quarta-feira, 8 de junho de 2022

 Cuba/Governo diz ser “inaceitável” EUA excluírem países da Cimeira das Américas

Bissau, 08 Jun 22 (ANG) - O governo cubano criticou terça-feira a exclusão do seu país da Cimeira das Américas, que começou em Los Angeles, e acusou os Estados Unidos de manterem uma posição "discriminatória e inaceitável" para com Cuba, Venezuela e Nicarágua, anunciou  a Lusa.

Em comunicado, o executivo cubano apontou que os Estados Unidos estão a "abusar do privilégio concedido pela sua condição de país anfitrião".

Cuba, Venezuela e Nicarágua foram excluídos da cimeira que está a decorrer até dia 10 de Junho na cidade norte-americana de Los Angeles.

Após semanas de polémica sobre os convites, os Estados Unidos anunciaram no domingo que não convidariam representantes destes países, alegando que não cumprem os padrões democráticos.

Segundo Havana, esta medida é "discriminatória e inaceitável", além de "antidemocrática e arbitrária", e mostra que os Estados Unidos "conceberam e utilizam um mecanismo de diálogo de alto nível como instrumento do seu sistema hegemónico no hemisfério".

Para o governo cubano, "não se pode falar das Américas sem abranger todos os países que compõem o hemisfério".

Havana denunciou ainda a "pressão imoral, chantagem, ameaças e manobras sujas de engano" que alguns países, que estavam contra as exclusões, sofreram por parte dos EUA, para manterem a sua presença na cimeira.

"Estas são práticas habituais do imperialismo que reflectem o seu tradicional desprezo pelos nossos países", destaca o governo de Cuba na nota de imprensa.

"Cuba tem um aval amplamente reconhecido de apoiar e contribuir sem reservas com qualquer proposta legítima de soluções reais e concretas para os problemas mais prementes" na região, acrescentou.

O governo cubano agradeceu as demonstrações de apoio que Cuba, Venezuela e Nicarágua receberam nos últimos dias de países da região e considerou que os EUA "subestimaram o apoio a Cuba na região".

A controvérsia em torno dos excluídos, argumenta o comunicado, mostrou a Washington que "sua política de hostilidade contra Cuba unilateral e universalmente rejeitada" não é uma posição consensual no continente americano.

Em especial, Havana agradeceu aos presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, Bolívia, Luis Arce, e Honduras, Xiomara Castro, bem como aos membros da Comunidade das Caraíbas (Caricom).

Andrés Manuel Lopez Obrador anunciou que não participará na Cimeira das Américas, devido à exclusão de Cuba, Venezuela e Nicarágua pelos EUA.

"Não vou à cimeira porque nem todos os países das Américas foram convidados. Acredito na necessidade de mudar a política que foi imposta durante séculos: a exclusão", afirmou hoje à imprensa o presidente do México, país que é o principal parceiro dos Estados Unidos na América Latina.

Cuba considerou ainda que a sua exclusão se deve à "arrogância,medo de que verdades incómodas sejam ouvidas, ao esforço para evitar abordar as questões mais urgentes" e "as próprias contradições" do sistema político norte-americano.

"Também temos plena confiança de que os líderes da região que decidirem ir saberão justificar com dignidade que os Estados Unidos não podem tratar nossos povos como fizeram no século 20", acrescentou o governo cubano.

Na cimeira, o Presidente dos EUA Joe Biden pretende alcançar um acordo de cooperação regional sobre uma questão politicamente controversa que lhe valeu duras críticas por parte da oposição republicana: a imigração.

O número de pessoas que procuram entrar nos EUA em fuga da pobreza e violência na América Central e no Haiti está a aumentar e milhares de migrantes concentram-se na fronteira norte do México, na esperança de atravessarem para território norte-americano.

A cimeira abordará ainda temas como as alterações climáticas, o covid-19 e a "luta pela liberdade e democracia", afirmou a Casa Branca.

O evento é também um momento importante para Washington mostrar a sua posição perante a China, que está a avançar numa área há muito considerada pelos americanos como sendo sua.

Para além do México, até agora, disseram que não se farão representar em Los Angeles a Bolívia e países da Caricom como São Vicente e Granadinas.

Outros Estados, como Argentina, Chile e Honduras, reiteraram as críticas aos Estados Unidos, mas já tinham confirmado a sua participação e não recuaram. ANG/Angop

 

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