Zelensky/ Destino do Donbass decidido
na “batalha de Severodonetsk”
Bissau, 09 Jun
22 (ANG) - Ao 106º dia da invasão russa à Ucrânia, os combates continuam
concentrados sobretudo, em Severodonetsk, cidadade estratégica no leste do
país.
De acordo com o
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o destino da região do
Donbass “está a ser decidido” na “batalha de Severodonetsk”.
Nos últimos dias, Severodonetsk tem sido
palco de fortes combates entre russos e ucranianos. Segundo o governador da
região de Lugansk, os soldados russos estão a ganhar terreno e já controlam a
maior parte da cidade.
Este ponto estratégico é agora o
principal foco da Rússia. O autarca da cidade, Oleksandr Stryuk, diz
que a evacuação é "impossível", num local onde permanecem ainda 10
mil civis e descreveu a situação como "difícil".
Apesar da forte ofensiva russa na região,
o governador de Lugansk disse, esta quinta-feira à Sky News, que a cidade
vai ser "libertada em poucos dias". Sergei Gaidai diz que as
forças ucranianas poderão “limpar a zona”, quando receberem artilharia de longo
alcance, fornecida pelo Ocidente.
Para além de Severodonetsk, a Rússia está
também a dirigir as atenções para Lysychansk. No total, os russos já
controlam 90% desta região, de acordo o governador de Lugansk.
Entretanto, em Kharkiv, no norte da Ucrânia, e noutros pontos do
país, como por exemplo, Zaporíjia, foram registados novos bombardeamentos
russos.
Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros
russo reuniu-se com o seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, para discutir
o estabelecimento de corredores marítimos seguros para o transporte
dos cereais ucranianos, que se encontram actualmente retidos no porto de
Odessa.
Apesar deste encontro, as negociações em Ancara não foram
conclusivas. Sergei Lavrov mostrou a disponibilidade da Rússia para garantir o
transporte seguro de cereais, mas disse que, em contrapartida, a Ucrânia tem de
proceder à desminagem das zonas portuárias.
A Ucrânia já se recusou a
fazer a desminagem do Porto de Odessa, pois teme que o exército russo se
aproveite desta "retirada" para atacar a cidade, referiu Serguéi
Brachuk, porta-voz da administração regional.
Nos últimos dias, a Rússia e a Ucrânia têm trocado acusações sobre
a responsabilidade da colocação de minas nos portos ucranianos.
Há cerca de 25 milhões de toneladas de cereais da colheita do ano
passado ainda armazenados em silos na Ucrânia, mas estes não podem ser escoados
porque a entrada do porto de Odessa está minada, e bloqueada pela marinha
russa. A alternativa de escoar esses cereais por via ferroviária não é
praticável, não só porque seriam necessários milhares de comboios, mas também
porque a “bitola” ucraniana é diferente da europeia, obrigando ao carregamento
e descarregamento nas fronteiras com países da UE.
Muitos países do terceiro mundo, sobretudo em África, estão
totalmente dependentes dos cereais russos e ucranianos – países como o Senegal,
o Chade, o Sudão ou o Egipto importam trigo e milho sobretudo desses dois
países.
O preço dos cereais já subiu cerca de 20%, desde o início do
conflito na Ucrânia, e está a ameaçar provocar uma crise alimentar em muitas
regiões de África, como aliás as Nações Unidas têm vindo a alertar.
António Guterres, secretário-geral da ONU,
também já se pronunciou sobre o assunto, quarta-feira, e garantiu que vai tentar
chegar a um acordo que permita a “exportação segura dos cereais”.
O Presidente ucraniano já disse mesmo que podem morrer milhões de
pessoas à fome se o bloqueio russo no Mar Negro continuar.
A guerra na Ucrânia já provocou a morte de milhares de pessoas e, segundo o último balanço do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 7 milhões de pessoas já fugiram do país. ANG/RFI
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