Tanzânia/Samia suluhu toma posse como primeira mulher presidente da República
Bissau, 19 Mar 21 (ANG) – A vice-presidente da Tanzânia, Samia Suluhu
Hassan, tornou-se hoje a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de Estado
neste país da África Oriental, após a morte do Presidente tanzaniano, John
Magufuli, na quarta-feira.
Samia Suluhu Hassan
tomou posse numa cerimónia transmitida pela televisão, na capital económica do
país, Dar es Salaam, em que participaram vários membros do Governo e antigos
Presidentes, incluindo Jakaya Kikwete, segundo a agência de notícias
France-Presse (AFP).
De acordo com a
Constituição da Tanzânia, a vice-presidente deve ocupar agora a presidência do
país até ao final do mandato de Magufuli, que expira em 2025.
Foi precisamente
Suluhu Hassan quem anunciou a morte de Magufuli na noite de quarta-feira, num
discurso à nação que pôs fim a semanas de especulação sobre a ausência do chefe
de Estado, reeleito em Outubro, que não era visto desde final de Fevereiro.
Natural do
arquipélago semi-autónomo de Zanzibar, cujas relações com a Tanzânia
continental são historicamente tensas, Suluhu Hassan era já a primeira vice-presidente
da história do seu país, tendo concorrido ao lado de Magufuli quando este
chegou ao poder, em 2015.
“Posso parecer
educada e posso não gritar quando falo, mas o mais importante é que todos
compreendam o que estou a dizer e que que as coisas sejam feitas como eu digo”,
afirmou Suluhu Hassan em 2020.
Nascida em 27 de
Janeiro de 1960 em Zanzibar, com um pai professor e mãe dona de casa, Suluhu
Hassan é mestre em Desenvolvimento Económico Comunitário pela Universidade
Livre da Tanzânia e pela Universidade do Sul de New Hampshire, nos Estados
Unidos da América.
Iniciou a sua
carreira profissional no Governo de Zanzibar, onde trabalhou entre 1977 e 1987,
desempenhando funções administrativas e, mais tarde, como responsável pelo
desenvolvimento.
Ainda no arquipélago
semiautónomo, juntou-se ao Programa Alimentar Mundial e, mais tarde, dirigiu a
associação de organizações não-governamentais (ONG) locais durante dois anos.
A sua carreira política
teve início em 2000, com a nomeação para deputada no parlamento de Zanzibar
pelo partido presidencial Chama Cha Mapinduzi (CCM), que ainda hoje se mantém
no poder. Por este partido viria a ser eleita para a Assembleia Nacional
tanzaniana.
Ao longo da carreira
política, Suluhu Hassan desempenhou várias vezes o cargo de ministra. Primeiro
em Zanzibar, entre 2000 e 2010, como ministra das Mulheres e Juventude, depois
do Turismo e Comércio, e, a nível nacional, foi ministra dos Assuntos
Sindicais, sob o antigo Presidente Jakaya Kikwete.
Depois das eleições
de 2015 e com a conquista do lugar de vice-presidente, um papel que normalmente
fica em segundo plano, Suluhu Hassan era o rosto da Tanzânia no estrangeiro,
representando regularmente Magufuli.
A muçulmana, de 61
anos, junta-se assim a Sahle-Work Zewde, Presidente da Etiópia, embora esta
última desempenhe um papel mais cerimonial.
Magufuli morreu na quarta-feira aos 61 anos devido a doença cardíaca em Dar es
Salaam, capital económica da Tanzânia.
De acordo com as
autoridades, o Presidente estava internado num hospital desde a semana passada
por doença e “tinha um problema cardíaco há vários anos”.
Há semanas que
circulavam rumores sobre a saúde de Magufuli, que davam conta de que teria
procurado ajuda médica no estrangeiro, depois de ter sido infectado com o novo
coronavírus, de acordo com a oposição no país.
Magufuli era um dos
mais proeminentes negacionistas africanos da gravidade do novo coronavírus,
tendo afirmado que a Tanzânia estava “livre” de covid-19, em virtude das
orações dos tanzanianos.
Reeleito em outubro,
Magufuli, apelidado de "bulldozer", chegou ao poder em 2015,
prometendo combater a corrupção.
O seu primeiro mandato foi marcado, segundo muitas organizações de direitos humanos, por uma deriva autoritária, repetidos ataques à oposição e o recuo das liberdades fundamentais.ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário