Bruxelas/União Europeia pede regresso imediato à ordem constitucional no Burkina Faso
Bissau, 26 Jan 22(ANG) – A União Europeia (UE) condenou hoje o golpe de Estado no Burkina Faso, que provocou “a queda de um Presidente eleito”, Roch Kaboré, e pediu o regresso imediato à ordem constitucional.
O
alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, lamentou
em comunicado a suspensão da Constituição e das instituições por membros das
forças armadas agrupadas no chamado Movimento Patriótico para a Salvaguarda e
Restauração (MPSR), e sublinhou o seu respeito pelas instituições republicanas.
“A UE
faz um apelo à calma e à concórdia de todos os atores e pede a libertação
imediata de todas as pessoas detidas ilegalmente, a começar pelo Presidente
Kaboré”, sublinhou.
O
chefe da diplomacia da UE disse que a UE está atenta à posição e às decisões
tomadas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que
condenou firmemente o golpe, “com vista a encontrar uma solução favorável para
esta situação”.
“A UE
lamenta que o diálogo não tenha prevalecido, particularmente face às questões
de segurança nacional e à situação humanitária no país, que exigem uma resposta
apoiada pela maioria para realizar reformas essenciais”, disse o político
espanhol.
Borrell
afirmou que “o fracasso em restaurar a ordem constitucional terá consequências
imediatas para a parceria [da UE] com o país”.
“Juntamente
com os outros parceiros do Burkina Faso, a UE continua firmemente empenhada em
apoiar o país, para ajudá-lo a superar os muitos desafios que enfrenta”, disse,
ao mesmo tempo que expressou a solidariedade do bloco europeu “com todo o povo
do Burkina Faso”.
A
junta militar que dirige o Burkina Faso desde o golpe de Estado de
segunda-feira recebeu apoio popular nas ruas do país na terça-feira, apesar da
condenação da comunidade internacional, que repudiou a rutura da ordem
constitucional e exigiu a libertação do Presidente deposto.
O
golpe de Estado foi confirmado na segunda-feira, depois de o país ter vivido
momentos de tensão no domingo devido a tiroteios em vários quartéis militares
em Ouagadougou e noutras cidades, incidentes inicialmente descritos como um
alegado motim para exigir melhorias nas Forças Armadas.
O
golpe foi precedido no sábado por um dia de manifestações não autorizadas,
convocadas pela sociedade civil para expressar o grande descontentamento
social, agravado nos últimos meses pela insegurança gerada pela violência
‘jihadista’, e exigir a demissão de Kaboré.
O
Burkina Faso tem sido alvo de ‘jihadistas’ desde 2015 e os ataques, atribuídos
a grupos aliados da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, causaram mais de 1,5 milhões
de deslocados internos, segundo o Governo do país.
O golpe de Estado no Burkina Faso é o quarto na região da África Ocidental, depois dos dois ocorridos no vizinho Mali (agosto de 2020 e Maio de 2021), país que também sofre do flagelo do terrorismo jihadista, e o da Guiné-Conacri (Setembro de 2021). ANG/Inforpress/Lusa
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