Afeganistão/Mulheres e raparigas privadas dos seus direitos pelos talibãs – ONG
Bissau, 18 Jan 22(ANG) – Os talibãs estão a privar as mulheres afegãs dos seus direitos à saúde e educação e de trabalharem e colaborarem na economia doméstica desde que os rebeldes tomarem o poder no Afeganistão, denunciou hoje a Human Rights Watch (HRW).
“Os
talibãs impuseram políticas que violaram direitos e criaram enormes barreiras à
saúde e educação de mulheres e raparigas, restringiram a liberdade de
movimento, expressão e associação, e privaram muitas do rendimento do seu
trabalho”, afirmaram num comunicado conjunto a organização não-governamental
(ONG) dos direitos humanos e o Instituto de Direitos Humanos da Universidade
Estadual de San José (SJSU).
A
crise humanitária no país fez com que grande parte da população não tivesse
acesso a alimentos, água, moradia e assistência médica desde a ascensão dos
talibãs ao poder em Agosto, o que levou à suspensão de fundos internacionais,
ao aumento dos preços, à crise de liquidez e a falta de dinheiro.
“Mulheres
e raparigas afegãs enfrentam o colapso dos seus direitos e sonhos, assim como
riscos para a sua sobrevivência básica”, disse Halima Kazem-Stojanovic,
investigadora sénior sobre o Afeganistão no Instituto de Direitos Humanos da
SJSU.
A
investigadora acrescentou que as mulheres “estão presas entre os abusos dos
talibãs e as acções da comunidade internacional, que levam as mulheres afegãs
cada vez mais ao desespero”.
Uma
dezena de mulheres da província de Ghazni, no sul do Afeganistão, disseram à
HRW e ao (SJSU) que não conseguem fazer frente ao aumento dos preços de
alimentos básicos, transporte e livros escolares, já que a maioria perdeu sua
principal fonte de rendimento depois de os talibãs restringirem o acesso das
mulheres ao trabalho.
“Apenas
quem trabalhou na educação primária ou na saúde ainda pode trabalhar, e a
maioria não receberam os seus salários devido à crise financeira”, disse o
comunicado.
A
chegada ao poder dos talibãs restringiu o acesso das estudantes afegãs ao
ensino médio e superior, bem como a modificação dos currículos para os adaptar
às regras islâmicas e dar um maior foco na religião.
“[Os
talibãs} ditam o que as mulheres devem usar, como devem viajar, a segregação do
trabalho por sexo e até que tipo de telefone as mulheres devem ter. Impõem
essas regras por meio de intimidação e inspeções”, denunciou a organização de
direitos humanos.
“O
futuro parece sombrio… Eu tinha muitos sonhos, queria continuar a estudar e a
trabalhar. Estava a pensar em fazer o meu mestrado. No momento, [os talibãs]
nem permitem que as raparigas terminem o ensino médio”, disse à HRW uma mulher
que trabalhava para o anterior governo afegão.
Da
mesma forma, as mulheres sublinharam que com o desaparecimento da força de
segurança nacional e do Ministério da Mulher, agora vivem mais inseguras, e
algumas até experimentam “medo, ansiedade, desesperança, insónia e um profundo
sentimento de perda e desamparo”.
“As
políticas dos talibãs rapidamente transformaram muitas mulheres e raparigas em
prisioneiras virtuais nas suas casas, privando o país de um dos seus recursos
mais preciosos, as habilidades e talentos da metade feminina da população”,
concluiu a diretora para o direito das mulheres, Heather Barr.
ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário