Tunísia/Presidente defende prisão para "algumas" personalidades
Bissau, 11 Jan 22 (ANG) - O Presidente da Tunísia defendeu hoje (terça-feira) que "algumas" personalidades políticas em regime de prisão domiciliária deveriam estar na cadeia por terem cometido "traições e conspirações com países estrangeiros", delitos que, sustentou, poderiam ser punidos com pena perpétua.
Segundo
a imprensa tunisina, Kais Saied disse, numa reunião com a primeira-ministra,
Nedjla Bouden, que as autoridades de Tunes "têm documentos que
provam" o envolvimento de algumas personalidades "em vários
delitos", sobretudo em "atos de falsificação e atribuição de passaportes"
a pessoas que constam de "listas de grupos terroristas"
No
encontro, realizado na noite de segunda-feira no palácio de Cartago, Saied
referiu-se, sem mencionar o nome, ao ex-ministro da Justiça e vice-presidente
do partido de inspiração islâmica Ennahdha, Noureddine Bhiri, detido a 31 de
Dezembro último por alegadas suspeitas de terrorismo e branqueamento de
capitais.
Bhiri
está hospitalizado desde 02 deste mês na sequência de uma greve de fome para
protestar contra a sua prisão.
Um
ex-funcionário do Ministério do Interior tunisino, Fathi Beldi, 55 anos, foi
preso no mesmo dia que o "homem forte" do Ennahdha por acusações
semelhantes e levado para um local desconhecido onde ainda não teve acesso à
sua defesa, segundo organizações de direitos humanos.
A
Human Rights Watch (HRW) denunciou, entretanto, que os dois responsáveis,
"que não têm actualmente quaisquer cargos oficiais", não foram alvo
de qualquer processo judicial e que estão a ser julgados por actos cometidos
presumivelmente há nove anos, pelo que pediu às autoridades tunisinas que os
libertem "de imediato".
No
entanto, para Saied, "ninguém foi condenado por ter emitido uma opinião ou
por ter manifestado qualquer posição" contra as autoridades tunisinas.
"As
organizações internacionais estão indignadas com a prisão domiciliária,
enquanto outros estão no hospital, rodeados de médicos e a beneficiar de um
tratamento humano", disse o chefe de Estado tunisino.
"Podem
ser condenados à morte, mas não vamos chegar lá", acrescentou.
Saied
também garantiu que há acusações contra Bhiri desde 2013, mas que não foram
investigadas devido à ausência de uma justiça "independente".
A
comissão de defesa de Bhiri indicou ter apresentado uma queixa contra o
ministro do Interior tunisino, Taoufik Charfeddine, e contra o próprio
Presidente, a quem acusa de "sequestro" e de
"instrumentalizar" a justiça.
Após
declarar o estado de excepção a 25 de Julho, que incluiu também a exoneração do
primeiro-ministro Hichem Mechichi, o Presidente tunisino suspendeu a quase
totalidade da Constituição de 2014 e muniu-se de plenos poderes para
"recuperar a paz social". O Parlamento, que o Ennahdha controlou nos
últimos 10 anos, ficou suspenso.
Saied
e outros responsáveis políticos tunisinos alegam que as medidas constituem uma
"rectificação" à revolução de 2011, que pôs termo a duas décadas do
regime ditatorial de Zin el-Abidine Ben Ali.
A
oposição, por seu lado, considera a decisão de Saied um "golpe de
Estado" ANG/Angop.
Sem comentários:
Enviar um comentário