Reino Unido/Sunak mobiliza congresso dos Conservadores para evitar derrota eleitoral
Bissau, 29 Set 23 (ANG) - O Partido Conservador britânico reúne-se a partir de domingo em congresso em Manchester, em contagem decrescente para as eleições legislativas previstas para o próximo ano, que as sondagens indicam que irá perder.
A reunião magna do partido, que vai
decorrer até quarta-feira e é a primeira sob o comando do primeiro-ministro,
Rishi Sunak, eleito em contrarrelógio em Outubro passado para substituir Liz
Truss, será uma oportunidade para o líder conservador de 43 anos mobilizar as
bases.
Apesar de o partido
estar no poder há 13 anos, nos últimos dias Sunak tem-se esforçado por renovar
a imagem dos “tories” (conservadores) com políticas destinadas a convencer os
britânicos de que vai ajudá-los durante a crise económica.
Na semana passada,
anunciou uma diluição das políticas climáticas, nomeadamente o adiamento por
cinco anos da proibição de novos carros a gasóleo e a gasolina, apesar de ter
mantido a meta da neutralidade carbónica até 2050.
O púlpito de onde falou
ostentava já o lema do congresso do partido: "Decisões a longo prazo para
um futuro melhor".
Nos jornais, circulam
rumores de outras reformas, como uma possível redução do imposto sucessório, a
reforma dos exames do ensino secundário e uma nova legislação de combate ao
tabagismo.
A mais controversa,
criticada dentro do próprio partido, é a possível redução do projeto da linha
ferroviária de alta velocidade entre Londres e Manchester devido ao descontrolo
dos custos.
"É evidente que
Rishi Sunak, enquanto líder conservador, está a tentar criar a impressão de que
é um novo líder, e que os conservadores são o partido da mudança",
analisou o politólogo Tony Travers, em declarações à Agência Lusa.
Esta estratégia
"acarreta a curiosa necessidade de dizer efetivamente que a maior parte
dos últimos 13 anos não foram um grande sucesso", ironizou o professor da
Universidade London School of Economics.
Mas, acrescentou,
"os conservadores são muito bons a fazer isso, a mudar de líder quando é
preciso e a dar a impressão de que o partido foi completamente
transformado".
Para Tim Bale, autor do
livro "O Partido Conservador depois do “Brexit”: Turbulência e
transformação", Rishi Sunak está a seguir uma linha mais populista,
pró-automobilistas e anti-requerentes de asilo para se demarcar do Partido
Trabalhista (principal força da oposição britânica) e apelar ao voto na
direita.
"Sunak será
aclamado como uma espécie de salvador e de profeta não porque o seja, mas
porque é a última oportunidade do partido", afirmou o autor e professor da
Queen Mary University of London, também em declarações à Lusa.
O retrocesso sobre a
ação climática e a aprovação do controverso discurso da ministra do Interior,
Suella Braverman, nos Estados Unidos sobre a imigração "persuadiram alguns
conservadores de que estão de novo no bom caminho, ideológica e
eleitoralmente", frisou Bale.
Duas sondagens
publicadas no início desta semana nas quais o partido recuperou algum terreno
em relação ao “Labour” (trabalhistas) sugeriram que a estratégia pode estar a
resultar.
Num inquérito da
Deltapoll, os conservadores reduziram a diferença para os trabalhistas de 24
para 16 pontos percentuais no espaço de duas semanas: o “Labour” desceu três
pontos para 44%, enquanto os “tories” subiram cinco pontos para 28%.
Outra sondagem da
Redfield & Wilton Strategies colocou os conservadores (28%) 15 pontos
percentuais atrás dos trabalhistas (43%), uma melhoria de três pontos em
relação à semana anterior.
Travers sugere cautela
na leitura das variações de sondagens, as quais têm consistentemente dado ao
“Labour” intenções de votos suficientes para conquistar uma maioria absoluta na
Câmara dos Comuns (câmara baixa do parlamento britânico).
"Os trabalhistas
estão a beneficiar do facto de os conservadores estarem no poder há muito tempo
e parecerem caóticos", lembrou.
Por outro lado,
acrescentou o politólogo, "embora Sunak seja muito impopular junto do
eleitorado, (o líder trabalhista) Keir Starmer também não é assim tão
popular", o que pode indicar que muitos eleitores ainda estão indecisos.
"Se (a diferença)
começar a cair para os 10% em várias sondagens, então poderemos dizer com
certeza que as políticas de Sunak estão a funcionar", vincou Travers.
O discurso de Rishi
Sunak encerra o congresso na quarta-feira. ANG/Angop
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