Covid-19/África precisa
"urgentemente" de mais vacinas
Bissau, 26 Mar 21 (ANG) -O continente africano precisa "urgentemente" de mais vacinas contra a covid-19, numa altura em que os fornecimentos estão a diminuir e os lotes iniciais quase esgotados em alguns países, alertou quinta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Até agora, segundo a
OMS, o continente administrou 7,7 milhões de doses, principalmente a populações
de alto risco, um número muito baixo considerando que África tem cerca de 1,3
mil milhões de pessoas.
Quarenta e quatro
países africanos receberam vacinas através da plataforma Covax ou através de
doações e acordos bilaterais, e 32 deles iniciaram programas de vacinação.
A Covax - uma
iniciativa criada pela OMS e pela Aliança para as Vacinas (Gavi), para
assegurar o acesso equitativo às vacinas - entregou quase 16 milhões de doses a
28 países africanos desde que iniciou as entregas no continente a 24 de
fevereiro, no Gana.
Os países fizeram
"progressos significativos" para abranger as populações de alto risco
visadas na fase inicial de vacinação, incluindo os trabalhadores da saúde, os
idosos e os doentes com comorbilidades, disse a OMS numa declaração.
Embora a Covax tenha
permitido a muitos países africanos receberem vacinas, uma parte significativa
destas populações de alto risco pode permanecer por vacinar durante os próximos
meses devido a restrições da cadeia de abastecimento global.
De acordo com a OMS,
as vacinas ainda não chegaram a uma dúzia de países em África, que tem 54
Estados soberanos.
"Um
abrandamento no fornecimento de vacinas poderia prolongar a dolorosa viagem
para acabar com esta pandemia para milhões de pessoas em África", disse
hoje a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, numa conferência
de imprensa virtual.
"Enquanto
alguns países de alto rendimento tentam vacinar toda a sua população, muitos em
África estão a lutar para cobrir suficientemente até os seus grupos de alto
risco. A aquisição de vacinas covid-19 não deve ser uma competição. O acesso
justo irá beneficiar todos", disse Moeti.
A maioria dos países
africanos participa ativamente na Covax que visa fornecer doses de vacinas
suficientes para imunizar pelo menos 20 por cento da população africana em
2021.
No entanto, a
procura da vacina está a exercer uma enorme pressão sobre o sistema de fabrico
global, que tem uma capacidade anual para produzir entre três e cinco mil
milhões de doses.
Segundo a OMS,
"podem ser necessárias até 14 mil milhões de vacinas" em todo o
mundo, pelo que "é necessária uma maior colaboração global em questões de
cadeia de abastecimento".
A tendência
descendente da pandemia em África verificada desde o início de janeiro estagnou
nas últimas cinco semanas.
Embora a maioria dos
países do continente tenha visto a sua curva epidemiológica aplanar, 11 nações,
incluindo Benim, Botsuana, Camarões, Djibuti, Etiópia e Quénia, registaram uma
tendência crescente de infecções nas últimas semanas.
"É provável que
o aumento dos casos esteja relacionado com eventos generalizados, tais como
reuniões de massas, bem como um relaxamento das medidas de saúde pública por parte
da população", disse a OMS.
Nas últimas quatro
semanas, as mortes em África diminuíram 45 por cento em comparação com o mesmo
período do ano passado, mas a taxa de mortalidade acumulada é de 2,7 por cento,
que ainda é mais elevada do que a taxa global de 2,2 por cento.
O continente
africano soma mais de 4,1 milhões de casos de covid-19 e mais de 110.000
mortes, de acordo com os últimos dados divulgados pelos Centros de Controlo e
Prevenção de Doenças em África (CDC África).ANG/Angop
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