Burquina-faso/ONU pede investigação "imparcial" sobre massacre de 28 pessoas
Bissau, 09 Jan 23 (ANG) - O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu no sábado às autoridades de transição no Burkina Faso que realizem uma investigação "rápida, imparcial e transparente" após o massacre de 28 pessoas na véspera do Ano Novo.
Volker Türk também quer que as autoridades "responsabilizem
todos os envolvidos, independentemente da sua posição".
Milícias ligadas ao Exército foram acusadas de matar 28 pessoas
em Nouna, capital da província de Kossi (noroeste), na noite de 30 para 31 de
Dezembro, num massacre que faz temer um ciclo de represálias entre comunidades
deste país, atingido pela violência 'jihadista' desde 2015.
"Enviei uma carta ao Ministro dos Negócios Estrangeiros (do
Burkina Faso) a sublinhar esta mensagem" porque "as vítimas e os seus
entes queridos não merecem menos", acrescentou o responsável da ONU num
comunicado à imprensa.
O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse
que as suas fontes locais atribuíram as mortes aos Voluntários para a Defesa da
Pátria (VDP), uma milícia formada para ajudar o Exército a combater os 'jihadistas'.
Segundo o comunicado, os VDP chegaram à cidade de Nouna e
mataram 28 pessoas "em aparente retaliação pelo ataque a uma base militar
na noite anterior" por supostos extremistas islâmicos do Grupo de Apoio ao
Islão e aos Muçulmanos (Jama'at Nasr al Islam wal Muslimin-JNIM, em árabe),
grupo ligado à Al-Qaida.
Após o massacre, o Colectivo contra a Impunidade e a
Estigmatização das Comunidades (CISC), uma organização de direitos humanos no
Burkina Faso, também denunciou "abusos" cometidas pelos VDP.
O Governo declarou no dia 03 de Janeiro que foi aberta uma investigação
"para elucidar as circunstâncias da tragédia e apurar todas as
responsabilidades" e apelou "à calma de toda a população"
enquanto aguarda que "toda a luz" seja lançada "sobre tão inaceitável
violência".
De acordo com o CISC, civis armados que afirmaram pertencer aos
VDP "realizaram saques organizados e abusos direccionados contra
populações civis num contexto de discriminação racial e estigmatização".
O Burkina Faso enfrenta desde 2015 ataques crescentes de grupos
extremistas ligados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico (EI). Estes grupos deixaram
milhares de mortos e pelo menos dois milhões de deslocados e estão, em parte,
na origem de dois golpes militares em 2022.
O poder resultante do último golpe de 30 de setembro, liderado
pelo capitão Ibrahim Traoré, lançou uma campanha no final de 2022 para recrutar
pessoas para ajudar o exército na luta contra os 'jihadistas'.
O Governo referiu que seriam necessárias 50.000 pessoas nestes
grupos de apoio ao Exército, mas 90.000 pessoas fizeram a sua inscrição para
entrar nestas milícias. ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário