Altas figuras do
MPLA em julgamento
Bissau, 18 jan 19 (ANG) - O
Tribunal Supremo iniciou quinta-feira o
julgamento do chamado "caso da burla tailandesa”, que envolve o
ex-Secretário para a informação do MPLA, Partido no Poder, Norberto Garcia, e
mais de uma dezena de cidadãos nacionais e estrangeiros, acusados de tentar
burlar o Estado em cerca de 50 mil milhões de dólares.
Pelo menos 38 declarantes e dez réus, entre os quais
altas figuras do MPLA, Norberto Garcia ex - porta voz do Comité central desse
partido, e o General das Forças Armadas, José Manuel Arsénio, que compareceram
pela primeira vez a um julgamento no Tribunal Supremo por se tratarem de indivíduos
de fórum especial.
A justiça angolana, segundo João Luís de Freita
Coelho, representante do Ministério Público, reforçou a necessidade de os
arguidos continuarem sob medidas de coação, sob pena de fugirem de Angola e de
tentarem contactar-se, caso que poderia obstruir o processo em segredo de
justiça.
O Juíz conselheiro Domingos Mesquita deferiu o pedido
de Luis de Freitas Coelho representante do Ministério público.
O caso implicava 50 mil milhões de dólares, e levou à
exoneração do ex-chefe de Estado Maior das Forças Armadas Angolanas, FAA,
General Geraldo Sachipengo Nunda, este último ilibado das acusações por falta
de provas.
Segundo o despacho da pronúncia lida pelo Ministério
Público “um grupo de cidadãos estrangeiros, maioritariamente 4 tailandeses,
1 canadiano, e 1 eritreu, sob influencia e fortes contactos com a ré Celeste de
Brito, que estudou na Tailândia, tentaram burlar o Estado com um cheque forjado
num montante de 50 mil milhões de dólares” com um suposto projecto de
investimento em Angola. E isto exibindo um falso cheque emitido pelo Banco
Central das Filipinas…
O réu Ernesto Garcia aperceber-se que o visto dos
tailandeses estava prestes a caducar, intercedeu junto do SME ( Serviço de
Migração e Estrangeiros), por forma a estabelecer o pedido de renovação de
visto para a sua permanência em Angola.
No processo consta que existe um ofício com a
assinatura falsa do Vice - Presidente da República, Bornito Baltazar de Sousa,
tendo este negado a autoria do mesmo. Feitas as diligências o Banco Central das
Filipinas negou ter passado o tal cheque, e isto segundo declarou João Luís de
Freitas Coelho.
Estão também em julgamento estes arguidos por crimes
como associação criminosa, falsificação de documentos e títulos de créditos,
burla por defraudação e tráfico, segundo a leitura feita pelo Tribunal Supremo
Angolano.
Em reacção, Evaristo Manico, advogado de defesa de
Ernesto Norberto Garcia, alta figura do MPLA, partido no poder em Angola desde
a independência, negou todas as acusações de tráfico de influência e de
falsificação de documentos.
Para Evaristo, " importa sublinhar que em
boa verdade, enquanto gestor da UTIP no âmbito das suas competência não carecia
de intervenção da entidade subscritora para o tratamento de qualquer processo
de carácter privado de acordo com a Lei da UTIP " e acusa o
Ministério Público de " má fé e de acusações descontextualizadas ".
Tratar-se-ia de uma rede que estaria por detrás de uma
operação de financiamento internacional de 50 mil milhões de dólares, da
autoria de uma empresa tailandesa destinada a vários projectos em Angola.ANG/RFI
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