Mali/Presidente do Togo em Bamako para mediar caso de soldados detidos
Bissau, 5 Jan 23 (ANG) - O presidente do Togo, Faure Gnassingbe,
que está a mediar no caso de 46 soldados ivoirenses suspeitos de serem
"mercenários", detidos no Mali desde Julho, chegou quarta-feira a
Bamako, segundo um funcionário diplomático e uma fonte do aeroporto.
"O Presidente
Faure acaba de chegar a Bamako para uma visita de algumas horas. Foi recebido
pelo Presidente Assimi Goïta", disse Abdoulaye Cissé, conselheiro
diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Mali.
"Os dois chefes de
Estado, após um primeiro tête-à-tête no aeroporto, tomaram a estrada para Koulouba",
onde está sediada a Presidência do Mali, "para duas sessões de trabalho,
incluindo uma à porta fechada entre os dois presidentes", prosseguiu.
Uma fonte do aeroporto
também indicou que "o Presidente togolês acaba de chegar a Bamako" e
"foi acolhido pelo presidente da transição".
A visita do chefe de
Estado togolês foi também confirmada por dois funcionários.
Não foram dadas mais
informações sobre a sua agenda e as razões da visita.
Os 46 soldados
ivoirenses suspeitos de serem "mercenários" e detidos no Mali desde
Julho foram condenados em 30 de Dezembro a 20 anos de prisão, antes do termo do
ultimato dos chefes de Estado da África Ocidental à junta maliana para que os
libertasse.
Os soldados foram
considerados culpados de "atacar e conspirar contra o Governo",
"minar a segurança externa do Estado", "posse, porte e
transporte de armas e munições de guerra (...), com o objectivo de perturbar a
ordem pública através de intimidação ou terror", no final de um julgamento
de dois dias em Bamako.
No seu discurso de Ano
Novo, o Presidente da Côte d’Ivoire, Alassane Ouattara, prometeu que os
soldados presos "regressarão em breve a solo ivoirense".
O porta-voz do Governo
da Côte d’Ivoire, Amadou Coulibaly, disse hoje, após a reunião do Conselho de
Ministros, que é preciso "confiar no chefe de Estado".
"A Côte d’Ivoire
escolheu um caminho, o da negociação, é o caminho diplomático, continuamos
resolutamente empenhados nesse caminho", acrescentou.
Sobre as condenações dos
soldados da Côte d’Ivoire, disse: "Nunca comentamos as decisões judiciais
tomadas na Côte d’Ivoire, não há razão para comentarmos as decisões judiciais
tomadas no estrangeiro".
Desde 10 de Julho que a
Côte d’Ivoire exige a libertação dos seus soldados, negando categoricamente que
fossem "mercenários", alegando que estavam numa missão para a ONU,
como parte das operações de apoio logístico à Missão das Nações Unidas no Mali
(Unmis).
Em 22 de Dezembro, uma
delegação oficial da Côte d’Ivoire visitou Bamako na presença do ministro dos
Negócios Estrangeiros togolês, num espírito "fraternal". Terminou com
a assinatura de um memorando, com o ministro da Defesa da Côte d’Ivoire, Téné
Birahima Ouattara, sublinhando que o assunto estava "a caminho da
resolução".
O acordo alcançado entre
o Mali e a Côte d’Ivoire deixa em aberto a possibilidade de um perdão
presidencial para o chefe da junta militar maliano, Assimi Goïta, que não
mencionou os soldados ivoirense no seu discurso de fim de ano.ANG/RFI
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