África Ocidental/Pobreza extrema aumentou quase 3% na região em 2021 devido à covid-19
Bissau, 21 Jan 22 (ANG) - A pobreza extrema na África Ocidental aumentou quase 3% em 2021, segundo o relatório de monitorização do impacto socioeconómico da pandemia da covid-19 nessa região, divulgado quinta-feira pela CEDEAO, em sessão ‘online’ a que a Inforpress assistiu.
O
relatório, desenvolvido em parceria com o Escritório Sub-regional para a África
Ocidental da Comissão Económica das Nações Unidas para a África (CEA) e o
Programa Alimentar Mundial (PAM), afirma que a proporção de pessoas que vivem
com menos de 1,90 dólares por dia aumentou de 2,3% em 2020 para 2,9% em 2021.
“O
endividamento dos países da região também aumentou em um contexto marcado por
uma lenta recuperação económica, redução do espaço fiscal e fraca mobilização
de recursos”, refere o estudo, que destaca os efeitos das medidas de barreira
contra a pandemia, nomeadamente o fecho de fronteiras, restrições de circulação
e a perturbação das cadeias de abastecimento.
Conforme
o documento, todas essas medidas tiveram um impacto negativo nas actividades
geradoras de renda e levaram a preços mais altos dos alimentos nos mercados.
“Os
mais afectados são aqueles que dependem de fontes de renda instáveis, como
pequenos comerciantes, vendedores ambulantes e trabalhadores informais. Esta
deterioração da situação económica teve um impacto negativo na segurança
alimentar e nutricional das mulheres, homens e crianças”, precisou.
“Mais
de 25 milhões de pessoas na África Ocidental não conseguem suprir suas
necessidades alimentares básicas na região, um aumento de 34% em relação a
2020”, acrescenta o documento, apontando ainda que a situação é mais grave em
áreas afectadas por conflitos como a Bacia do Lago Chade, Liptako-Gourma e o
Sahel, pressionando as famílias a vender seus bens e meios de subsistência para
atender às suas necessidades alimentares.
“A
crise de saúde do coronavírus aniquilou particularmente as conquistas na luta
contra a insegurança alimentar e a desnutrição feitas pela CEDEAO e seus
Estados Membros”, disse Sekou Sangare, comissário responsável pela Agricultura,
Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Comissão da CEDEAO.
Aquele
responsável salientou que, embora a organização estivesse satisfeita com a
reacção dos governos por meio de suas acções de mitigação, a mesma está
preocupada com os efeitos residuais da crise sanitária e económica que,
provavelmente, continuarão a perturbar, por muito tempo, os sistemas
alimentares e comprometer a vida das pessoas acesso a alimentos devido a
múltiplas dinâmicas.
A
publicação desse relatório acontece num contexto marcado por uma economia
regional ainda “frágil e insuficientemente dinâmica” para permitir às famílias
recuperar a sua situação de bem-estar social e económico antes da crise.
Entretanto,
o director regional do PAM considera que o mesmo vai permitir que os actores
públicos e privados forneçam respostas adequadas e resolutas às consequências
nocivas da pandemia de covid-19 na vida das populações da África Ocidental.
“As
consequências socioeconômicas da covid-19 exigem acções imediatas e concertadas
visando as causas profundas da vulnerabilidade das pessoas. O custo da inação
será maior para uma população que já enfrenta muitas crises na região”, disse
Chris Nikoi.
O
relatório de monitorização do impacto socioeconómico da pandemia da
covid-19 na África Ocidental realça ainda que desde o início da pandemia em
2020, a CEDEAO e os seus parceiros implementaram várias medidas económicas e
financeiras para responder ao aumento das necessidades induzidas pela covid-19
na região.
“Em
estreita colaboração com a Organização da Saúde da África Ocidental (OOAS), a
CEDEAO mobilizou quase 38 milhões de dólares durante o primeiro semestre de
2021 para atender às necessidades das populações”, refere o documento.
ANG/Inforpress/fim
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