Presidente acusa governo de usurpação de
poderes
Bissau,
31 jan 19 (ANG) - O presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, considerou
quarta-feira que a exoneração do ex-governador do Banco Central (BCSTP) Hélio
Almeida constitui uma “transgressão” que deve cessar imediatamente”, acusando o
Governo, liderado por Jorge Bom Jesus, de “usurpação de poderes".
“Não podendo, de modo algum, consentir tal usurpação
aos poderes próprios que me são constitucionalmente outorgados e não procedendo
a via escolhida por Vossa Excelência e o Governo, venho, com a vénia merecida,
pedir à Vossa Excelência que faça imediatamente cessar essa transgressão",
disse Evaristo Carvalho, numa carta enviada ao primeiro-ministro, citada pela
Lusa.
O chefe de Estado explica na missiva que a resolução
do Conselho dos Ministros "não é uma alternativa válida no ordenamento
jurídico nacional, por ser contrária à Constituição da República e à lei e
constitui uma transgressão demasiado ostensiva às normas em vigor, que ofende
seriamente o senso comum".
Na carta que o Presidente são-tomense mandou tornar
pública através de mensagem lida pela sua assessora de comunicação, Hélia
Fernandes, Evaristo Carvalho lamenta que o Governo tenha "ignorado as
condições de forma e de substância para a exoneração do governador do Banco
Central e a nomeação de um novo governador".
"Na verdade, só um decreto, devidamente
promulgado pelo Presidente da República, observados os pressupostos legais
impostos pelo legislador, pode ter validade jurídica e força executória"
para exonerar um governador do Banco Central.
O Presidente da República diz que "foi com bastante
surpresa" que tomou conhecimento, através dos meios de comunicação social,
"da tentativa do Governo de exonerar o governador do Banco Central em
exercício e nomear um novo governador", o que aconteceu, sublinhou,
"apesar das (suas) sucessivas observações no que toca ao escrupuloso das
normas em vigor".
Evaristo Carvalho diz "não ter dúvidas" de
que o Governo "reconhecerá e reparará o erro", como forma de
"triunfar o bom senso", uma vez que essa medida "não deixará de
ter consequências para o Banco Central e a economia nacional, num momento em
que se encontra no país uma importante delegação do Fundo Monetário
Internacional", com quem foram firmados "compromissos, quer
macroeconómicos, quer institucionais".
O Governo de São Tomé e Príncipe, chefiado por Jorge
Bom Jesus (que reúne o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe Partido
Social Democrata e a coligação PCD-UDD-MDFM), destituiu, na semana passada, o
anterior governador, Hélio de Almeida, bem como todo o conselho de
administração do BCSTP, que considerou como suspeito "na atribuição, com
falta de transparência, de fundos públicos a altos dirigentes da instituição,
no âmbito do processo de destruição das notas velhas".
O governador cessante do Banco Central de São Tomé e
Príncipe, Hélio Almeida, refutou as suspeições levantadas pelo Governo contra a
antiga administração, considerando-as "despidas de qualquer fundamento e
não provado".
"O governo do Banco Central refuta veemente e
categoricamente todas as acusações contidas no comunicado do Governo" e
que considera "falaciosas e infundadas, sendo exclusivamente destinadas a
denegrir, vilipendiar e atentar contra a integridade, a probidade e a
idoneidade profissionais dos membros do conselho de administração",
afirmava a administração afastada, que se colocou "à disposição das
instâncias competentes para quaisquer esclarecimentos".
A administração cessante sublinhava que o processo de
reforma monetária foi conduzido com "o maior rigor, isenção,
profissionalismo e transparência".ANG/Angop
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