sexta-feira, 24 de julho de 2020

Sociedade/ Milhares de guineenses manifestaram quinta-feira em Bruxelas contra situação política na Guiné-Bissau

Bissau,24 Jul 20(ANG) - Milhares de cidadãos guineenses que vivem na Europa manifestaram-se quinta-feira,  diante da sede da União Europeia (UE), em Bruxelas, Bélgica, para denunciar aquilo que consideram de golpe de Estado e violação da Constituição República por parte das atuais autoridades da Guiné-Bissau.

Os manifestantes saíram de diferentes países da Europa (Portugal, Espanha, França, Alemanha, Suíça, Luxemburgo, Inglaterra...) e deslocaram-se à Bruxelas, onde decorreu a manifestação.

Estão inconformados com o facto de se ter reconhecido Umaro Sissoco Embaló, que assumiu o poder em Fevereiro passado, e que foi, posteriormente, reconhecido pela CEDEAO, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.

Os manifestantes apelavam ao respeito da "legalidade", utilizando slogans como "golpe de Estado" ou "Governo narco-golpista" e declaravam-se indignados com a atitude dos europeus nesta contenda denunciando o papel que consideram dúbio de algumas potências regionais, caso do Senegal, Níger, Nigéria e Gâmbia.

Flávio Baticã Ferreira, um dos organizadores da manifestação disse que entregaram desde Março cartas à Comissão Europeia para o conselho Europeu e o Parlamento Europeu.

“Responderam nos  a dizer que nunca a União Europeia reconheceria o Umaro Sissoco Embaló enquanto presidente da república enquanto o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau não resolvesse o contencioso eleitoral”, referiu. Quem financia essa força da CEDEAO [estacionada desde 2012] é a própria União Europeia. E a UE não pode continuar a financiar uma força que não consegue resolver o problema do país”, referiu.

Ferreira acrescentou que a Guiné-Bissau tornou-se num campo de ensaio das potências regionais, e  que hoje, praticamente, a Guiné-Bissau não é um Estado soberano, “é dirigido, de longe, através do Senegal, do Níger, da Nigéria e da própria Gâmbia".

Interrogado sobre se, após a CEDEAO, mediadora para o país, ter reconhecido as novas autoridades de Bissau, não seria normal que a União Europeia tomasse idêntica posição Flávio Baticã Ferreira descartou tal cenário afirmando que "não é normal por saber que há um contencioso eleitoral na Guiné-Bissau" e "devem ajudar a reforçar as instituições democráticas dos Estados membros, não a substituí-las".

Flávio Baticã Ferreira, organizador principal do protesto, afirmava-se muito satisfeito com a adesão ao movimento,  e disse que entre quarta e quinta-feira 3 dirigentes do movimento devem voltar a Bruxelas com a perspectiva de se avistarem com o chefe da diplomacia Josep Borrell.

 O protesto de quinta-feira passou pela entrega de um documento às autoridades dos 27 acerca da situação política guineense.

"Fiquei muito satisfeito. A polícia nos disse que temos mais de 1 000 pessoas, o guineense da diáspora tem cada vez mais consciência de que tem que agir em defesa do seu próprio país", destacou.

 "Esperamos que na próxima quarta ou quinta-feira que [Borrell] nos possa receber para podermos explicar o que se passa na Guiné-Bissau e a posição que a diáspora pretende que a União Europeia, enquanto parceiro principal da União Africana, deve exercer no conflito guineense.

 A situação prestada se relaciona, entre outros, ao facto de o actual Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló ter assumido o poder sem que os protestos de sua vitoria eleitoral pelo Domingos Simões Pereira tivesse uma decisão final do Supremo Tribunal de Justiça. ANG/Lusa

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