Ucrânia/NATO volta a alertar Moscovo para “elevado preço político e económico” de nova agressão
Bissau, 10 Jan 22(ANG) – O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, voltou hoje a alertar a Rússia para o “elevado preço político e económico” de uma eventual “nova agressão à Ucrânia”, sublinhando que a Aliança Atlântica apoia o direito de Kiev a defender-se.
Numa
conferência de imprensa conjunta com a vice-primeira-ministra para a Integração
Europeia e Euro-Atlântica da Ucrânia, Olga Stefanishyna, na sede da Aliança, em
Bruxelas, antes de uma comissão NATO-Ucrânia, Stoltenberg sublinhou os esforços
diplomáticos importantes em curso esta semana em busca de “uma solução política
que evitar um conflito armado”, e reiterou todo o empenho nesse “caminho”, mas
defendeu a necessidade de os Aliados se prepararem para outros cenários.
Esta
conferência de imprensa conjunta no quartel-general da NATO na capital belga
estava inicialmente prevista com o chefe da diplomacia da Ucrânia, Dmytro
Kuleba.
“Eu
já negociei antes com a Rússia e sei que é possível chegar a acordos […].
Estamos a trabalhar arduamente para encontrar um caminho político para uma solução
pacífica. Mas, ao mesmo tempo, devemos também prepararmo-nos para a
eventualidade de a Rússia, mais uma vez, optar por utilizar a força armada,
preferir a confrontação à cooperação”, declarou o secretário-geral da NATO.
“E,
por isso, devemos enviar também uma mensagem muito clara à Rússia de que
estamos unidos e de que haverá custos elevados, económicos e políticos, se usar
novamente a força contra a Ucrânia”, completou o representante, lamentando que
Moscovo continue a concentrar “dezenas de milhares de tropas prontas para o
combate, armadas com capacidades pesadas”, junto da fronteira com a Ucrânia.
Por
seu lado, a vice-primeira-ministra ucraniana disse que o seu principal objetivo
hoje em Bruxelas é “dar uma imagem clara a todos os Aliados sobre a situação de
segurança na região e nas fronteiras da Ucrânia, incluindo a implementação dos
acordos de Minsk e da Normandia”.
“Devemos
todos ter noção de que as exigências de Moscovo não podem ser consideradas como
uma posição negocial. O agressor não está em posição de impor condições
enquanto os tanques russos estiverem concentrados nas fronteiras da Ucrânia”,
defendeu Olga Stefanishyna.
Segundo
a responsável ucraniana, “a Rússia está a tentar impor a sua agenda em vez de
regressar à mesa de negociações”, e estas “só devem começar depois da retirada
dos meios militares” russos concentrados junto à fronteira, que, enfatizou,
permitem “uma invasão em grande escala”.
“Acreditamos
que a Rússia está a calcular mal a situação e confiamos fortemente nos nossos
Aliados. Mas sabemos o perigo que representa esta concentração de meios
militares”, disse.
O
encontro de hoje na NATO coincide com o arranque das conversações entre a
Rússia e os Estados Unidos, em Genebra, numa semana com uma série de
iniciativas diplomáticas, incluindo um Conselho NATO-Rússia, na quarta-feira.
“Congratulo-me
por a Rússia ter concordado com a nossa oferta de realizar uma reunião do
Conselho NATO-Rússia mais adiante nesta semana. Este é um sinal positivo.
Centrar-nos-emos nas questões de segurança europeia, transparência relacionada
com actividades militares, redução de riscos e controlo de armas”, apontou
Stoltenberg na conferência de imprensa de hoje.
Nas
negociações de Genebra entre Rússia e Estados Unidos, que começaram às 08:55
locais (07:55 em Lisboa) na representação norte-americana na cidade suíça,
estão a participar a vice-secretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman,
e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Riabkov, de acordo
com um porta-voz norte-americano.
As
delegações dos Estados Unidos e da Rússia mantiveram no domingo um primeiro
contacto em Genebra.
Em
comunicado, o Departamento de Estado norte-americano disse que Wendy Sherman e
Sergei Riabkov falaram das questões a serem discutidas na reunião de hoje.
Wendy
Sherman insistiu com Sergei Riabkov que os Estados Unidos estão “empenhados”
nos princípios internacionais de soberania, integridade territorial e na
liberdade das nações soberanas de escolherem as suas próprias alianças.
Disse
também ao enviado russo que os Estados Unidos esperam fazer verdadeiros
progressos através da diplomacia e estão dispostos a discutir “certas questões
bilaterais” com a Rússia, mas não a segurança europeia sem a presença dos seus
aliados no continente.
Por
isso, disse que estas questões deverão ser discutidas na reunião da Rússia com
a Aliança Atlântica em Bruxelas na quarta-feira e na reunião do Conselho
Permanente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), na
quinta-feira.
O
secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, alertou também no domingo
a Rússia para o risco de “confronto”, antes do início de negociações entre os
dois países em Genebra, que incluem a situação na Ucrânia.
Os
ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de soldados
na fronteira da Ucrânia, antecipando uma possível invasão, o que Moscovo nega.
A Rússia reclama um compromisso da NATO de não integrar a Ucrânia na aliança militar, o que Blinken assinalou não estar em cima da mesa.ANG/Inforpress/Lusa
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