvo de ataques
terroristas e o último aconteceu no passado dia 24, em Palma, em que dezenas de
civis foram mortos, segundo o Ministério da Defesa moçambicano.
A violência está a
provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil
mortes.
O movimento
terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de
Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas acções já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona. ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário