França/UE prepara sanções semelhantes àquelas que a CEDEAO adoptou contra o Mali
Bissau, 13 Jan
22(ANG) - Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 reúnem-se hoje em
Brest, no noroeste da França, designadamente para afinar a posição a tomar
face à junta militar do Mali, depois de a CEDEAO ter decretado sanções
contra os militares no poder em Bamako por terem decidido não realizar eleições
no próximo dia 27 de Fevereiro, conforme tinha sido estabelecido em 2020, logo
depois do seu primeiro golpe.
Antes mesmo da reunião desta quinta-feira
que se realiza em Brest no âmbito da presidência rotativa da França, o
presidente francês disse na terça-feira que o seu país apoiava as "sanções inéditas" decididas
pela CEDEAO.
Nesta senda, Jean-Yves le Drian anunciou
ontem que a França iria propor hoje aos seus parceiros europeus que a
União Europeia adopte sanções semelhantes àquelas que foram decididas no
Domingo pela CEDEAO. "A situação no Mali e no Sahel é um assunto africano e europeu,
não é mais um assunto franco-maliano", disse o chefe da diplomacia
francesa referindo-se à participação de 10 países europeus no grupo de forças
especiais destacadas Takuba que combate o jihadismo no Sahel.
No passado fim-de-semana, os
países-membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
decretaram o encerramento das suas fronteiras com o Mali bem como um embargo
comercial e financeiro para marcar a sua rejeição do plano da junta de
continuar a dirigir o país durante vários anos. Em resposta, a junta
maliana decretou igualmente o encerramento das suas fronteiras com o exterior e
na passada terça-feira, ao mesmo tempo que se disse aberta ao diálogo, também
apelou a população a manifestar contra as sanções amanhã.
Neste contexto, além dos líderes
oeste-africanos e dos europeus, a vizinha Argélia também incitou a junta militar
maliana a “tomar
uma atitude responsável e constructiva”. Uma posição saudada ontem por
Jean-Yves le Drian que recordou pela mesma ocasião que deve decorrer nas
próximas semanas uma reunião dos cerca de 60 membros da Coligação para o Sahel "no intuito de
tomar uma posição colectiva".
Entretanto e desde já, depois de a França tomar abertamente
posição a favor das sanções da CEDEAO, a companhia aérea Air France anunciou
ontem a suspensão das suas ligações com o Mali "com efeito imediato" e "até nova ordem".
Estas sanções em catadupa acontecem numa altura em que a França
tem estado a acusar a junta militar de "estar a tentar enganar todos os seus
parceiros", Paris
tendo nomeadamente apontado o dedo a Bamako sobre a presença de mercenários
russos que, a seu ver, se encontram no país apenas no intuito de ajudar os
golpistas a manter-se no poder.
Nos últimos meses, a França que tem milhares de soldados
mobilizados contra os jihadistas no Sahel, tentou sem sucesso dissuadir Bamako
de recorrer à empresa de segurança privada Wagner, próxima do Kremlin. Segundo
responsáveis militares malianos, vários instructores russos foram destacados
para o país, nomeadamente Tombuctu, no norte do Mali.
Ao fim de quase uma década de presença no Mali, a França anunciou no ano passado que pretendia reorganizar a sua missão militar, abandonando as suas três bases mais a norte (Tessalit, Kidal e Tombuctu) para se concentrar em Gao e Ménaka junto das fronteiras com o Niger e o Burkina Faso, a França prevendo igualmente fazer passar os seus efectivos dos actuais 5.000 homens para cerca de 2.500/3.000 até 2023. Uma decisão que gerou alguma crispação entre a França e as autoridades malianas. ANG/RFI
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