sábado, 12 de janeiro de 2019

Justiça/“Operação Red Line”


Autoridades judiciais combatem tráfico de passaportes diplomáticos e de serviços

Bissau,12 Jan 19 (ANG) - A polícia judiciária guineense confirmou à DW África a execução da operação "Red Line", lançada em Dezembro e que visa combater o tráfico de passaportes da Guiné-Bissau, principalmente a venda de passaporte diplomático. 

Segundo a DW-África, são passaportes vendidos à estrangeiros, muitas vezes envolvidos com o crime organizado.

A PJ guineense, segundo a Voz de Alemanha, tem em posse uma longa lista de cidadãos estrangeiros: de Alemanha, Nigéria, Rússia, Espanha, França, Togo, China, Emirados Árabes Unidos, entre outros países, que terão comprado, de forma ilegal, os passaportes guineenses.

Uma fonte da PJ revelou que nos últimos anos, a prática decorreu com frequência, citando o caso de um cidadão francês que recebeu o passaporte diplomático guineense há um ano, e que neste momento está a ser investigado em França pela secreta local.

As denúncias foram feitas há anos, mas nunca nenhum implicado foi levado à justiça, apesar de vários casos que indiciam essa prática criminosa, que alegadamente envolve altas figuras do Estado guineense.

A rádio alemã cita Domingos Correia, director-geral adjunto da polícia judiciária, como tendo afirmado  que as investigações e a operação continuarão.

"Confirma-se que foi lançada a operação 'Red Line' para investigar diversas denúncias a que a PJ teve acesso sobre o tráfico de passaportes da Guiné-Bissau, em especial o passaporte diplomático. Estamos na fase operacional e, devido aos imperativos de segredos que cobrem a investigação, não estamos em condições de dar mais detalhes. Mas os trabalhos estão em curso", explicou.

No início da operação "Red Line", a PJ deteve, por algumas horas, responsáveis da INACEP, imprensa nacional, responsável pelo banco de dados de passaportes e bilhetes de identidade guineense, cujo servidor central se encontra na Eslováquia.

Confrontado com a situação pela DW, o ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, João Butiam Có, nega que haja tráfico de passaportes e afirma que tudo está sob controlo.

"Posso garantir que nunca tivemos todo o controlo de passaportes como agora na Guiné-Bissau. Podem fazer a operação e espero bem que divulguem os resultados para que os guineenses fiquem a saber do bom trabalho que estamos a fazer. Não há tráfico de passaportes - nem diplomático ou de serviço -, por isso, estamos completamente à vontade", disse.

A PJ manifesta a sua determinação em continuar o combate à emissão ilegal dos documentos da Guiné-Bissau aos cidadãos estrangeiros para facilitar os seus negócios.

Nas redes sociais, cidadãos anónimos postaram cópias de inúmeros passaportes diplomáticos emitidos aos asiáticos e europeus, que entretanto, nunca conheceram a Guiné-Bissau. ANG/DW África

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