ONU/ Presidente brasileiro denuncia desigualdade das relações
internacionais
Bissau, 20 Set 23 (ANG)
– Lula da Silva ,
primeiro presidente lusófono a discursar , terça-feira, em Nova Iorque, na
Assembleia Geral da ONU, denunciou a desigualdade que continuaria a reger as
relações internacionais, num contexto marcado pelo agravamento das alterações
climáticas, lançando novo apelo à reforma do Conselho de segurança das Nações
Unidas.
O chefe de Estado brasileiro lembrou que há 20 anos discursara naquela
mesma sala e recordou as condições do seu regresso à magistratura suprema.
Lula criticou a atuação do Fundo monetário Internacional e da
Organização mundial do comércio falando em desigualdade das relações
internacionais, nomeadamente uma subalternização africana.
O presidente brasileiro apelou à luta contra o racismo e vincou a sua
determinação em garantir igualdade de oportunidades para todas as raças no seu
país.
Uma desigualdade que se verificaria, também, no agudizar da crise
climática onde os países mais desenvolvidos tiveram um papel predominante nas
emissões de gases com efeito de estufa.
Lula apelou, de novo, ao diálogo no âmbito de crises em curso, como a
guerra na Ucrânia e denunciou a inoperância do Conselho de segurança das Nações
Unidas, apelando a que ele seja mais representativo.
“A comunidade internacional está mergulhada em um turbilhão de
crises múltiplas e simultâneas: a pandemia de Covid-19, crise climática e a
insegurança alimentar e energética, ampliada por crescentes tensões
geopolíticas. Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e
enfrentar as desigualdades históricas.
Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissão
de gases danosos ao clima. A emergência climática torna urgente uma correção de
rumos e a implantação do que já foi acordado.
O Conselho de segurança da ONU vem perdendo, progressivamente, a sua
credibilidade. Essa fragilidade decorre, em particular, da ação de seus membros
permanentes que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial
ou de mudanças de regime. Esta paralisia é a prova mais eloquente da
necessidade e urgência de reformá-lo conferindo-lhe maior representatividade e
eficácia”, disse Lula da Silva.
Também o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, é orador no dia
de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, tal como o seu homólogo
moçambicano, Filipe Nyusi.
Os debates tinham sido abertos por António Guterres. O antigo
primeiro-ministro e secretário-geral da ONU voltou, como é hábito seu, a
proferir uma alocução em prol do multilateralismo, falando em francês, inglês e
espanhol.
O presidente da Assembleia Geral da ONU, o embaixador de Trindade e Tobago, Dennis Francis, antecedeu a alocução de Lula da Silva. ANG/Angop
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